Imagem da matéria: BNB cai mais de 20% no mês; entenda as polêmicas que pairam sobre o token da Binance
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As notícias negativas sobre empresas que emitem suas próprias criptomoedas costumam respingar uma hora ou outra no preço do ativo. Foi isso que aconteceu nas últimas semanas com o BNB, o token nativo da corretora Binance. Em meio às polêmicas que pairam sobre a exchange, a criptomoeda sofreu uma desvalorização de 21,2% nos últimos 30 dias.

Esta quarta-feira (14) trouxe um pequeno alívio para o BNB, que sobe 1,9% para ser negociado a US$ 246, segundo dados do CoinMarketCap. Na semana, no entanto, o ativo ainda acumula perdas de 8,5% à medida que os investidores reformulam suas estratégias após a Binance ser processada pelos reguladores americanos.

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A Binance e seu CEO, Changpeng “CZ” Zhao, são acusados pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) de terem cometido 13 infrações diferentes, incluindo violações das leis de valores mobiliários dos EUA. 

Segundo o presidente da SEC, Gary Gensler, os acusados “se envolveram em uma extensa rede de enganos, conflitos de interesse e evasão calculada da lei”, bem como “enganaram os investidores sobre seus controles de risco, enquanto ocultavam a negociação manipuladora de seu criador em mercado afiliado e até mesmo onde e com quem os fundos de investidores eram custodiados”.

As acusações fizeram com que os investidores diminuíssem a exposição ao token nativo da Binance. Desde que a SEC abriu o processo contra a exchange em 5 de junho, o valor de mercado do BNB caiu 19%, indo de US$ 47 bilhões para US$ 38 bilhões.

O pior dia para o token, no entanto, foi na segunda-feira (12), quando a sua capitalização de mercado bateu uma mínima no ano de US$ 34,6 bilhões. Naquele dia, o preço do BNB atingiu US$ 222, o que representou sua pior cotação desde fevereiro de 2022.

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Gráfico de desempenho anual do BNB (Fonte: CoinMarketCap)

Pouco depois de ser acusada pela SEC, a Binance emitiu uma nota oficial sobre o processo, que diz:

“Estamos desapontados com o fato de a SEC ter optado por registrar uma reclamação hoje contra a Binance buscando, entre outras soluções, um suposto alívio de emergência. Desde o início, cooperamos ativamente com as investigações da SEC e trabalhamos muito para responder às suas perguntas e abordar suas preocupações. Mais recentemente, nos envolvemos em extensas discussões de boa fé para chegar a um acordo negociado para resolver suas investigações. Mas, apesar de nossos esforços, com sua reclamação hoje, a SEC abandonou esse processo e, em vez disso, optou por agir unilateralmente e litigar.”

“Embora levemos a sério as alegações da SEC, elas não devem ser objeto de uma ação de fiscalização da SEC, muito menos em caráter de emergência”, acrescentou a nota, que garante que os ativos dos usuários na plataforma Binance.US não estão em risco.

“Todos os ativos do usuário na Binance e nas plataformas afiliadas da Binance, incluindo Binance.US, são seguros e protegidos, e nos defenderemos vigorosamente contra qualquer alegação em contrário.”

BNB é valor mobiliário?

O BNB, no entanto, não cai apenas pelo efeito indireto da briga da sua corretora de origem com os reguladores dos EUA. O processo da SEC faz uma acusação direta ao BNB, afirmando que o token se enquadra na sua classificação de valor mobiliário.

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Para fazer tal classificação, a SEC geralmente usa o Teste de Howey – surgido de um caso de 1946 da Suprema Corte dos EUA -, que classifica um ativo como valor mobiliário caso ele represente um contrato de investimento no qual um investidor financia um negócio com a expectativa de obter lucros com os esforços de terceiros.

Se uma criptomoeda entrar nessa classificação da SEC, portanto, as empresas que a oferecem devem seguir as leis de valores mobiliários dos EUA. 

Além da BNB, outras criptomoedas de peso do mercado, como  Solana (SOL), Cardano (ADA), Polygon (MATIC), também foram apontadas como valores mobiliários pela SEC e, da mesma forma, desvalorizam entre 24% e 29% no mês.

Como o head de Research e Investimentos da Viden.vc, João Kamradt, explicou em reportagem do Portal do Bitcoin, era esperado que as criptomoedas que se enquadram na classificação da SEC de valores mobiliários sofressem desvalorizações no curto prazo, pois correm o risco de perder liquidez, demanda e confiança dos investidores.  

“Os protocolos podem ser alvo de ações judiciais ou administrativas por parte da SEC ou de investidores que se sentirem prejudicados pela falta de registro ou divulgação adequada”, acrescentou. Também pode existir uma redução de oferta realizada por corretoras centralizadas. Por exemplo, após a investida da SEC contra a Binance e a Coinbase, a Robinhood anunciou que pode parar de comercializar criptoativos considerados valores mobiliários.” 

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Boatos de dump

O que também pode ter influenciado o preço do BNB nos últimos dias foi um boato que surgiu nas redes sociais de que a Binance e CZ estariam fazendo um grande despejo de bitcoin no mercado para financiar a compra de BNB a fim de diminuir a desvalorização da moeda.

Na noite de terça-feira (13), CZ foi ao Twitter desmentir os rumores que circulavam na rede social. “A Binance não vendeu BTC ou BNB. Ainda temos uma porção de FTT. É incrível que eles possam saber exatamente quem vendeu com base apenas em uma tabela de preços envolvendo milhões de traders”, ironizou CZ.

O empresário fez referência às publicações dos traders @JW100x e @52kskew, que apontavam correlações de preços de curto prazo entre grandes vendas de bitcoin e compras de BNB. 

Em meio às incertezas que cercam o mercado de BNB, investidores começaram a diminuir a exposição à moeda. Exemplo disso foi uma baleia — como são chamados os investidores que possuem grandes quantidade de criptomoedas — que despertou de dois anos de inatividade para vender parte do seu balanço de BNB.

O investidor anônimo vendeu no início da semana 10.000 BNB a US$ 230 cada, faturando US$ 2,3 milhões no trade, conforme mostrou a empresa de análise on-chain Lookonchain.

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