Afeganistão tem corrida de saques e bancos fecham portas: “Não temos dinheiro”

Em um local, os clientes foram informados que o gerente havia abandonado o posto
Imagem da matéria: Afeganistão tem corrida de saques e bancos fecham portas: "Não temos dinheiro"

Afegãos esperando para receber no banco (Foto: Reprodução\Twitter)

O retorno do Talibã ao poder do Afeganistão no domingo (15) fez a população correr aos bancos para tentar sacar o dinheiro de suas contas e fugir do país.

De acordo com a agência de notícias Al Jazeera, centenas de residentes da capital Cabul se amontoaram do lado de fora dos bancos para tentar recuperar os fundos depositados. No entanto, muitos tiveram o acesso negado pela falta de dinheiro e funcionários pediram para que as pessoas voltassem em outro momento.

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Segundo a reportagem, o policial Abdul Mossawer, de 32 anos, reclamou sobre a situação, dizendo que os bancários saíram repetidamente para dar diferentes justificativas pelo atraso.

A jornalista da BBC Sana Safi reportou que aqueles que foram tentar sacar algum dinheiro no domingo foram informados de que o gerente da instituição deixou o posto e poderia haver uma pausa nos serviços.

“O seu dinheiro está no banco? Então não é seu. O Afeganistão é apenas a crise mais recente a ilustrar o valor crítico de custodiar as economias de sua família”, tuitou Alex Gladstein, diretor de estratégia da Human Rights Foundation (HRF), uma organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos humanos.

Gladstein é um entusiasta das criptomoedas e defende a importância do bitcoin para a liberdade civil por permitir que a população administre suas finanças fora do controle de governos, impedindo situações como a vista no final de semana no Afeganistão.

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Em entrevista concedida ao Portal do Bitcoin no ano passado, Gladstein disse que o bitcoin “dá oportunidade para pessoas em ambientes hostis de continuar financeiramente livres” e deve ser temido por ditaduras.

Caos bancário no Afeganistão

Com o retorno do Taleban ao poder, o colapso econômico é iminente no país que há 20 anos tentava se reconstruir após enfrentar um regime marcado por violência e desacato aos direitos humanos.

A instituição bancária que parece estar no centro do problema é o Banco Cabul, considerado pelo The Christian Science Monitor como um “alicerce para uma sociedade afegã estável” por concentrar a maior parte dos depósitos dos cidadãos e lidar com pagamentos de professores, soldados e policiais.

O Banco Cabul protagonizou um grande escândalo de corrupção em 2010 no qual diretores da instituição — que eram irmãos do presidente do país daquela época — foram acusados de liberar milhares de empréstimos clandestinos, provando uma corrida da população ao banco.