A Polícia Civil do Paraná decidiu arquivar o inquérito sobre as fraudes alegadas pelo grupo Bitcoin Banco (GBB) e concluiu que tudo não passou de uma estratégia para não pagar milhares de clientes por todo o país.
De acordo com o relatório assinado pelo delegado José Barreto de Macedo Junior, o qual o Portal do Bitcoin teve acesso, Cláudio Oliveira fez graves acusações a pessoas sem apresentar qualquer prova e não conseguiu sustentar como um suposto rombo de R$ 60 milhões poderia afetar a saúde financeira de um grupo empresarial que tinha reserva para três meses.
Oliveira se gabou de as suas empresas terem lucrado em três meses R$ 181 milhões nas exchanges NegocieCoins e Tem BTC. Ele ainda mencionou que as empresas detinham em carteira cerca de 20 mil bitcoins, o que totalizava na data do depoimento R$ 800 milhões.
Ele afirmou à Polícia Civil ser dono de todas as empresas do GBB e mencionou também possuir patrimônio de 5 mil bitcoins, os quais foram declarados à Receita Federal. No mesmo depoimento, Cláudio Oliveira falou em ter como garantia R$ 50 milhões para “acalmar o mercado”.
Bitcoin Banco dando calote
Com essas cifras não teria lógica um grupo empresarial sustentar crise financeira capaz de abalar o pagamento de clientes por suposta perda de cerca de R$ 60 milhões. Essa foi a linha de raciocínio da Polícia Civil, a qual expôs que o montante “não teria o condão de infirmar a saúde financeira do grupo, impedindo o pagamento dos clientes por tão largo período”.
O delegado concluiu que toda a movimentação acerca dessa investigação na realidade teria servido apenas para justificar o calote dado nos clientes, uma vez que sequer a auditoria externa feita pela EY conseguiu apontar os responsáveis por suposto golpe sofrido pelo GBB:
“Sem comprovar qualquer alegação, as empresas deram início a uma ampla persecução penal. Indicaram dezenas de nomes (todos fora do Estado) e invocaram a corrente investigação como desculpa justificada para o não pagamento de milhares de clientes por todo o país”.
O caso envolveu até mesmo o Ministério Público, o qual havia se manifestado para que a Polícia Civil interrogasse cada um dos 30 suspeitos. o delegado, no entanto, apontou que todos os suspeitos apontados pelo GBB eram de fora do estado o que tornaria a investigação sem sentido mais longa prejudicando, desta forma, os credores.
Bitcoin Banco e sua má fama
O delegado mencionou que “o Grupo Bitcoin Banco não goza de reputação ilibada. É parte ré em centenas de ações cíveis e possui uma investigação criminal em desfavor de seus Representantes Legais, tramitando nesta mesma unidade”.
Pelo inquérito consta que a história de que o bloqueio das contas das empresas do GBB junto ao Banco Brasil Plural teria servido com empecilho para pagar clientes não se sustenta e apenas mostra a má-fé do grupo, pois de acordo com o delegado:
“Mesmo que por epítrope se admitisse que as retiradas em dinheiro não fossem possíveis através das casas bancárias tradicionais, existiam outras soluções eficazes: bastaria por exemplo, a transferência do montante das moedas digitais para outras carteiras seguras, fora dos domínios do grupo, o que tampouco foi permitido pelas empresas.”
Outro ponto que não convenceu a polícia foi o fato de o GBB bloquear todas as contas, ao invés de se limitar apenas àquelas suspeitas. Essa foi uma medida tomada sem qualquer justificativa na visão da investigação.
História sem sentido
A investigação apontou que toda a história em torno da fraude alegada pelo GBB não se sustenta. O número de transações suspeitas é um mistério até hoje. As investigações internas apresentaram versões para lá de conflitantes:
“O terceirizado Juliano Santos, o qual estava a frente das investigações internas da fraude, não soube precisar os valores existentes nas plataformas. Porém, mais adiante, falando acerca do golpe afirmou que inicialmente havia identificado 20 mil transações suspeitas, sendo este número reduzido para 1.200 casos, ao que o relatório seria finalizado em poucos dias”.
Pelo relatório da Polícia, Santos havia sustentado que “a chave para a identificação do esquema era a visualização do saldo negativo” situação que segundo ele não era permitida pelo sistema. O golpe teria envolvidos cerca de 36 pessoas.
Os investigados que foram interrogados pela Polícia conseguiram ainda comprovar que não agiram de modo fraudulento. Um deles, inclusive, tinha investimento a receber pela empresa. O investidor comprovou por meio de documentos que havia aplicado R$ 150 mil, conseguiu sacar R$ 134.799,72 e briga na Justiça para receber o restante.
Ele ainda tem crédito habilitado na Recuperação Judicial de R$ 172.487,76. Apesar disso, o dono do Bitcoin Banco sustentou que os credores de maior monta foram todos pagos e que agora deve apenas os pequenos.