Sozinho, parado ao lado da entrada do hotel Ibis Porto Atlântico enquanto espero um Uber, vejo um homem indo embalado de skate em direção à porta automática. Um segundo antes dos vidros se abrirem, ele desce tranquilo das quatro rodas. Sem olhar, ele pega o skate com uma das mãos e entra andando no hotel.
Seria uma cena cotidiana curiosa, se não se tratasse de um dos maiores skatistas de todos os tempos. Pelo jeito, Bob Bunrquist usa o skate como meio de locomoção sempre que pode — ele não precisa de plateia, já que eu era o único ali e sequer ele me viu.
Bob, assim como eu, estava no Rio de Janeiro para participar da Ethereum Rio. Como vim a entender, Bob se tornou não só entusiasta, como também um porta-voz da Web3 no Brasil. Mais especificamente das DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas), espécies de coletivos online nos quais a comunidade decide tudo por consenso através de votos.
Maior celebridade do evento, Bob Burnquist teve um painel em conjunto com executivos do mercado cripto e falou em detalhes sobre sua participação na Nouns e na Verbs, DAOs como estruturas parecidas, mas enfoques diferentes.
Fora isso, o skatista ficou em um estande conversando com conhecidos, amigos, fãs e curiosos. No dia seguinte que o vi entrando no Hotel Ibis, fui até ele para entender mais sua paixão pelas DAOs e NFTs.
“Entrei na pandemia. Já conhecia cripto, vi muitos ICOs em 2016 e 2017. Mas era apenas comprar e vender. Na pandemia lancei uma linha de NFTs, mas baratos, custando de US$ 3 a US$ 5. Para as pessoas se conectarem comigo. Era um jeito de interagir com fã, melhor que ele esperar horas na fila da mega rampa para pegar um autógrafo”, afirma Bob.
Mas o skatista logo percebeu que sua coleção de artes digitais poderia gerar conexões no mundo real. “Comecei a propor que as primeiras cinco pessoas que aparecessem no evento que eu estaria e tivessem o NFT, ganhariam uma pulseira VIP. Bem orgânico e dinâmico e isso trouxe valor para o conceito da minha coleção de NFT”, explica.
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Porém, ainda faltava uma peça para ele se aprofundar de vez nesse ecossistema. “Os Bored Apes eram os NFTs mais famosos e aquela coisa de ostentação, eu não me conectava com aquilo”, lembra.
Nessa época, por conta de ser o presidente do Instituo Skate Cuida, Bob estava sempre em busca de comunidades que estivessem dispostas a ajudar em seu trabalho com causas sociais. Foi então que ouviu falar da Nouns.
“Nouns é um NFT caro. Mas esse dinheiro ia para dentro de um tesouro e você, sendo dono daqueles NFTs, pode fazer propostas na comunidade. Então eu entendi o sentido da Web3 com essa integração de DAO. Me deu um clique, vi que tinha tudo a ver”, afirma.
Seu objetivo, além de captar recursos para a Instituição, é empoderar os criadores de conteúdo por meio das ferramentas web3. “Como artista, você solta sua arte para outra plataforma receber dinheiro. Um vídeo no Youtube ou Instagram, quem recebe mais são as plataformas. A tecnologia blockchain te dá um poder mais direto, sem mediador”, diz.
Ao encerrar a entrevista, pedi para tirar uma fotografia para ilustrar esta reportagem. Bob então fez um pedido curioso: que eu tirasse a foto com o celular dele, para que ele pudesse editá-la em um aplicativo e criar uma ilustração digital. Tirei a foto, enviei, ele editou e me mandou de volta. Será que vira NFT?
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