Ilustração deuam pessao defendendo uam moeda de bitcoin gigante
Foto: Shutterstock

Analistas de criptomoedas dizem que uma “mudança de paradigma” está reforçando o status do Bitcoin como um ativo porto seguro, à medida que ele ganha espaço com a chegada de novos investidores em meio à crise bancária dos EUA.

Após o colapso do bancos Silvergate, Silicon Valley Bank (SBV) e do Signature Bank, bem como a venda do gigante suíço Credit Suisse para seu rival UBS na semana passada, a maior criptomoeda do mundo tem alçado sua maior valorização desde junho de 2022.

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O Bitcoin acumula uma alta semanal de 17% ao longo dos últimos dias, de acordo com dados do CoinGecko, com um preço superior ao patamar de US$ 28 mil.

O rali foi em parte atribuído às expectativas de que o Fed, o BC dos EUA, possa desacelerar – senão acabar de imediato – com seu aumento nas taxa de juros, em resposta aos problemas do setor bancário. Isso, por sua vez, aumentaria o apetite ao risco dos investidores, o que tende a beneficiar ativos de risco como as criptomoedas.

Mas alguns comentaristas cripto procuraram enquadrar a ascensão do Bitcoin justamente como um fator contrário: algo impulsionado pela busca dos investidores contra risco.

Caitlin Long, fundadora e CEO do Custodia Bank, disse em um programa da CNBC que as crises bancárias tinham feito as pessoas ficarem “orange-pilled” (termo para quem passou a acreditar e investir em Bitcoin), em meio ao que ela descreveu como uma “mudança de paradigma” no sistema bancário tradicional.

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“Muitas pessoas estão acordando para a instabilidade no sistema financeiro tradicional e sendo orange-pilled, por assim dizer, e olhando para o Bitcoin pela primeira vez”, disse ela. “É um ativo escasso, assim como outros tipos de ativos escassos que são apólices de seguro contra a instabilidade do sistema financeiro.”

É hora do Bitcoin brilhar?

A recente crise aumentou novamente as esperanças de que o Bitcoin possa atuar como um porto seguro, ou seja, um tipo de investimento que atrai pessoas que querem proteger sua riqueza de mercados turbulentos.

Ouro, títulos do tesouro e certas moedas normalmente são as aplicações vistas como portos seguros.

O líder de cripto da ARK Invest, Yassine Elmandrja, disse em um boletim em coautoria com a fundadora do fundo, Cathie Wood, que os criptoativos têm o potencial de oferecer uma alternativa ao sistema bancário clássico.

“Diante das crises bancárias dos EUA e da Europa, a valorização do preço do Bitcoin sugere que a supervisão regulatória frouxa não teve impacto no ecossistema de criptoativos descentralizados, transparentes e auditáveis”, disse ele. “Muito pelo contrário, o Bitcoin e outros ativos digitais estão agindo como refúgios seguros.”

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O analista da CoinShares, James Butterfill, disse ao Decrypt ontem que o Bitcoin “não deixou de ser um [um ativo porto seguro], é apenas que os ativos “Porto Seguro” são geralmente sensíveis às taxas de juros, e como o Fed parece estar recuando de seus aumentos altamente agressivos das taxas de juros, o Bitcoin, como o ouro, está superando as expectativas.”

Para ver se a caracterização é válida, os analistas estão de olho na correlação entre Bitcoin e ouro, que historicamente tem sido usada para medir a confiança dos investidores na narrativa do porto seguro.

A diretora de pesquisa da Kaiko, Clara Medalie, disse ao Decrypt que o Bitcoin e o ouro se beneficiaram da turbulência bancária global, ajudando a correlação a atingir seus níveis mais altos desde janeiro.

“O ouro subiu mais de 7% este mês, impulsionado pela demanda por portos seguros, enquanto o Bitcoin subiu mais de 30% desde 12 de março”, disseram eles. “O movimento no setor cripto é impulsionado principalmente pela mudança das expectativas para o caminho da política monetária do Fed, com os mercados agora precificando cortes nas taxas já em junho.”

Ela acrescentou que um aumento nos detentores de Bitcoin de longo prazo, ou aqueles que detêm BTC por mais de um ano, também indica que a criptomoeda líder pode de fato estar servindo a alguns investidores como uma reserva de valor.

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