A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais foram capazes de confiscar mais de R$ 1,5 milhão em criptomoedas de um grupo acusado de enganar investidores em um esquema de pirâmide financeira.
A apreensão anunciada na segunda-feira (6) é resultado da operação “Mercadores do Templo”, deflagrada no início de maio para desarticular empresas que ofereciam serviços financeiros de “altíssima e ilusória rentabilidade”.
O alvo principal do grupo criminoso eram fiéis de igrejas em Minas Gerais nas quais os membros do esquema atuavam. O líder da pirâmide, aliás, se apresentava às pessoas como um “homem de Deus”, ou seja, honesto e de boa conduta.
Quando a operação foi realizada um mês atrás, as autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva nas cidades mineiras de Unaí, Contagem, Guanhães e Belo Horizonte.
Em paralelo, pedidos de bloqueios financeiros também foram feitos por meio de medidas cautelares deferidas pelo Juízo de Unaí, no noroeste de Minas Gerais, cujo resultado foi divulgado essa semana.
Onda de bloqueios
Os valores confiscados dos líderes da suposta pirâmide pelo Ministério Público superam os R$ 4 milhões. Parte desse dinheiro foi apreendido na forma de criptomoedas.
As autoridades conseguiram confiscar um total de 2.53198787 bitcoins e 86.95475389 ethers, transferidos para uma carteira de criptomoedas em posse do Ministério Público.
A nota do MP informa que essa quantia de criptomoedas totalizava R$ 1.115.692 no momento da apreensão. Na cotação desta terça-feira (7) de ambas os ativos apreendidos, o equivalente em real do montante é um pouco maior e chega a R$ 1,14 milhão.
As autoridades não revelaram se essas criptomoedas foram liquidadas no mercado e, caso isso tenha ocorrido, qual corretora facilitou as vendas.
A operação também conseguiu congelar contas que a empresa mantinha em exchanges de criptomoedas que atuam no Brasil. Sem revelar quais ativos foram bloqueados, o MP aponta que a quantia em real era equivalente a R$ 450 mil. Dessa forma, mais de R$ 1,5 milhão em criptoativos foram confiscados na operação.
Além das criptomoedas, a organização criminosa também tinha investimentos na bolsa de valores. A B3 bloqueou R$ 41.376 em posse do grupo através de um agente de custódia. Em uma das principais corretoras que a organização usava para operar, mais R$ 257,9 mil foram congelados.
Por fim, nas contas bancárias dos envolvidos no esquema foram bloqueados mais R$ 2,1 milhões, fechando um total de R$ 4 milhões em apreensões.
Relembre o caso
O Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com a Polícia Civil, investigava nos últimos meses um possível esquema de pirâmide financeira, cujo nome não foi divulgado.
O grupo que estava na mira dos oficiais prometia pagar juros de 8,33% ao mês para pessoa física e de 10% ao mês para pessoa jurídica, pagos com supostos investimentos em criptomoedas.
As autoridades, no entanto, concluíram nas investigações que essas promessas não passavam de uma farsa para captar o dinheiro das vítimas, principalmente em igrejas.
“Com sua oratória afiada e se utilizando de passagens bíblicas, jargões de cunho religioso e, até mesmo, músicas gospel, ele conseguia ludibriar as vítimas, convencendo-as a aportarem suas economias nas fraudes”, descreveu o Ministério Público.
Por essa razão, “Mercadores do Templo” foi o nome adotado na operação, em alusão a passagem bíblica em que Jesus expulsa os mercadores que faziam negócios e roubavam o povo no Templo de Jerusalém.