O CEO da FTX, John Ray III, escreveu uma carta para o juiz que irá definir a sentença de Sam Bankman-Fried afirmando serem falsas as alegações feitas pelo fundador da corretora de que os clientes da empresa não sofreram perdas. O documento foi enviado ao magistrado Lewis A. Kaplan na quarta-feira (20).
“O Sr. Bankman-Fried continua a viver uma vida de ilusão”, escreveu Ray III. “O ‘negócio’ que ele deixou em 11 de novembro de 2022 não era solvente nem seguro.”
A manifestação do atual CEO da FTX vem após a defesa de SBF ter feito declarações para tentar convencer o juiz a dar uma pena inferior a 50 anos para o empresário. Sam foi considerado culpado no ano passado por uma série de crimes e deve receber a decisão da sentença na semana que vem.
Entre as afirmações da defesa de Sam, estão:
- “A empresa estava solvente no momento da petição de falência”;
- “O dinheiro estava lá — não foi perdido”;
- “O prejuízo para os clientes, credores e investidores é zero”.
As afirmações da defesa de Sam Bankman-Fried vem em um contexto no qual o mercado de criptomoedas se valorizou enormemente desde que a FTX entrou em falência em novembro de 2022. Segundo eles, essa alta fez com que a massa falida tivesse condições de, aparentemente, pagar todos os clientes.
Mas John Ray III afirma que isso está longe de ser verdade. “Mesmo no melhor cenário possível, não ocorrerá uma recuperação completa de todas as perdas econômicas dos credores”, disse o executivo.
O CEO lembra que, no momento da falência, o Bitcoin estava na faixa dos US$ 17 mil. Os clientes irão receber valores referentes a este preço (no caso de outras criptomoedas, cada uma será calculada com o seu próprio valor da época). Porém, se tivessem apenas tido seus ativos parados, teriam hoje um lucro de 400%, no caso do Bitcoin.
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A FTX, na verdade, não tinha segregadas as criptomoedas e irá pagar vendendo o que sobrou de ativos na empresa. “Infelizmente, devido ao empréstimo ‘por baixo dos panos’ (roubo) pela Alameda sob a direção do Sr. Bankman-Fried, esses extratos de conta estavam incorretos — os devedores da FTX não possuíam o criptoativo que os clientes assumiam estar mantido em suas contas na data da petição”, disse Ray III.
O executivo ressalta que no dia que assumiu o comando da FTX, existiam apenas 105 bitcoins de fato nas contas, sendo que ao todo os clientes deveriam ter por volta de 100 mil unidade de BTC custodiadas pela corretora.
“Por que os bitcoins estavam faltando? Um júri concluiu, além de qualquer dúvida razoável, que o Sr. Bankman-Fried os roubou e os converteu em outras coisas. Por essa razão, eles não estão disponíveis para serem devolvidos às suas vítimas da mesma forma”, diz o CEO atual da FTX.
O executivo termina afirmando que a empresa não era solvente e nem estava em uma posição segura no momento em que assumiu. “O dano foi vasto. O remorso é não existente. Altruísmo verdadeiro, pelo menos o que foi vivido por Samuel Bankman-Fried, foi uma mentira”.
O caso da FTX
Em novembro de 2022, o que até então era uma das maiores exchanges do mundo, a FTX, entrou em uma grave crise após a suspeita de que a empresa usava ilegalmente fundos de clientes.
Após dias de pânico, um possível resgate pela Binance trouxe esperança ao mercado, mas no dia 9 de novembro a corretora chinesa desistia do negócio e fazia ruir de vez qualquer tentativa da FTX sobreviver. Dois dias depois, a empresa entraria com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Hoje, todo o grupo FTX — incluindo a empresa irmã Alameda Research — está quebrado e seu fundador, Sam Bankman-Fried, está preso e condenado em sete acusações criminais.
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