A adoção de criptomoedas na América Latina nos últimos 12 meses foi maior do que em qualquer outra região do mundo, mesmo com um prolongado inverno cripto afastando parte dos investidores do mercado.
Entre julho de 2021 e junho de 2022, foram R$ 2,9 trilhões em criptomoedas enviadas para a região, um crescimento de 40% em comparação ao período anterior, segundo a Chainalysis.
Esses números, divulgados nesta quinta-feira (20) na edição de 2022 do Índice Global de Adoção de Criptomoedas da Chainalysis, consolidam a posição da América Latina como o sétimo maior mercado de criptomoedas do mundo.
O Brasil tem grande peso nesta classificação, já que lidera a adoção na região e fica em 5º lugar no ranking mundial, recebendo pouco menos de US$ 150 bilhões em criptomoedas no último ano.
A região ainda abriga outros quatro dos 30 principais países no índice global de criptomoedas da Chainalysis, como Argentina (13ª), Colômbia (15ª), Equador (18ª) e México (28ª).
“Temos um volume muito grande vindo do Brasil, o que faz sentido com o que está acontecendo por lá no mercado financeiro. Fundos de hedge estão se diversificando para adotar cripto, e há muito trabalho sendo feito para fazer isso de forma estratégica. Sem mencionar o papel do Brasil como hub financeiro da América Latina”, explicou em coletiva de imprensa Kim Grauer, diretora de pesquisa da Chainalysis.
O mercado de baixa, que derrubou o preço do bitcoin e das principais criptomoedas do mercado ao longo do ano, teve seu impacto no volume negociado na América Latina, mas os grandes picos de adoção no ano passado ainda se sobressaem no panorama geral, conforme Grauer respondeu ao Portal do Bitcoin:
“Se comparar os números ano a ano, a América Latina não está em declínio por causa do recente bear market. Muito desse crescimento na região estava acontecendo antes de dezembro de 2021 e isso faz parte desse período analisado. A maioria dos dias em cripto foram realmente de queda, mas os poucos dias de alta acabam superando os de baixa.”
As características do mercado brasileiro de criptomoedas
Para Grauer, o que diferencia o uso de criptomoedas na América Latina de outras regiões, é que aqui não existe só uma única razão pela qual as pessoas usam os ativos digitais: “Cada país tem diferentes necessidades que podem ser solucionadas com criptomoedas de diferentes formas.”
Em resumo, a adoção cripto na América Latina se deve a três motivos principais: reserva de valor, envio de remessas e investindo por especulação ou a longo prazo.
No caso do Brasil, por ter uma situação econômica mais estável do que alguns países vizinhos, o uso de criptoativos é mais “sofisticado”, e essa classe de ativos tende a ser procurada como forma de investimento, vista como opção para quem tenta obter lucros maiores.
Isso difere de países como Venezuela e Argentina, em que criptomoedas, principalmente stablecoins, são usadas como proteção aos altos índices de inflação. Já México e El Salvador, a remessa internacional é um dos usos mais frequentes dos ativos digitais.
As diferenças também aparecem na forma como os latino-americanos negociam. O uso de serviços centralizados no Brasil é mais intenso do que em outros países da região, enquanto a Colômbia e Venezuela dominam as negociações via P2P.
Os valores que a população está disposta a investir no mercado cripto também varia. Os investidores do varejo do Brasil se expõem mais as criptomoedas do que aqueles de outros países da região. Para ilustrar isso, a Chainalysis traz dados da maior corretora nacional, Mercado Bitcoin.
Como mostra o gráfico abaixo, os investidores pequenos do varejo (que investem menos de US$ 1 mil), os grandes do varejo (que investem entre US$ 1 mil e US$ 10 mil) e os profissionais (que investem até US$ 1 milhão), fazem transferências de tamanhos muito maiores do que registrado no resto da América Latina.
A população do Brasil também aparece como a segunda na região que mais investe nas finanças descentralizadas (DeFi) — atrás apenas do Chile — com esse mercado representando mais de 30% do volume de criptomoedas que passam pelo país. Nesta categoria entram os jogos play-to-earn e as transações de tokens não fungíveis (NFT).
Os sites que os brasileiros acessam
A Chainalysis também divulgou a lista dos sites que oferecem serviços de criptomoedas mais acessados no Brasil, uma classificação que leva em conta unicamente o tráfego de rede, e não o volume negociado nessas plataformas.
A corretora de criptomoedas Binance lidera o ranking, com 59 milhões de acessos partindo do Brasil entre julho de 2021 e julho de 2022, segundo a Chainalysis.
Na categoria de exchanges, o Mercado Bitcoin aparece em segundo lugar com cerca de 10 milhões de acessos no mesmo período, seguido por outras plataformas que registram tráfegos menores, como FTX, Foxbit, Novadax e Gate.io.
Aqui chama atenção que o segundo site cripto mais acessado por brasileiros, na análise da Chainalysis, é uma plataforma de jogos de azar chamado FreeBitco.in, que recebeu 31,9 milhões de visitas partindo do país entre os meses de julho de 2021 e 2022.
Neste site em questão é possível identificar características de golpe. Logo na página inicial, um pop-up é exibido prometendo pagar ao usuário US$ 200 em bitcoin a cada hora.
Também ganharam destaque na classificação da Chainalysis um grande número de acesso por brasileiros ao OpenSea, o maior mercado de NFTs do mercado, e ao jogo play-to-earn Axie Infinity.
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