Esta semana, os observadores do mercado perceberam um forte contraste entre os grandes detentores das duas principais criptomoedas do mercado – destacando um sentimento aparentemente oposto entre as baleias de Bitcoin e Ethereum.
De acordo com a empresa de análise on-chain Glassnode, as baleias Ethereum que detêm mil ou mais ETH (no valor de cerca de US$ 1,5 milhão) estão em forte tendência de baixa desde 2020, com US$ 20 milhões de ETH tendo sido vendidos por esses players.
Por outro lado, as baleias Bitcoin têm acumulado silenciosamente. Aqueles que detêm mil ou mais BTC (cerca de US$ 26,9 milhões) permaneceram praticamente estáveis durante o mesmo período – embora com algumas quedas acentuadas, talvez devido ao colapso da FTX ou à realização de lucros após uma alta de mercado em 2021.
A aparente disparidade na atividade das baleias levou a uma enxurrada de teorias compartilhadas nas redes sociais, com figuras proeminentes no corredor do Bitcoin aproveitando a oportunidade para disparar contra seus colegas da comunidade Ethereum.
Steven Lubka, chefe de serviços a clientes privados dos serviços financeiros Bitcoin Swan, disse ao Decrypt que sua empresa tem visto um grande número de indivíduos de alto patrimônio líquido (HNWI) procurando trocar ETH por BTC. Ele apontou, acima de tudo, as preocupações jurídicas que cercam o setor.
“O Ethereum está sob pressão regulatória, enquanto o Bitcoin não”, disse ele.
Sua voz ressoou em Jesse Shrader, CEO e cofundador da Amboss, uma empresa de análise de dados da Lightning Network.
“O Bitcoin oferece uma função simples: melhor dinheiro”, disse Shrader. Por outro lado, “embora o Ethereum forneça uma abundância de complexidade fascinante, ele corre o risco de perder o rumo para contratos inteligentes e mudanças críticas de protocolo de hard fork”.
Mas os dados do Glassnode e as conclusões tiradas parecem incompletos.
Staking de ETH pode ser o motivo
“O gráfico se ajusta corretamente para staking?” pergunta Kunal Goel, analista de pesquisa sênior da Messari. Ele explicou ao Decrypt que “as transferências para um contrato de staking podem parecer vendas em cadeia, mas na verdade não são vendas”.
Atualmente, o staking na rede Ethereum exige que os usuários bloqueiem (ou penhorem) 32 ETH em um contrato inteligente para ajudar o blockchain a validar as transações. Isto parece estar a impulsionar a alegada queda nas participações de grandes entidades.
Goel acrescentou que embora a grande diferença nos valores em dólares entre os grandes detentores não desqualifique as baleias para comparação, “os dados precisam estar corretos”.
André Dragosch, chefe de pesquisa da Deutsche Digital Assets (DDA), uma gestora de ativos cripto, concordou com a opinião de Goel. Ele chamou o drama da venda de baleias da ETH de “hambúrguer de nada”, observando que a oferta percentual de ETH em contratos inteligentes tem aumentado “concordantemente”.
Ele destacou no Twitter que Glassnode não inclui Ether vinculado em contratos inteligentes à métrica de fornecimento de baleias mencionada anteriormente. Na verdade, acrescentou Dragosch, a percentagem de oferta de ETH detida pelo 1% dos endereços principais não diminuiu em nada.
Os números podem parecer dizer uma coisa à primeira vista, mas contam uma história diferente: as baleias Bitcoin e Ethereum continuam otimistas.
*Traduzido com autorização do Decrypt.
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