A Trezor, fabricante de carteiras de hardware de criptomoedas, afirmou nesta sexta-feira (28) que irá remover no próximo mês o protocolo Address Ownership Proof Protocol (AOPP), projetado para acomodar a implementação de requisitos antilavagem de dinheiro através do registro conheça seu cliente (KYC, na sigla em inglês).
A implementação do AOPP gerou reclamação de clientes nas redes sociais, pois a solução compartilha dados da identificação de usuários de carteiras de bitcoin privadas, ação abominada pela comunidade cripto.
Em resumo, o AOPP é uma maneira automatizada de compartilhar provas de que um usuário possui uma carteira privada de criptomoedas ao fazer transações com uma exchange regulamentada, um pré-requisito, por exemplo, de jurisdições como a Suíça.
“Na Suíça, um Virtual Asset Service Provider (VASP) — qualquer intermediário financeiro que lide com ativos criptográficos, como Bitcoin — é legalmente obrigado a exigir prova de propriedade do endereço da carteira de um cliente antes que saques e depósitos possam ser feitos. AOPP é uma solução simples e automatizada para fornecer prova de propriedade do endereço de uma carteira externa”, explica o site da AOPP.
“Parece assustador”, escreveu um usuário do Twitter. Junto à publicação, uma imagem que sugere o que faz a solução AOPP: identifica o dono da carteira. “Quantos países exigem isso agora, o KYC de uma carteira privada?”, acrescentou.
Em resposta, a Trezor disse em nota que após uma análise cuidadosa dos comentários recentes, vai remover Address Ownership Proof Protocol (AOPP) na próxima atualização do Trezor Suite e que vai fornecer um guia para verificação manual de endereços.
“Nosso único objetivo era facilitar a retirada para autocustódia para usuários em países com regulamentações rígidas, mas reconhecemos que mais danos do que benefícios poderiam ser causados se isso fosse visto como compliance proativa com regulamentações com as quais não concordamos”, disse.
A Trezor acrescentou que a implementação da AOPP não foi uma medida tomada devido a qualquer pressão externa, regulatória ou não, e que não estão previstas implementações semelhantes. Disse também que se opõe “firmemente” à implementação de regulamentação que infrinja a privacidade.