Banco argentino promete reembolsar clientes após governo proibir negociação de criptomoedas

Banco Galicia havia iniciado oferta de criptoativos no início da semana, mas vendas duraram pouco até a proibição estatal anunciada na quinta-feira
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(Foto: Shutterstock)

O maior banco privado da Argentina, o Galicia, promete reembolsar – e ainda providenciar um valor extra – os clientes que compraram criptomoedas da instituição, após o Banco Central (BC) do país ter proibido as instituições financeiras de negociarem ativos cripto. As informações são de reportagens publicadas na imprensa argentina neste sábado (7).

“Os clientes que investiram em criptomoedas conosco serão reembolsados e ganharão ainda uma compensação financeira extra”, afirmou Ariel H. Sanchez, gerente de produtos de investimento do Galícia ao jornal portenho La Nación. “Dessa maneira, reforçamos nosso principal ativo: a confiança dos clientes”, disse.

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Os clientes que acessavam a sessão de investimentos do banco na Internet a partir da noite de sexta-feira já encontravam um aviso no local: “cancelamos a operação de criptos”.

Alegria passageira

O Galícia havia anunciado o início da compra e venda de criptomoedas na segunda-feira passada, com a oferta de quatro diferentes tokens — bitcoin (BTC), ether (ETH), USD Coin (USDC) e XRP — a seus clientes.

A alegria foi passageira, no entanto. Na noite de quinta-feira, o BC do páis informou que as instituições financeiras do país estavam proibidas tanto de realizar quanto de facilitar operações com criptomoedas. Segundo a entidade, as moedas digitais com registro em blockchain não tiveram seu uso autorizado.

“As entidades financeiras não poderão fazer nem facilitar aos seus clientes operações com ativos digitais, incluindo criptomoedas, que não se encontrem regulados por autoridade nacional ou autorizados pelo Banco Central”, anunciou o comunicado.

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Segundo o banco, o medida busca diminuir os riscos associados a operações com esses ativos.

O comunicado lembrava ainda que, em maio de 2021, o BC da Argentina e a Comissão Nacional de Valores já haviam publicado um alerta sobre os riscos em transacionar com criptomoedas.

“Foram mencionados alguns casos de riscos associados a este tipo de operação: a elevada taxa de volatilidade, o risco de problemas operacionais e ataques hacker, lavagem de dinheiro para financiamento de terrorismo”, relembrou o Banco Central.

Um motivo de criptomoedas serem populares na Argentina é porque o país possui uma das maiores taxas de inflação do mundo — nos últimos doze meses, a inflação é de 55%, segundo o site do banco central argentino.

Obrigações para corretoras

Em março desse ano, o jornal Buenos Aires Times publicou notícia afirmando que a Argentina iria incluir empresas de criptomoedas em seu regime regulatório antilavagem de dinheiro (ou AML, na sigla em inglês), segundo um artigo do

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A Unidade de Informação Financeira da Argentina (ou UIF, na sigla em espanhol) é a autoridade competente do país quando o assunto é a regulamentação de riscos de lavagem de dinheiro e, agora, está supostamente trabalhando para acrescentar empresas cripto à lista de entidades sujeitas aos requisitos de informação contra a lavagem de dinheiro.

Segundo uma pessoa com “conhecimento direto sobre a questão”, o plano é que essas novas regulações entrem em vigor este ano.

Se essas diretivas forem aprovadas, irá mudar significativamente a forma como empresas de criptomoedas interagem com reguladores na Argentina. Neste momento, essas empresas supostamente obedecem a regulações de declaração fiscal implementadas em 2019.