O volume de operações com criptomoedas nas principais corretoras da Índia caiu drasticamente mais de 70% nos últimos dias. O fenômeno ocorre dez dias após entrar em vigor no país uma lei que cobra imposto de 30% sobre ganhos de capital com Bitcoin e demais ativos virtuais.
De acordo com dados coletados pela empresa de pesquisa Crebaco Global, pelo menos quatro das maiores bolsas de criptomoedas indianas tiveram quedas de volumes acima dos 40%. Na WazirX, por exemplo, que é maior corretora cripto do país, o volume caiu 72%.
Outras empresas também seguem o ritmo: 59% de queda no volume da ZebPay; 52% na CoinDCX; e 41% no BitBns. Os volumes de negociação foram medidos em dólares americanos. Uma reportagem do site Outlook revela que a Índia tem mais de 10 milhões de usuários de criptomoedas.
Não é possível afirmar com certeza total que a queda nos volumes de negociação se deve à nova lei tributária, já que a queda de volumes nas corretoras indianas está alinhada com uma tendência global, disse o Coindesk ao comentar o assunto.
No entanto, segundo o site, alguns players do mercado acreditam que o novo imposto é o principal fator na queda de volumes, como Sathvik Vishwanath, cofundador e CEO da Unocoin. Para ele, também, isso não deve durar muito:
“Alguns traders reclamaram que na maioria das vezes estão hesitando na hora de comprar ou vender criptomoedas. O imposto de renda de 30% não é plausível e isso será alterado com o passar do tempo”.
Imposto sobre criptomoedas na Índia
Para o CEO da Crebaco, Sidharth Sogani, o imposto é cobrado sem a compreensão do potencial da classe de ativos.
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O imposto sobre bitcoin e criptomoedas foi aprovado pelo Parlamento da Índia no dia 24 de março. Além do imposto sobre ganhos de capital, os indianos que fazem transações com criptomoedas também serão tributados em 1% sobre sua renda.
A proposta de cobrar impostos sobre criptos partiu da ministra das Finanças Nirmala Sitharaman. Players do setor cripto tentaram então persuadir os legisladores a abrandar o imposto participando de reuniões com as bancadas e publicando vários artigos sobre o tema. No entanto, as ações foram em vão.
Esse tipo de imposto tem semelhança ao Imposto de Renda brasileiro. Na Índia, é chamado ‘Tax Deducted at Source’ (TDS). No entanto, uma das críticas entre os parlamentares indianos que foram contra a taxação é sobre o conceito de criptomoeda, o que não foi definido pelos reguladores.
A parlamentar Shiv Sena, por exemplo, diz que o governo está basicamente tributando algo que não conhece.
“Tributar algo cuja classe de ativos não foi identificada na Índia não vai funcionar. Então, o governo está basicamente dizendo que não sabe se as criptomoedas são legais ou ilegais, mas vai tributá-las”, disse Sena, segundo o Outlook.
Quem pensa diferente é Jaynti Kanani, cofundador da Polygon — que é indiano da cidade de Ahmedabad. Para ele, chegou a hora de o governo da Índia começar a apoiar a indústria de criptomoedas e por mais improvável que pareça, pode começar com essa nova lei tributária.