Sejamos honestos: boa parte da 25 de Março (SP), Uruguaiana (RJ), Oiapoque (BH) e demais “mercados populares” espalhados pelo Brasil usam Bitcoin e Tether. Ok, não o camarada que paga R$ 600 no aluguel da barraquinha, mas o chefe dele, que traz os produtos da China.
Para este povo que opera sem emitir Nota Fiscal, as únicas alternativas disponíveis eram os doleiros, além dos laranjas, as empresas de fachada. Não sei bem como funciona esse mercado, mas caso sua grana desapareça no meio do caminho, acredito que não dê pra reclamar através da ouvidoria ou agência reguladora.
Eis que surge o Bitcoin e o Tether, e não há nada que impeça este pessoal de adquirir criptomoedas. Bom, não existia até a entrada da normativa 1.888, que passou a exigir dos intermediários e exchanges o envio de informações sobre toda e qualquer transação para a Receita Federal.
Tá achando que isso acabou com as remessas internacionais utilizando criptos? Jamais. Lembre-se que os governos não têm a capacidade de banir nada, ainda mais num país de dimensões continentais. Isso só incentivou o uso de atravessadores, equivalentes aos laranjas do mercado tradicional.
Os comerciantes que o Estado considera “criminosos”, por não cederem à taxação forçada, preferem as criptos, pois além de não confiscáveis e irreversíveis, as transações são quase instantâneas. Além disso, comparado aos doleiros, esses laranjas digitais são lordes ingleses.
Há outras classes de criminosos, usualmente funcionários públicos corruptos e empresários envolvidos nos esquemas, que não utilizam as criptos para ocultar riquezas, mas continuam fazendo com jóias, dinheiro físico, ouro, imóveis, e tantas outras coisas.
Se Bitcoin e criptomoedas passaram a ser utilizados para ocultar riquezas, seja lá qual for a origem, indica que confere alguma vantagem. Inconfiscável? Transferências ao custo de centavos? Funcionamento 24h todos os dias? Segurança no armazenamento multiassinatura? Facilidade de realizar remessas ao exterior?
Na verdade só há uma grande desvantagem para quem foge das garras do governo ou similar: rastreabilidade. Apesar de trabalhar com pseudônimos (os endereços que representam as contas de cada usuário), é possível monitorar toda e qualquer movimentação no blockchain.
“Após observar o endereço de Bitcoin para doações anunciado (pelo traficante da DeepWeb) por OxyMonster, agentes realizaram uma análise das transações deste endereço e perceberam que 15 das 17 saídas foram para endereços administrados pelo cidadão francês Gal Vallerius no localbitcoins.com” – Corte da Califórnia, pg. 13
Há maneiras de tentar ocultar esse rastro, mas é um jogo de gato e rato. De qualquer forma, o fato de “criminosos” utilizarem criptos para remessas internacionais e até mesmo ocultar recursos é um excelente sinal. Significa que enxergam qualidades, que certamente podem beneficiar você, o cidadão de bem. Estude, teste, aprenda!