Após entrar no segundo mês de atraso de pagamento aos seus clientes, a Braiscompany agora enfrenta a acusação de calote na produção de um filme da qual teria se comprometida como sócia.
O humorista Lucas Veloso, que possui 1,3 milhão de seguidores no Instagram e é filho do comediante Shaolin, publicou na quinta-feira (5) uma série de stories denunciando a empresa, embora não tenha citado diretamente o nome da companhia nem de seu dono, Antonio Neto Ais.
Segundo Veloso, sua relação com a Braiscompany teria começado no início da pandemia, quando a empresa o procurou para que fizesse publicidade patrocinada dos serviços da companhia. A firma promete pagamentos aos clientes provenientes dos rendimentos que diz obter com a “locação de criptoativos”.
“Peço perdão”, diz Veloso sobre ter feito propaganda da Braiscompany. Além disso, recomenda: “Sai da empresa, vai embora. Pessoas que trabalham lá dentro me disseram que tem comissão compartilhada para quem leva cliente ganha comissão…o nome disso é o que?”, afirma, indicando acreditar ser uma pirâmide financeira.
No caso do ator, o atrito também se dá por conta de um filme. Veloso diz que a Braiscompany entrou como sócia e patrocinadora de uma longa que ele tem planos de fazer. Mas o dinheiro de fato nunca apareceu.
“Ele [se referindo a Antonio Ais Neto] dizia que não tinha consistência jurídica [o projeto do filme]. Mas já tinha sido aprovado na Ancine. Fechamos um negócio que ele entraria como patrocinador e sócio. Nem [veio] o dinheiro do patrocínio, nem o dinheiro da sociedade”, reclama Veloso.
O artista afirma que tanto acreditou na Braiscompany que colocou seu dinheiro na empresa e convenceu sua mãe e tias a fazerem o mesmo.
Segundo o ator, a empresa tem um modo de agir toda vez que são procurados para falar do investimento no filme. “Você tenta falar com eles e usam sempre a mesma estrategia: dizem que quem pode resolver está em uma reunião, aí quando liga de volta ele já foi para casa e quando tenta mais uma vez a pessoa embarcou para Dubai”.
O Portal do Bitcoin procurou a Braiscompany para obter um contraponto às declarações de Veloso, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem
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Braiscompany atrasa pagamentos
Parte dos clientes da Braiscompany chegou ao ano novo com o bolso vazio devido ao atraso — pelo segundo mês seguido — do pagamento dos rendimentos que a empresa diz obter com a “locação de criptoativos”, esquema acusado de ser pirâmide financeira por Tiago Reis, o CEO da Suno Research.
O último pagamento de 2022, programado para acontecer no dia 30 de dezembro, ainda não foi feito até esta quinta-feira (5) para parte dos clientes do grupo, chegando a uma semana de atraso.
Um investidor que tem R$ 15 mil presos na Braiscompany e que pediu para não ter seu nome divulgado, mostrou ao Portal do Bitcoin o e-mail em que a empresa justifica o atraso citando “inconsistências nos endereços de algumas carteiras”.
No e-mail, o cliente era obrigado a informar novamente seu endereço de Bitcoin (BTC) e Tether (USDT) de destino dos pagamentos, bem como enviar um vídeo de si mesmo confirmando as informações. Ele cumpriu todas essas solicitações na segunda-feira, mas até esta quinta não recebeu o pagamento prometido.
Atrasos em cascata
Foi o lançamento do Brais App, previsto para acontecer no dia 28 de dezembro, que causou o primeiro atraso dos pagamentos no dia 20 de dezembro, segundo a empresa.
O que chama atenção é o fato de que a Braiscompany não usa aplicativo ou um sistema interno para efetuar o pagamento dos clientes. Ao invés disso, envia os supostos lucros mensais diretamente para a carteira de bitcoin informada pelo usuário e mantida em corretoras de criptomoedas, como a Binance.
O aplicativo sequer foi lançado no dia previsto — embora a Braiscompany tenha feito uma grande festa para a ocasião, regada a champagne e atrações musicais — e segue fora do ar até hoje. Na confraternização, a empresa também anunciou a criação da sua própria criptomoeda, a Brais Token, cuja data de lançamento ainda não foi informada.
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