Segregated Witness (SegWit), o protocolo proposto pela equipe de desenvolvimento do Bitcoin Core, acabou de chegar ao ponto que não tem mais volta. Isso significa que o SegWit estará ativo na rede Bitcoin em pouco mais de duas semanas a partir de hoje.
“Foi um processo longo e difícil, mas aprendemos tremendamente ao longo do caminho. Estou ansioso para a próxima geração de utilidades e aplicativos que surgirão”, disse Eric Lombrozo, CEO da Ciphrex, contribuidor do Bitcoin Core e um dos autores e principais defensores da Segregated Witness.
Lock In
A SegWit, definida pelo Bitcoin Improvement Proposal 141 (BIP141), foi implantada usando um mecanismo de ativação (BIP9) que requer 95% de todos os mineradores (por força de hash) para suportar a atualização dentro do período de duas semanas. Isso é pelo menos 1916 blocos dentro de 2016 blocos, para ser exato.
Este limite acaba de ser alcançado. Enquanto o período de dificuldade atual não terminará até amanhã, todos os blocos neste período de dificuldade estão sinalizando o suporte para a atualização até agora. Isso agora totaliza mais de 1916 deles.
Demorou um tempo para atingir este limiar, em grande parte porque os maiores pools de mineração na rede Bitcoin se recusavam a adotar a atualização, independentemente da sua prontidão técnica.
“Em retrospectiva, ficou claro que a ativação dos mineradores de soft fork não pode ser invocada quando existe uma divergência de interesses entre mineradores e usuários. No caso cooperativo, é um mecanismo conhecido e testado que, se feito corretamente, é provável que ocorra sem problemas. No entanto, no caso contraditório, simplesmente não funciona “, escreveu Lombrozo em um artigo sobre a ativação do SegWit.
É por isso que o SegWit foi eventualmente adotado através de algunas “artimanhas” ligeiramente complexas.
Bitcoin Improvement Proposal 91 (BIP91) já havia sido ativado um pouco mais de duas semanas atrás. Este soft fork requer que todos os blocos sinalizem o suporte a SegWit durante todo um período de dificuldade, desencadeando o período de “lock-in” nos nodes que estão prontos para o SegWit – todos os blocos que não estiverem, devem ser rejeitados pela rede. Até agora, este tem sido o caso.
Além disso, o BIP148, mecanismo de ativação aplicado pelos usuários, começou a rejeitar todos os blocos que não sinalizavam o suporte para a Testemunha Segregada há uma semana, no dia 1 de agosto.
SegWit
Uma maneira viável de implantar a SegWit no Bitcoin através de um soft fork foi discutida pelos desenvolvedores e subsequentemente apresentada pelo engenheiro da Blockstream e pelo colaborador do Bitcoin Core Dr. Pieter Wuille no final de 2015 na Scaling Bitcoin workshops em Hong Kong. Posteriormente, foi adotado como peça central no roteiro de escala avaliado pela equipe de desenvolvimento do Bitcoin Core. A tecnologia foi implementada e lançada oficialmente no Bitcoin Core 0.13.1 em outubro de 2016.
Em suma, esta atualização permite a separação de dados de transações e dados de assinatura nos blocos Bitcoin. Isso resolve o “bug da maleabilidade” de longa data no protocolo Bitcoin, o que, por sua vez, permite mais flexibilidade ao programar novos recursos e oferece benefícios adicionais, como um aumento modesto de tamanho de bloco.
“O mais importante é que a SegWit significa uma simplificação drástica de como podemos conceber protocolos que podem funcionar no Bitcoin sem ter que mudar as regras de consenso”, observou Lombrozo. “Mas também oferece a introdução de novos recursos para suportar uma melhor criptografia e contratos inteligentes mais sofisticados”.
Lombrozo adicionou:
“E, claro, também aumenta a capacidade bruta, permitindo blocos maiores e aumentando o tamanho do bloco no futuro”.
Agora passará outro período de dificuldade de duas semanas para que o soft fork realmente seja ativado. Nesse ponto, todos os nós do Bitcoin que aplicam o SegWit, que quase certamente representam a maioria do ecossistema Bitcoin, começarão a rejeitar quaisquer transações e blocos que não sigam as novas regras. Como um soft fork compatível com versões anteriores, no entanto, isso não deve afetar muito os nós não atualizados: estes continuarão a funcionar como normais.
*Texto escrito por Aaron van Wirdum.
