Depois que o governo da Venezuela distribuiu um bônus de Natal na criptomoeda nacional Petro a aposentados, pensionistas e servidores públicos, eles foram às compras, mas enfrentaram até 7h de fila em supermercados. O problema é a falta de comércios que aceitam o meio de pagamento.
O bônus pago a aposentados e pensionistas, 0,5 Petro, equivale a US$ 30 — uma quantia razoável em um país onde a inflação em bolívares é duplicada por causa dos preços em dólares, conforme o UOL.
Entretanto, usufruir do novo meio de pagamento passou a ser um tanto complicado. Primeiro, que para receber pelo governo o servidor tem que estar cadastrado na plataforma da Petro criada pelo estado.
No entanto, o maior problema está na quantidade de comércios que aceitam a criptomoeda. Com uma população de cerca de 32 milhões, o país possui apenas 4.800 empresas que trabalham com a Petro.
Horas de fila para gastar Petro
Segundo a reportagem, a aposentada de 70 anos, Leonor Diaz, disse que é uma humilhação fica em uma fila por até sete horas. Em uma de suas idas ao supermercado, em Caracas, ela teria ficado por pelo menos cinco horas na fila.
Na Venezuela existem duas maneiras de realizar pagamentos em petro: ou por um sistema biométrico ou pelo aplicativo móvel. Para a servidora pública Doris Lozada, por exemplo, o aplicativo da petro é complicado de se usar.
No entanto, há quem gostou da ideia e não vê dificuldade para transacionar petros. De acordo com o UOL, também tem elogios: “A petro é boa. Agradeço ao nosso presidente”, diz o relato do aposentado Rafael Espinoza, de 66 anos.
Enaltecendo a Petro, no Twitter, o presidente venezuelano Nicolás Maduro disse que seu ‘feito’ é um exemplo para o mundo:
“A Petro é uma maravilha e um milagre que atinge nossos trabalhadores, trabalhadoras, aposentados e pensionistas do país para poderem realizar suas compras. É uma experiência nova e extraordinária da nossa economia”, disse Maduro no sábado (28).
Venezuela força uso da Petro
A Petro foi criada com o objetivo de contornar as sanções econômicas impostas à Venezuela pelos Estados Unidos.
Contudo, por ser uma criptomoeda controversa desde o projeto inicial, o governo não conseguiu a confiança o suficienteda população e acabou ‘ditando’ regras que forçam o uso da Petro.
Maduro começou a realizar ações para praticamente obrigar o uso da Petro pela população. Para isso, determinou até mesmo que o principal banco do país, o Banco de Venezuela, aceitasse a criptomoeda.
Em resumo, o projeto Petro desde seu white paper dá sinais de centralização — o que vai contra a característica intrínseca da tecnologia que surgiu com o bitcoin, que é a descentralização.
Outro ponto é onde estaria o petróleo que dá lastro ao à criptomoeda.
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