Um evento de precificação chamado “cruz da morte” se aproxima das duas maiores criptomoedas e, evitando um grande rali de preço, pode acontecer ainda esta semana.
O termo “cruz da morte” parece ser algo assustador, mas é algo com o qual holders cripto realmente devam se preocupar?
O Decrypt consultou alguns traders veteranos de cripto para descobrir. Primeiro, vamos esclarecer o que exatamente é uma cruz da morte.
O termo é técnico no mundo do investimento tradicional de ações e descreve um evento em que duas médias móveis (a de 50 dias e a de 200 dias) se cruzam. Médias móveis representam o preço médio de fechamento durante um período específico de tempo.
Na teoria, linhas de gráfico que representam essas médias raramente ou nunca se cruzam. Isso porque a média de 200 dias contém a média de 50 dias, mas também representa uma tendência que é quatro vezes maior.
Independente da alta ou baixa de preço que acontecer, durante o período de 50 dias, pode ser bastante aliviada pela tendência maior.
Se as duas linhas se cruzarem, significa que o preço se moveu para cima ou para baixo tão drasticamente que a tendência de 50 dias cruza a tendência de 200 dias no gráfico de preço.
Se a linha de 50 dias cruzar a de 200 dias em uma direção de alta, é uma “cruz de ouro”. Mas se acontecer em uma direção de baixa, é uma “cruz da morte”.
Você pode visualizar os iminentes eventos de cruz da morte no gráfico abaixo da Bloomberg. O Decrypt acrescentou uma seta vermelha (para o ether) e uma azul (para o bitcoin) para quando as médias de 50 e de 200 dias devem se cruzar.
A lacuna entre as linhas é mais estreita para o bitcoin, ou seja, é mais provável que a cruz da morte aconteça antes.
Se uma cruz da morte acontecer, isso significa que o preço do ativo em questão (seja um token ou uma ação) está condenado?
No caso de uma ação tradicional ou o mercado acionário como um todo, a aparição de uma cruz da morte é uma má notícia pois, historicamente, tais eventos precederam um número de grandes quedas prolongadas.
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E alguns traders tratam o advento de uma cruz da morte como um gatilho para encerrar uma posição antes de as coisas ficarem ainda piores.
A história é um pouco diferente quando o assunto é bitcoin. Embora atingir uma cruz da morte dificilmente seja algo bom, a primeira criptomoeda do mundo já registrou várias delas em seus 11 anos de existência – a mais recente foi em junho de 2021.
De certa forma, a criptomoeda se recuperou muito bem.
Esse foi o sentimento de analistas de duas grandes empresas cripto que possuem bilhões de dólares em bitcoin e ether.
“Traders certamente observam indicadores técnicos básicos, conforme [as médias móveis diárias] de 50, 100 e 200 são as principais”, respondeu um funcionário da mesa de negociações Genesis via e-mail. “A ‘cruz da morte’ está no radar, mas não parece ser um evento significativo.”
Um funcionário de outra grande empresa cripto, que não quis ser identificado por questões de compliance, também estava bem despreocupado.
“As pessoas fazem disso um grande e assustador evento negativo mas, na última vez em que aconteceu, o mercado caiu e, logo em seguida, subiu de novo”, disse o analista via-email.
“De forma parecida, em junho de 2021, o mercado caiu após [o bitcoin] atingir US$ 64 mil, impulsionado pela alavancagem. Desta vez, as liquidações provavelmente são por conta dos planos do Fed em reduzir seu balanço patrimonial.”
Kyle Samani, fundador do Multicoin Capital e veterano trader cripto, foi mais direto.
“AT é um lixo”, disse ele em uma mensagem no Twitter, usando a abreviação para “análise técnica”.
Todos os três comentaristas têm um interesse estabelecido de que o preço das criptomoedas continue saudável, então críticos podem descontar seus comentários como um otimismo indevido.
No entanto, a trajetória de preço tanto do bitcoin como do ether, apesar de inúmeras subidas e quedas ao longo do tempo e seu terrível início de 2022, subiram em direção ao céu a longo prazo, então é improvável que outro encontro com a cruz da morte seja um presságio de uma perdição duradoura.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.
