Semana no CriptoTwitter: BuzzFeed revela identidade de fundadores do NFT Bored Apes

Defensores da Web 3 estão criticando o BuzzFeed por expor a identidade dos fundadores do BAYC. O site agiu de boa-fé?
Imagem da matéria: Semana no CriptoTwitter: BuzzFeed revela identidade de fundadores do NFT Bored Apes

Wylie Aronow e sua versão primata, Gordon Goner. Foto: Reprodução

Todo mundo conhece o Bored Ape Yacht Club (ou BAYC, na sigla em inglês), a coleção de 10 mil avatares de primatas que se tornaram a coleção de tokens não fungíveis (ou NFTs) mais prestigiosa e cara do setor.

Mas o que as pessoas não sabiam era quem exatamente estava por trás do BAYC.

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Até sexta-feira (4), quando o BuzzFeed publicou uma investigação revelando a identidade de dois dos quatro cofundadores do BAYC que, até então, só eram conhecidos por suas personas primatas: Gordon Goner e Gorgamel.

Foi constatado que os cofundadores são dois residentes da Flórida de 30 anos de idade chamados Wylie Aronow e Greg Solano que, antes, tinham aspirações literárias, mas depois entraram para o setor cripto.

Yuga Labs, a empresa por trás do BAYC, confirmou suas identidades após o artigo do BuzzFeed.

O relatório do BuzzFeed não continha nada escandaloso sobre os homens, mas a reação do CriptoTwitter foi feroz.

Diversos membros da comunidade cripto criticaram o BuzzFeed, acusando-o de invadir a privacidade dos homens por meio de “doxxing” – um termo que, geralmente, se refere à publicação de informações pessoais sobre uma pessoa para sujeitá-la à perseguição ou punição.

O popular podcaster Cobie chamou o artigo de “lixo” e reclamou de que o BuzzFeed estava “‘doxxing’ [expondo] pessoas por cliques e receita por anúncios”.

https://twitter.com/cobie/status/1489932441280290822

Já Mike Solana, vice-presidente da empresa de capital de risco Founders Fund, disse que era “nojento” revelar a identidade dos homens sob o pretexto de ser “uma espécie de enorme furo jornalístico”.

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Ryan Selkis, blogueiro cripto e fundador da Messari, repreendeu o corrido de uma forma parecida, descobrindo e compartilhando um tuíte desagradável de Katie Notopoulos, a autora do artigo, usando uma ofensa homofóbica.

https://twitter.com/twobitidiot/status/1490015202389204992

A opinião predominante no CriptoTwitter parece ser que o BuzzFeed e sua repórter fizeram algo errado e malicioso.

No entanto, fora do mundo cripto, pessoas ofereceram uma perspectiva bem diferente.

Gabe Rivera, fundador do popular site do Vale do Silício Techmeme, descreveu o artigo do BuzzFeed como jornalismo comercial padrão e perguntou por que apenas alguns envolvidos na indústria devem saber quem está por trás de uma empresa que vale bilhões de dólares.

Outros destacaram que Notopoulos obteve as identidades dos homens simplesmente ao procurar pelos registros corporativos do Yuga Labs, incluindo seus documentos de incorporação em Delaware (documentos disponíveis a qualquer um na internet).

A obtenção de tais registros é uma prática comum de advogados, jornalistas e autoridades e não se encaixa na definição tradicional de “doxxing”.

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Outros afirmam que BAYC é uma marca de bilhões de dólares e que a questão de se era correto divulgar as identidades de Solano e Aronow se transforma na possibilidade de eles serem pessoas realmente “comuns”.

Basicamente, a controvérsia sobre o BuzzFeed e BAYC se resume à possibilidade de bilionários cripto conseguirem evitar o mesmo tipo de investigação que políticos e líderes de empresas estão sujeitos em sociedades livres, investigação que ajuda cidadãos a responsabilizá-los e entenderem quem está operando segmentos poderosos da sociedade.

A opinião contrária, de que qualquer tipo de investigação pública é tratado como uma invasão inaceitável de privacidade, prevalece na China e na Rússia, onde elites ricas silenciam e prendem seus críticos.

Em relação a Solano e Aranow, ambos parecem não ter se abalado com a controvérsia. Logo após o surgimento do artigo do BuzzFeed, publicaram uma foto de si mesmos no Twitter em um formato “eu versão Web 2 vs. eu versão Web 3” que, agora, muitos estão imitando no Twitter.

Solano e Aranow também usaram seus tuítes para fazer uma observação que foi compartilhada por outros após a controvérsia do BuzzFeed: o advento da Web 3 e sua tecnologia descentralizada promete facilitar a anonimidade e evitar o tipo de enorme exposição pública que definiu a era da Web 2.

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Nos próximos meses, conforme BAYC se torna uma supermarca da Web 3 com representação em Hollywood, essa proposta será colocada à prova. E a curiosidade sobre as pessoas por trás de grandes identidades da Web 3 e suas opiniões pessoais não vão sumir.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.