Adoção institucional de criptomoedas caiu no Brasil, mas perspectiva é positiva, diz Chainalysis

Para empresa de dados, cenário indica que quando o mercado começar a se recuperar, há boa possibilidade de retomada dos institucionais no Brasil
Ilustração de bandeira do Brasil dentro moeda de Bitcoin

Marco Legal das Criptomoedas no Brasil foi sancionado em dezembro de 2022 (Foto: Shutterstock)

A atividade de investidores institucionais em transferências de criptomoedas no Brasil diminuiu no último ano, aponta um relatório da Chainalysis divulgado nesta quarta-feira (11). Apesar disso, o país ainda segue como um dos principais no mundo neste mercado.

Segundo a análise, nos anos anteriores o Brasil se destacava com um mercado institucional de cripto bem desenvolvido, com forte adoção de DeFi e outros tipos inovadores de plataformas de criptomoedas, colocando-o mais alinhado com regiões mais ricas do que com os pares da região.

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“O mercado brasileiro ainda apresenta essas características, mas menos do que nos anos anteriores. Por exemplo, as grandes transferências de dimensão institucional diminuíram, conduzindo a uma tendência geral descendente na atividade cripto e representando uma percentagem global menor da atividade restante”, aponta a Chainalysis.

Volume mensal de transações no Brasil por tamanho de transferência (fonte: Chainalysis)

Por outro lados, os analistas apontam que o sentimento atualmente é mais positivo após as transações de tamanho institucional (mais de US$ 1 milhão) apresentarem três meses seguidos de alta até junho deste ano.

“Além disso, mesmo nos meses em que o declínio nas grandes transferências institucionais levou a quedas globais na atividade de criptomoedas, o volume de transações profissionais e de varejo permaneceu relativamente uniforme”. Isso é mais óbvio conforme expresso no gráfico de linhas abaixo”, aponta a empresa.

A Chainalysis reforça o quadro positivo do mercado nacional, apontando que mesmo durante o “inverno cripto”, a chamada “classe média” de traders de criptomoedas de alto valor, juntamente com os usuários de varejo, permaneceram na classe de ativos.

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“Se continuarem a negociar, não é absurdo pensar que os investidores institucionais do Brasil regressarão e talvez até ultrapassarão os níveis de atividade anteriores se e quando entrarmos noutro ciclo de mercado positivo”, diz o levantamento.

Apesar desses dados, a América Latina está apenas na sétima posição entre as maiores criptoeconomias por região, à frente apenas da África Subsaariana. Mesmo assim, quando avaliado por país, o Brasil está em 9º lugar no Índice Global de Adoção de Criptomoedas, com Argentina (15º) e México (16º) também bem posicionados no ranking.

Vizinhos com focos diferentes

Segundo a Chainalysis, o mercado do Brasil ainda é bastante diferente dos seus vizinhos, principalmente por conta da insegurança econômica na região. O principal exemplo é a Argentina, que apesar de também aparecer em posições altas no ranking de uso de cripto, tem quase 80% do seu mercado em stablecoins, em especial o Tether (USDT).

“Os dados sugerem que a procura pela stablecoin USDT é muito maior na Argentina do que no Brasil, isto é quase totalmente devido à desvalorização da moeda que a Argentina tem enfrentado ultimamente”, diz o levantamento, ressaltando que os brasileiros apresentam uma demanda maior por Bitcoin (BTC) e especialmente por altcoins, que são mais usadas para investimentos e especulação de longo prazo.

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Comparação dos tipos de criptomoedas compradas usando real vs. peso (fonte: Chainalysis)

A empresa ainda lembra que a Argentina está no meio de outro ciclo de desvalorização cambial, com o peso argentino recuando quase 52% no ano até julho. Durante esse mesmo período, porém, o país lidera a América Latina em volume bruto de transações de criptomoedas, com um valor estimado US$ 85,4 bilhões em valor recebido, sendo o segundo na região em adoção popular.

Por fim, o relatório destaca também a posição da Venezuela na adoção de criptomoedas por conta de um cenário econômico de crise assim como a Argentina.

“Vemos evidências semelhantes de que os venezuelanos podem ter aumentado as suas compras de criptomoedas no último ano, à medida que o valor da sua moeda local, o bolívar, caiu”, diz a Chainalysis, que por outro lado, diz que a população também tem usado cripto no país como forma de “driblar “lutar contra o governo autoritário” de Nicolás Maduro.