O coronel da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Régis da Rocha Rosa, entrou na mira da Polícia Federal (PF) por ter passado informações sigilosas a sócios da Indeal, empresa acusada de fraude financeira com criptomoedas. Com a ação, os investigados teriam conseguido ocultar R$ 600 milhões antes de serem presos.
De acordo com o Gaúcha ZH, a ação foi descoberta pela Polícia Federal (PF) durante a análise de mídias apreendidas na Operação Egypto, deflagrada em maio deste ano e que prendeu 10 pessoas. Posteriormente, 19 pessoas foram indiciadas no total.
As conversas entre uma advogada da empresa Veridiana Fumegalli Paiva e o coronel foram encontradas no material analisado e chamou a atenção dos investigadores.
Em fevereiro, a advogada teria pedido as informações a Rosa sob alegação de uma suposta extorsão que estaria sendo praticada por policiais civis de Novo Hamburgo contra o grupo da Indeal.
O militar, que é diretor do Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) da SSP, passou então informações sigilosas à advogada, conforme descreveu o ZH.
Indeal abriu conta para militar
No entanto, diz a reportagem, “o favor prestado pelo coronel não teria sido de graça”. A advogada teria dito que depois da consulta, o militar teria se interessado nos negócios da Indeal.
“Na busca de mostrar como a empresa funcionava bem, se adotou a ideia de disponibilizar R$ 10 mil ao coronel Régis junto à plataforma da Indeal para que ele visse como, de fato o dinheiro rendia”, disse a advogada em depoimento.
O oficial, contudo, disse que devolveria os R$ 10 mil investidos em seu nome. Conforme o Jornal NH, em reportagem na sexta-feira (04), o militar negou. “Não vou prestar declarações agora, mas não cometi nenhuma irregularidade, posso adiantar”, disse.
De acordo com uma matéria do G1 neste sábado (05), a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul informou que “teve ciência da existência de uma investigação sobre uso indevido de informações da SSP” e que não há indiciamento até o momento.
Indeal e informações privilegiadas do Judiciário
“A cúpula da firma vinha recebendo informações privilegiadas até do Judiciário”, escreveu o site.
Segundo a reportagem, antes de serem presos, os cinco sócios e os colaboradores mais próximos da InDeal já tinham em mãos parte do inquérito sigiloso da PF. Eles haviam sido orientados a não se esconderem.
“A única fuga seria do patrimônio que ainda não estava no nome deles”, escreveu o NH, acrescentando:
“Em menos de três meses, todos já estavam soltos. Respondem em liberdade, sem necessidade de uso de tornozeleira, ao processo de crimes financeiros”.
Mais de mil informações
Neste sábado (05) outra matéria do NH revelou que as autoridades de todos os poderes passaram mais de mil informações sigilosas a sócios da InDeal durante as investigações. Segundo o site, havia servidores que consultavam o sistema a pedido grupo.
“A quantidade de consultas ao banco de dados dá uma ideia do grau de favorecimento ilícito aos investigados”, escreveu o site, acrescentando que o tráfico de influência teria sido decisivo para a cúpula da empresa conseguir ocultar os R$ 600 milhões.
Esse valor seria a diferença entre o R$ 1,3 bilhão arrecadado com o negócio em bitcoin da empresa — que prometia ganhos de até 15% ao mês — e os R$ 700 milhões sequestrados em bens e imóveis.
Sócios se dizem impedidos de pagar
Em agosto, os sócios da Indeal acusaram justiça de estar impedindo a elaboração de um plano de pagamento para clientes por conta de medidas cautelares — o ministro Sebastião Reis Júnior impediu o contato deles com os outros réus, testemunhas e qualquer pessoa relacionada aos fatos objetos da investigação e da ação penal.
De acordo com o Habeas Corpus HC 524944 (2019/0227809-4 – 13/08/2019), eles também foram proibidos de exercerem profissionalmente as atividades da empresa, ou seja, não podem operar com criptomoedas e também com qualquer situação relacionada à Indeal.
“Diante deste quadro fático, há total restrição, neste momento, de todos os sócios procederem com qualquer providência para honrar com o compromisso perante os clientes, sem que exista autorização judicial para tanto”, disseram em uma nota enviada ao Portal do Bitcoin no dia 27 de agosto.
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