Banco Central convida mercado para começar a criar casos de uso para o Real Digital

Campos Neto mostrou interesse em ver o real digital sendo implementado no universo das finanças descentralizadas (DeFi)
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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, convidou os participantes do mercado a pensar soluções para a implementação do real digital no Brasil. 

Através de uma edição especial do LIFT Challenge — Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas do Banco Central, as empresas poderão testar possíveis casos de uso da futura moeda digital do banco central (CBDC) no país.

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O anúncio aconteceu na manhã desta terça-feira (30) durante o último webinar da série “O Real Digital”, promovido pelo BC desde julho. Durante os oito encontros, especialistas do setor financeiro e da área de tecnologia foram convidados a pensar em conjunto um caminho que a autoridade monetária brasileira deve seguir para implementar a CBDC.

No último painel do webinar, Campos Neto apareceu para fazer um balanço geral dos assuntos mais importantes que foram discutidos ao longo do evento, assegurando que as discussões deram mais fôlego para o BC seguir em frente com o projeto do real digital. 

Para avançar com o real digital, o presidente do BC defende o início de uma nova fase de testes junto com os participantes do mercado através do LIFT Challenge.

“Nosso público-alvo são participantes do mercado, reunindo um público qualificado de bancos, instituições de pagamentos e fintechs e empresas de tecnologia com o interesse de desenvolver um produto minimamente viável com base no real digital”.

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Ele continuou explicando que o objetivo do programa será avaliar casos de uso do real digital e sua viabilidade tecnológica. Ele apontou quatro focos principais que as propostas dos participantes devem ser focadas: 

O primeiro são os casos de uso de pagamentos inteligentes em ambiente online que possam oferecer funcionalidades como DvP (delivery versus payment), voltados à liquidação de transações com ativos digitais, tanto nativo no ambiente digital quanto tokenizados.

O segundo foco são os pagamentos contra pagamentos, voltados ao câmbio entre moedas. Em seguida os pagamentos baseado na Internet das coisas, voltado à liquidação diretamente entre máquinas. 

Por fim, Campos Neto mostrou interesse em ver o real digital sendo implementado no universo das finanças descentralizadas (DeFi). “Estamos falando de protocolos voltados à liquidação baseada em uma CBDC tendo em vista requisitos de compliance e supervisão estabelecidos em norma.”

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O REAL DIGITAL: 7º Webinário – Tecnologias para emissão e compatibilidade com arranjos existentes

“Além do foco nesses casos de uso, a infraestrutura proposta será avaliada também quanto aos seus potenciais de interoperabilidade com outros sistemas de pagamentos, escalabilidade da solução tecnológica, acessibilidade, usabilidade e privacidade das informações empregadas”, completou.

Campos Neto também afirmou que serão consideradas soluções que possibilitem o uso da CBDC entre pagador quanto recebedor de forma offline.

O futuro do real digital na visão de Campos Neto

Além do anúncio do LIFT Challenge, Campos Neto se manteve retraído em cravar qual direção o Banco Central vai tomar a partir de agora na emissão do Real Digital, destacando que ainda tem muito estudo a ser feito. 

“O Banco Central permanece agnóstico quanto a sua estratégia de implementação: se através da evolução de plataformas centralizadas e já disponibilizadas como o Pix, ou se através de uma plataforma que necessita ainda ser desenvolvida para abrir novos caminhos para a inovação”, ponderou.

Mesmo assim, ele continuou confiante com relação ao futuro do CBDC durante toda sua fala: “Em um ambiente de transformação digital, o real digital se apresenta como mais um componente de mudança, que dá ao Banco Central ferramentas para garantir uma transição suave e oferecer um ambiente seguro para que os novos participantes continuem promovendo inovação”. 

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Ele destacou por fim que não mais possível nadar contra a corrente do novo mercado digital que ganha cada vez mais força: “A digitalização de ativos e o associado uso de stablecoins só reforça essa tendência”.