O CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, bloqueou no domingo (18), no Twitter, o investigador de blockchain chamado Mike Burgersburg, que ficou famoso por revelar fraudes nas empresas Celsius e FTX — e que agora tem a Binance como alvo.
No passado, CZ seguia Burgersburg e chegou a curtir um tweet do investigador que expôs a insolvência da Alameda Research e FTX, empresas de seu rival agora preso Sam Bankman-Fried.
Burgersburg, pseudônimo do investigador por trás do blog Dirty Bubble Media, postou a imagem na qual mostra o bloqueio pelo executivo, o que significa que ele não poderá mais ler os tweets de CZ.
Cheers, CZ. pic.twitter.com/pB1Op9zghu
— DIRTY BUBBLE MEDIA: TAI CHI (@MikeBurgersburg) December 18, 2022
Ironicamente, é possível que CZ tenha usado a investigação de Burgersburg para tomar a decisão de liquidar os tokens FTT que acabou desencadeando a corrida de saques na FTX e seu subsequente colapso.
A admiração de CZ pelo trabalho do Burgersburg, no entanto, acabou após o investigador publicar no final de semana um dossiê para questionar se a filial da Binance nos EUA não passa de uma empresa de fachada, criada para desviar a atenção dos reguladores americanos dos problemas da plataforma global.
A conclusão de Burgerburg é que, ao contrário do que CZ afirma, Binance.US não é uma entidade independente. Ele endossa essa acusação com evidências on-chain que mostram fundos sendo transferidos entre as duas empresas.
“Essas análises simples demonstram que os fundos dos clientes da Binance.US estão sendo enviados para a Binance e misturados com os ativos dos clientes da Binance. A Binance.US também está usando a Binance para realizar negociações com clientes enquanto finge ser uma entidade independente”, diz o investigador.
Ele afirma que a Binance.US atua como uma “fachada” para ofuscar o fato de que o dinheiro de investidores americanos está exposto a uma empresa cripto offshore não regulada nos EUA e sob investigação por lavagem de dinheiro e violações de sanções, como já denunciou várias reportagens da Reuters e Forbes.
Trocas de bilhões entre Binance e Binance.US
Mike Burgersburg baseia seus questionamentos sobre a real independência da Binance.US analisando as movimentações on-chain entre as duas corretoras no final de semana.
Leia Também
No sábado (17), a Binance.US suspendeu temporariamente os saques da stablecoin Tether (USDT) na sua plataforma. Esse bloqueio inesperado só aumentou a desconfiança – já existente – da comunidade cripto sobre a corretora ter ou não USDT suficiente nas suas carteiras para pagar os clientes, à medida que a reserva de USDT nas carteiras da Binance.US caia para US$ 197 mil, o nível mais baixo de todos os tempos.
O usuário do Twitter @jconorgrogan que acompanhava em tempo real o congelamento de saques da Binance.US, captou na blockchain um evento curioso: os saques voltaram a ser processados após a Binance.US receber, em uma única transferência, US$ 10 milhões em USDT.
USDT withdrawals seemed to have restarted again, after an injection of 9M USDT from https://t.co/G8E1EiAsBG pic.twitter.com/pMYRRm82lS
— Conor (@jconorgrogan) December 17, 2022
Logo em seguida, foi descoberto que a origem desses fundos eram duas carteiras conhecidas por estar sob controle da Binance global.
“Lembre-se, Binance e Binance.US são entidades supostamente separadas. No entanto, a Binance.US aparentemente teve que pegar dinheiro da principal exchange da Binance para pagar os saques dos clientes. Em outras palavras, os clientes da Binance.US foram pagos usando fundos transferidos da corretora offshore da Binance! Devemos perguntar, por que os ativos de clientes dos EUA foram mantidos em endereços da Binance?”, questionou Burgersburg.
Ele explica que essas transações foram descobertas analisando um endereço chamado “rail”, usado para movimentar fundos entre duas carteiras principais.
Desde a criação deste endereço em julho de 2020, ele intermediou a transferência de mais de US$ 1,4 bilhão em ether, USDT, USDC e MATIC das carteiras da Binance para a Binance.US.
Outra análise chegou a um segundo endereço que faz o trabalho oposto: transfere criptomoedas da Binance.US para a Binance global. Esse endereço transferiu mais de US$ 1,9 bilhão da Binance.US para a Binance, sendo a maior parte desse valor em stablecoins.
“Em outras palavras, a Binance.US está enviando fundos de clientes para a Binance. Concluímos que uma parte significativa dos depósitos de clientes da Binance.US são misturados com outros depósitos na principal corretora da Binance”, concluiu o autor do Dirty Bubble Media.
Participe da comunidade de criptomoedas que mais cresce no Brasil. Clique aqui e venha conversar no Discord com os principais especialistas do país.