Eis mais um caso para quem se preocupa com o papel que a Inteligência Artificial (AI, na sigla em inglês) pode assumir nas nossas vidas: a jornalista, autora e professora Jane Friedman fez um alerta na semana passada que a Amazon recusou seu pedido para remover do site livros falsamente atribuídos a ela, que na verdade foram escrito por uma AI.
Como uma autora especializada em ajudar outros escritores a serem publicados, Friedman acumulou seguidores com vários livros, incluindo “The Business of Being a Writer”, “What Editors Do” e “Publishing 101”,
Recentemente, no entanto, ela notou uma série de novos títulos sobre tópicos semelhantes: “Seu Guia para Escrever um E-book Best-Seller na Amazon”, “Poder Editorial: Navegando pela Kindle Direct Publishing da Amazon” e “Promover para Prosperar: Estratégias para Disparar suas Vendas de E-Books na Amazon.”
Pior: esses títulos, atribuídos ao que parecia uma autora também chamada “Jane Friedman”, estavam à venda na Amazon. Curiosa, ela clicou no nome da autora, e os livros apareceram ao lado de seus livros — os mesmos resultados relacionados mostrados ao ver Friedman “The Business of Being a Writer.”
“A partir de hoje, há cerca de meia dúzia de livros sendo vendidos na Amazon, com meu nome neles, que eu não escrevi ou publiquei”, afirma Friedman. “Alguns vendedores ambulantes os geraram usando AI.”
“Isso promete ser um problema sério para o mundo editorial”, acrescentou.
As of today, there are about half a dozen books being sold on Amazon, with my name on them, that I did not write or publish. Some huckster generated them using AI. This promises to be a serious problem for the book publishing world. https://t.co/YXcMlJeTMV
— Jane Friedman (@JaneFriedman) August 7, 2023
Este é apenas o desafio mais recente que a Amazon enfrenta relacionado a publicações geradas por AI, enquanto tenta lidar com uma onda de guias de viagem falsos e potencialmente perigosos.
“Eu fiz um relatório para a Amazon, reclamando que esses livros estavam usando meu nome e reputação sem o meu consentimento”, escreveu Friedman em seu site oficial. A resposta da Amazon, disse ela, foi pedir “quaisquer números de registro de marca comercial relacionados à sua reivindicação.”
Friedman disse que, quando respondeu que não tinha uma marca registrada do seu nome de autora, a Amazon encerrou o caso e disse que os livros não seriam removidos do site.
“Cabe a mim, a autora — aquela com uma reputação em jogo — retirar esses livros enganosos da Amazon”, disse Friedman. “Eu nem tenho certeza se é possível.”
Em seu post, Friedman disse que não se importa com seus livros reais sendo pirateados.
“Mas o que me irrita…”, escreveu ela. “são livros idiotas sendo enviados para a Amazon, com o meu nome creditado como autora. Quem quer que esteja fazendo isto está obviamente atacando escritores que confiam no meu nome e pensam que escrevi estes livros. Eu não escrevi.”
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Friedman também disse que os livros gerados por AI estavam listados em seu perfil no Goodreads.
“Uma pessoa razoável pode pensar que eu controlo quais livros são mostrados no meu perfil do Goodreads, ou que eu os aprovo, ou pelo menos eu poderia removê-los facilmente”, escreveu Friedman. “Não é bem assim.”
Mais tarde, após o post inicial, ela informou que os livrosd haviam sido removidos.
Apoio aos autores reais
Em resposta aos tweets de Friedman, a Author’s Guild, organização da qual Friedman faz parte, disse que iria abordar o assunto com a Amazon.
“Como integrante da Author’s Guild, podemos advogar em nome dela e estamos entrando em contato com a alta administração imediatamente para informá-los de que essas obras são uma tentativa de usar sua marca e devem ser removidas com base em infrações da Lei Lanham”, a organização twettou.
@JaneFriedman As a member of the Authors Guild, we can advocate on your behalf and are reaching out to senior management immediately to let them know that these works are an attempt to trade off your brand and must be removed as infringements of the Lanham Act.
— The Authors Guild (@AuthorsGuild) August 7, 2023
AI no centro da polêmica
Em maio, as produções cinematográficas e televisivas foram interrompidas quando os membros do sindicato dos roteiras entraram em greve após o colapso das negociações com a Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão. O uso da AI para escrever novos scripts foi um ponto crítico. Em julho, a máquina de Hollywood congelou inteiramente quando 160 mil membros do sindicati dos autores também entraram em greve. O ponto crítico? Novamente, Inteligência Artificial.
Tal como os profissionais em greve, Friedman está exigindo uma espécie de proteção contra a AI generativa.
“Amazon e Goodreads, peço que criem uma maneira de verificar a autoria, ou que os autores bloqueiem facilmente livros fraudulentos creditados a eles”, escreveu ela. “Faça isso agora, é urgente.”
No momento em que esta reportagem foi escrita, os livros falsos estão agora listados como “temporariamente esgotados”, e a página da autora vinculada não inclui mais os títulos reais de Friedman.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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