Uma nova startup quer produzir o primeiro longa-metragem completamente financiado por tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) em uma tentativa de acabar com o o que chamam de “clube da velha-guarda” da indústria cinematográfica.
A NFT Studios irá emitir NFTs para financiar a produção da comédia dramática “A Wing and a Prayer” (algo como “Uma Asa e Uma Oração”, em português), baseada na história real de Brian Milton, o primeiro homem a circum-navegar o globo em uma aeronave ultraleve.
A produção americana e britânica quer começar as filmagens em abril de 2022 em Malta e Londres e busca ser o “primeiro longa-metragem a ser financiado apenas pela emissão de tokens NFT”.
Invenção do produtor executivo de Hollywood Niels Juul, a NFT Studios é parcialmente financiada por um apoio de US$ 1 milhão da britânica NFT Investments. Suas produções serão financiadas por distribuições de NFTs com base nos filmes em sua lista de produções.
“As distribuições de NFTs vem com vantagens a nível de produção executiva, como ir ao set de filmagens durante um dia, conhecer alguns dos talentos, ganhar coisas como materiais e comparecer às estreias física e digital”, explicou Jonathan Bixby, presidente executivo da NFT Investments e cofundador da empresa de mineração de bitcoin Argo Blockchain.
Os tokens também darão aos apoiadores uma participação dos lucros do filme, afirmou Bixby. “Basicamente, a ideia é compartilhar a vantagem dos resíduos de um filme a longo prazo.”
Criando uma comunidade cinematográfica
O objetivo, segundo Juul, é “democratizar o processo” da produção de filmes e fazer com que “uma audiência engajada que também são nossos investidores estejam [envolvidos] no filme ao mesmo tempo”.
Ele argumentou que NFTs e cripto representam o início de “uma nova era” na criação, distribuição e financiamento de filmes. “É outro passo na direção de reduzir a distância entre criadores e suas audiências.”
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“Existe um clube da velha-guarda em Hollywood que receberá um alerta sobre isso”, afirmou.
NFTs representam uma mudança na governança da propriedade intelectual (ou IP) de estúdios centralizados a uma comunidade de fãs, argumentou Bixby: “Se você pensar no que estamos fazendo, estamos possuindo a IP desde o início. Em seguida, essa governança é traduzida às pessoas que irão se beneficiar com isso: os fãs e a comunidade”.
A indústria cinematográfica e os NFTs
A indústria cinematográfica não demorou para aproveitar o potencial dos NFTs, tokens criptografados únicos que podem ser usados para comprovar a governança de conteúdos, como arte, música ou vídeo.
Estúdios cinematográficos lançaram NFTs junto com “blockbusters”, incluindo “Duna” e “Homem-Aranha: sem Volta para Casa”. Além disso, uma recente briga entre a Miramax e o diretor Quentin Tarantino de sobre NFTs com base no filme “Pulp Fiction: Tempo de Violência”, ilustram a importância que Hollywood atribue à crescente tecnologia.
Enquanto isso, conforme projetos NFT, como CryptoPunks and Bored Ape Yacht Club (ou BAYC), explodem em popularidade, seus criadores correram para garantir representações seguras para possíveis projetos cinematográficos e televisivos.
Alguns pioneiros já tentaram distribuir filmes na forma de NFTs.
Da parte do NFT Studios, estão focando em tirar “A Wing and a Prayer” do chão. Mas têm ambições maiores. “Tenho cerca de nove projetos que estão de lado, esperando por esses tipos de oportunidade”, afirmou Juul.
“Alguns são um produto amplamente comercial, alguns são temáticos e alguns, honestamente, também têm uma agenda de política social. Gostaríamos de ter filmes que passam uma mensagem positiva para o mundo; se pudermos fazer isso ao mesmo tempo em que pudermos criar comunidades, seria melhor ainda.”
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização de Decrypt.co.