Desde quinta-feira (27), uma nova palavra surgiu no criptotwitter brasileiro: Baby Doge. Qualquer publicação sobre criptomoeda é replicada com alguma referência da shitcoin.
O termo “baby doge” tem sido mais procurado no Google do que Dogecoin, a memecoin suprema que tem em Elon Musk seu maior apóstolo. Aliás, possui mais buscas que o próprio CEO da empresa e está só um pouco atrás da Ethereum (segunda maior criptomoeda em valor de mercado).
Detalhe: o parâmetro usado foi a média dos últimos doze meses. Baby Doge até novembro do ano passado tinha um índice praticamente nulo de pesquisas no Google. Isso demonstra como foi forte essa chuva de buscas e menções sobre Baby Doge nas últimas semanas e em especial nos últimos dias.
A Binance, por exemplo, anunciou que irá sortear ingressos para o Campeonato Paulista. “Mas e Baby Doge?”, perguntam. Parece ser a mais nova memecoin, tendo Doge como avó e Shiba Inu como mãe.
A cripto ganhou momentum após o perfil em português da corretora Bitget provocar:
Foram mais de 1,5 mil respostas para um perfil que sequer tinha dois mil seguidores. A corretora então anunciou que Baby Doge estava listada.
Memecoins em vias de extinção
Memecoins surgem os montes. Algumas ganham força e aí começa o ciclo de altas, até o momento de despencar. No dia 22 de janeiro, Dogecoin (DOGE) e Shiba Inu (SHIB) registravam um perda de mais de 70% do preço e estavam em vias de extinção.
O mercado como um todo se recuperou, e Elon Musk criou uma grande cortina de fumaça ao pedir no Twitter que o McDonald’s passe a aceitar Doge. Tuítes do CEO da Tesla sempre inflam o preço da Doge, que volta a cair depois.
Prêmio para quem sair na hora certa
Um especialista em Bitcoin que trabalha no mercado de criptomoedas desde 2016 e pediu para não ser identificado, disse que ao Portal do Bitcoin que sempre que surge uma memecoin as pessoas devem se perguntar: ela resolve algum problema do mercado?
“Não olho essas coisas a fundo pois não me interessam, e não me interessam por não ter razão de ser. A não ser especulação. Memecoins nem tentam fazer algo que outros não fazem. É a crítica geral que fazemos: porque alguém está inventando esse token? O que este token faz que Bitcoin e Ether não fazem? Quem tem acesso à distribuição inicial? Quem está bancando? Todo mundo sabe que se trata de fazer um meme pegar. Se ele pegar, quem entrou cedo vai ganhar dinheiro e uma hora o negócio não vai mais ter sustentação”, afirma.
Paradoxo da deflação com recompensas sem fim
Em seu site, a Baby Doge se apresenta como uma moeda “hiper deflacionária” projetada para se tornar mais escassa ao longo do tempo. Meta difícil de ser realizada já que, ao mesmo tempo, oferece aos usuários tokens por cada transação feita.
O projeto afirma que 5% de cada transação é distribuído como recompensa aos “holders”. Talvez isso explique o afã dos seus donos em tentar converter o mundo.
Baby Doge diz vagamente que “aprendeu lições com seu pai Dogecoin” e que irá proporcionar transações mais rápidas, mais baratas e “mais fofura”.
O nicho da fofura no mercado de criptomoedas
Sim, você leu certo mais acima. Um dos ativos da moeda é a estética da fofura, que permeia todo o projeto. Os desenhos são infantis e o texto carregado de um palavreado amigável.
A fofura se tornou um nicho no mundo das criptomoedas, com o Dogecoin, por exemplo, tendo se apresentado como amigável e ao alcance de todos.
Isso é uma resposta ao ambiente extremamente técnico e hostil que é visto em criptomoedas como o Bitcoin e Ethereum.
Aqui a aposta é dobrada: “Baby Doge busca impressionar seu pai mostrando melhores taxas de velocidade de transação e sendo super adorável”.
Coloque na equação uma causa nobre. Baby Doge afirma que é um “projeto meme”, mas que tem o “propósito” de salvar cães em necessidade.
O projeto diz que quando atingir um valor de mercado de US$ 1 bilhão, irá doar US$ 500 mil para abrigos de animais. E se chegar a um market cap de US$ 50 bilhões, irá construir um santuário para animais.
No Whitepaper, mostra fotos de uma doação de US$ 20 mil para uma entidade protetora dos animais.
Conforme mostra o site BscScan, o market cap em circulação já é de US$ 680 milhões.
A velha tática do buzz nas redes
Baby Doge replica uma prática que foi feita à perfeição pelo seu primo Shiba Inu: fazer barulho nas redes sociais e engajar as pessoas para fazerem buscas e menções de forma orgânica.
Isso cria a famosa FOMO, síndrome de estar perdendo algo (“fear os missing out”, em inglês).
O portal The Motley Fool analisou como Shiba Inu fez isso durante 2021. Relatório da Bacancy Technologies de novembro do ano passado mostrou que Shiba Inu teve uma média de 2,8 milhões de busca por mês, ficando atrás apenas de Bitcoin e Ethereum.
“Além disso, a comunidade online de Shiba Inu cresceu em um ritmo estonteante. O chat Reddit viu o número de membros do fórum sobre o token crescer e chegar em 410 mil usuários. Apesar de isso ser apenas 20% do fórum de Dogecoin, esta teve sete anos a mais que Shiba Inu para chegar lá”, aponta a reportagem.
O FOMO tem um efeito poderoso. No caso de Shiba Inu, produziu um aumento de preço de 17.000.000%. Sim, 17 milhões em percentagem.
A fofa Baby Doge agora busca o mesmo caminho: