Bitcoin: nova forma de investimento para pobres e pessoas comuns?
As criptomoedas estão passando por um período de transformação, acelerada devido a pandemia de coronavírus que está passando pelo planeta. Criptomoedas como o Bitcoin são aceitas por cada vez mais instituições e serviços como meio de pagamento, desde lojas de e-commerce até cassinos online. E tem quem já esteja apontando uma nova vocação para o Bitcoin, além de cassinos (até porque quem quiser se divertir pode jogar bingo online grátis sem se preocupar): uma forma de investimento financeiro acessível a todo o mundo.
A sugestão foi lançada pelo analista Max Keiser. Conhecido âncora e cineasta americano, ele tem larga experiência no setor financeiro e vem criando documentários sobre o tema faz vários anos. Sua última novidade, que lançou de forma simples através do Twitter, foi a sugestão de que o Bitcoin deveria ser encarado como destino de investimento por pessoas sem capital e sem tradição pessoal nessa área.
O perigo da inflação
Keiser lançou um alerta para os Estados Unidos que poderá ser válido também para o Brasil. Mais ainda para nosso país, habituado a viver em regime de inflação em que o dinheiro acumulado com o suor do trabalho vai perdendo seu valor. Governos de países cujas economias forem duramente afetadas pelo Covid-19 terão de investir em ajudas a suas empresas e a seus povos. Isso será uma solução de curto prazo, mas no longo prazo poderá trazer inflação.
É uma situação difícil para todos, certamente. Se se verificarem altos níveis de inflação, as poupanças dos cidadãos, por menores que sejam, acabarão perdendo seu valor. Ainda que estejam rendendo juro, há o risco de que esse juro seja menor que a taxa de inflação.
A vantagem do Bitcoin
Keiser aponta duas vantagens do Bitcoin para quem não é rico, no momento atual. A primeira é o fato de a moeda eletrônica não estar dependente de um banco central e por isso ser imune à inflação. Sua fórmula de funcionamento foi fechada no momento de sua concepção, fazendo lembrar o sistema de padrão-ouro do século XIX e início do século XX.
A segunda é o fato de ser uma forma de investimento acessível a todo o mundo. Para investir em imobiliário, por exemplo, é preciso ter capital suficiente para comprar um imóvel sem pegar um empréstimo. Para investir em petróleo ou ações, em geral é também necessário um valor mínimo. Mas no caso do Bitcoin, literalmente só é necessário um computador com acesso à internet e conhecimentos básicos de utilização de informática. Não é preciso uma bolsa cheia de dinheiro.
O Bitcoin não está demasiado caro? Resposta certa, pergunta errada
Quando se fala que um Bitcoin está custando cerca de R$ 56.800, parece que não tem sentido falar que qualquer pessoa pode investir. Mas essa é a pergunta errada. A pergunta que deve ser feita é se o Bitcoin permite a qualquer pessoa investir, mesmo que seja um valor em reais bem pequeno.
O real, o dólar e outras moedas têm subdivisões de 100 unidades, chamadas de centavos (ou cêntimos, no caso do dólar e do euro). Embora seja possível calcular porcentagens e fazer negócios com subdivisões do cêntimo, não tem uma moeda que represente essa unidade abstrata. No caso do Bitcoin, não é assim. A menor unidade possível é 0,00000001 BTC. Ao câmbio atual, R$1 permite comprar cerca de 0,00002 Bitcoins.
E é aqui que entra o argumento de Max Keiser. R$100 não são uma fortuna, mas com a inflação valerão ainda menos dentro de algum tempo. Se forem investidos em Bitcoin poderão, pelo contrário, ficar valorizando. É essa a intenção de um investimento: colocar dinheiro a salvo de qualquer ataque ou depreciação.
Max Keiser lembra que quem investiu em Bitcoin no início da década de 2010 viu seu dinheiro se valorizar imenso. É provável que não aconteça uma nova valorização milionária. Mas não será uma boa proteger algum dinheiro contra a inflação?