Imagem da matéria: Como um brasileiro desempregado se salvou com a mineração caseira de criptomoedas
Youtuber Denny Torres no local onde grava vídeos explicativos sobre mineração para seu canal no Youtube. Foto: Divulgação

“Era uma sobrevivência; não era um investimento”. A frase é do youtuber Denny Torres, que por mais de um ano enfrentou o desemprego com a mineração de criptomoedas. Hoje, mesmo estando de volta ao mercado de trabalho, o arquiteto de 44 anos, de Salvador (BA), mantém seu canal homônimo no Youtube, que ficou conhecido pelo ‘quartinho de mineração’. 

Tudo começou em 2017, pouco depois de Torres perder o emprego em Macaé (RJ). Na ocasião, ele ficou sabendo que na Venezuela as pessoas estavam apostando na mineração para enfrentar a hiperinflação. Para se ter uma ideia, na época 1 bolívar valia o mesmo que 1 satoshi, que é a menor fração do Bitcoin (0,00000001 BTC).

Publicidade

“Eu estava vendo a situação da Venezuela, que as pessoas estavam minerando criptomoedas para subsistência”, disse Torres por telefone ao Portal do Bitcoin na ultima quinta-feira.

Ele já conhecia um pouco do Bitcoin desde 2010, quando virou notícia o húngaro Laszlo Hanyecz, que comprou duas pizzas por 10 mil BTCs — o que até hoje é lembrado pela comunidade como ‘Bitcoin Pizza Day’. Naquela época, ele achava que se tratava de uma pirâmide financeira e não quis arriscar.

Quartinho da mineração

Construir um centro de mineração —  ou que seja um ‘quartinho’ —  requer no mínimo conhecimentos de placas de vídeo, softwares, cálculos etc. Para Torres isso não foi problema, pois sempre esteve atualizado em novas tecnologias e computadores.

“Como eu estava desempregado e não conseguia serviço em lugar nenhum, eu precisava de um lugar onde o custo de vida fosse barato”, contou. Ele então pegou a esposa e seus três filhos e mudou-se para Conceição do Almeida, cidade no interior da Bahia onde mora o irmão, com cerca de 18 mil habitantes.

Publicidade

O quartinho começou então a ser traçado numa casa de aluguel, descreveu à reportagem. Dos R$ 50 mil que tinha da rescisão trabalhista, Torres usou R$ 20 mil para iniciar o negócio.

Ele comprou duas máquinas e foi ampliando a chamada ‘rig’ (conjunto de mineradoras) gradativamente. O retorno, disse à reportagem, começou a vir do aluguel do seu poder de processamento, que dava cerca de R$ 300 por dia.

As criptomoedas mineradas eram monero (XMR) e ethereum classic (ETC). Segundo ele, pagando todas as contas e tirando os custos de eletricidade, ainda lhe sobravam cerca de R$ 5 mil por mês.

Conta de luz chegava a R$ 4 mil

O único problema que teve com a rig em Conceição do Almeida foi quando fez uma viagem e arriscou deixar os equipamentos ligados e algo fez disparar o alarme.

Publicidade

Seu irmão mais velho teve que entrar no quartinho e desligar tudo, mas o alarme continuou soando até sua chegada, contou aos risos. Até então, só um vigia que ele tinha feito amizade que sabia da engenharia. Era ele quem acalmava o funcionário da empresa de energia que se assustava ao medir a conta de luz da família Torres, que chegava a R$ 4 mil.

Segundo ele, o vigia inventava que era um problema de aterramento e que seria resolvido. Mas isso era para a própria segurança do local, pois Torres pedia para ele ficar de olho por conta das máquinas caras.

Denny Torres no famoso ‘quartinho de mineração’. Reprodução/Youtube

Bitcoin e criptomoedas em queda

Então veio 2018. O bitcoin começou a despencar e, junto com ele, as outras criptomoedas. Como Torres naquela época, os pequenos mineradores mal conseguiam pagar a conta de energia elétrica com os retornos obtidos.

“Eu continuava a receber a mesma quantidade de ethereum, mas quanto eu transformava em real já não cobria minhas despesas”, contou, que não tinha outra fonte de renda. 

Depois que o dinheiro acabou, ele teve que desmontar as máquinas e vendê-las para conseguir se manter. Isso foi entre junho e julho de 2018. Por sorte, em agosto a antiga empresa o chamou para trabalhar de volta. Ele voltou então a Macaé.

Publicidade

Nova rig de mineração

O quartinho de mineração que sustentou a família hoje serve de inspiração para seus seguidores no Youtube. Atualmente, Torres começou a montar uma outra rig de mineração apenas para ensinar a montagem e configuração do sistema. O canal já possui mais de 1 milhão de visualizações.

Questionado se mantém alguma criptomoeda, ele negou e disse que não acredita que se tivesse comprado bitcoin naquela época da pizza o teria mantido até agora. Segundo ele, certamente ao bater US$ 1 mil ele os teria vendido.

Contudo, afirmou em um dos seus vídeos, “se tivesse outra fonte de renda na época do quartinho de mineração e guardasse todas as criptomoedas mineradas, acho que hoje eu nem estaria fazendo vídeos no Youtube”.

VOCÊ PODE GOSTAR
logo da uniswap com gráficos ao fundo

A semana no Cripto Twitter: Uniswap na mira da SEC e a febre do Bitcoin Runes

O drama jurídico manteve os usuários cripto nervosos esta semana, enquanto a estreia das memecoins em Bitcoin trouxe alguma empolgação
Imagem da matéria: Receita Federal dos EUA acende alerta do mercado ao sinalizar que planeja acabar com anonimato em cripto

Receita Federal dos EUA acende alerta do mercado ao sinalizar que planeja acabar com anonimato em cripto

Um novo formulário do IRS parece indicar que a agência exigirá os endereços de carteiras de usuários DeFi
Imagem da matéria: Mercado se anima com futuros de Bitcoin na B3, mas analistas apontam riscos para investidores iniciantes

Mercado se anima com futuros de Bitcoin na B3, mas analistas apontam riscos para investidores iniciantes

B3 lançou na última quarta o contrato futuro de Bitcoin, mas especialistas lembram que o produto oferece muitos riscos
Tela de celular do Telegram

Tether (USDT) chega à rede TON e wallet do Telegram

Parceria entre Tether e Telegram visa expandir a atratividade da TON para um público mais amplo de usuários que não entendem de criptomoedas