O criador da falida corretora de criptomoedas FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), ficou pouco mais de uma semana do ano passado trancado em uma das piores prisões do mundo: Fox Hill, a única cadeia das Bahamas.
O local é famoso por sua insalubridade. Infestado de ratos e com um grave problema de superlotação, os detentos que entopem as celas são obrigados a fazer suas necessidades em baldes de plástico.
Apesar do cenário grotesco no qual viveu em dezembro de 2022, Sam Bankman-Fried (SBF) diz agora que a pior parte da passagem pela cadeia foi ficar sem acesso à Internet.
Em entrevista à revista Forbes publicada na quinta-feira (26), SBF disse que a experiência mostrou o quão dependente ele é de sempre estar conectado a um computador. Isso não só devido ao trabalho ou as redes sociais, mas também aos jogos de fantasia online, como Storybook Brawl, do qual é fã assumido.
“Eu não percebi o quanto o acesso à internet é muito mais importante pra mim do que todo o resto das coisas combinadas. Isso foi cerca de 80% do custo total de estar na prisão”, diz Bankman-Fried.
Ele conta que, às vezes, conseguia acesso a um jornal local, mas o contato com o mundo externo era difícil, sofrendo devido ao limite de um telefonema de 30 minutos com familiares e amigos durante todo o período de detenção.
Apesar disso, SBF era autorizado a se encontrar com seus advogados das Bahamas todos os dias. Ele usava essas visitas para receber o que podia de informações externas. Antes dos encontros, ele enchia papéis de perguntas para sua equipe jurídica, principalmente sobre sua fiança e o processo de recuperação judicial da FTX.
A maioria das perguntas só seriam respondidas na visita do dia seguinte. “Eu estava tentando fingir que tinha uma conexão com a Internet com latência de um dia”, brinca SBF.
Ele assume que estava “ficando louco” sem a web e que esse foi um fator que pesou para ele aceitar ser extraditado de volta aos EUA, algo que se recusou firmemente a fazer logo que foi preso.
O dia a dia na prisão
Embora as autoridades das Bahamas tivessem garantido que Sam Bankman-Fried não receberia um tratamento especial na prisão, na prática o empresário não teve que passar pelos mesmos rigores que um detento qualquer.
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Ele, por exemplo, não ficou em uma cela comum, mas sim passou toda sua estadia na enfermaria de Fox Hill.
Bankman-Fried descreve que o quarto que compartilhou com outros cinco detentos na enfermaria era pequeno e tinha paredes verdes e amarelas. Ele diz que os colegas de quarto eram amigáveis com ele e não arrumavam problemas, embora alguns pedissem dinheiro emprestado.
Lá ele dormia no que descreveu como “a pior cama que você pode imaginar”, feita de papelão e um pedaço de plástico semi-macio. Sem travesseiro, ele se ajeitava com o paletó azul-marinho que vestia nas aparições no tribunal para ter algum tipo de conforto na hora de dormir.
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O momento de tomar banho e fazer as necessidades tampouco eram mais fáceis. Embora a enfermaria tivesse um banheiro privativo com porta — um luxo que as celas comuns não tinham —, SBF diz que só era possível dar descarga despejando um balde d’água no vaso.
Ele reclama que o chuveiro do tamanho de uma cabine telefônica estava mofado e, por isso, ele preferia tomar banho frio usando uma mangueira de jardim. Para se secar, ele usava uma pequena toalha de 7×12 centímetros.
As horas das refeições também eram complicadas para o empresário. Por ser vegano, a dieta de Bankman-Fried se resumia a frutas e pão velho com manteiga de amendoim.
Para escapar dessa condição, o ex-bilionário acabou cedendo à extradição para os EUA por meio de um acordo de fiança de US$ 250 milhões. Agora, ele passa os dias na frente do computador em uma casa na Califórnia, esperando chegar outubro para ser julgado pelos oitos crimes de que é acusado te der cometido à frente da FTX.
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