Sistema de pagamento pelo WhatsApp vai ser capaz de concorrer com o Pix?

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Foto: Shutterstock

O Facebook deu novo passo dentro do mercado financeiro brasileiro com o anúncio da função de envio e recebimento de pagamentos por meio do WhatsApp. O movimento ocorre cinco meses antes da entrada em operação do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central.

A existência das duas aplicações em um futuro próximo no mercado brasileiro gera curiosidade sobre como vai se comportar a ferramenta recém-lançada pela big tech.

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“Acho que essa função do Facebook Pay tem um grande potencial. Eles correram para lançar antes de novembro, justamente para dar uma tração no produto e criar um hábito de uso junto a uma população que já adota muito o WhatsApp”, diz Bruno Diniz, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e autor do livro “O Fenômeno Fintech”.

Capilaridade do WhatsApp

O WhatsApp tem cerca de 120 milhões de usuários no Brasil, o que faz dele o segundo maior mercado para o aplicativo no mundo – atrás somente da Índia, com 200 milhões.

Essa capilaridade no país, aliás, é um trunfo na mão do Facebook, que conta ainda com dados de usuários a partir de suas outras aplicações — como a rede social homônima e o Instagram.

“As big techs estão indo para ocupar esse espaço antes centrado por bancos, e faz todo sentido, considerando que elas já detém boa parte de mídia, atenção e dados”, afirma Rudá Pellini, cofundador Wise&Trust e autor do livro “O Futuro do Dinheiro”.

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A partir de novembro, no entanto, essa estrutura do Facebook terá a companhia do novo sistema de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central.

Concorrente ou complementar?

O PIX, como é conhecido, tem justamente como premissa fazer uma transação financeira se tornar tão simples quanto o envio de uma mensagem por WhatsApp.

O sistema começa com pelo menos 140 instituições aderentes, de acordo com o relatório mais recente do Banco Central. Entre elas, por força da regulamentação, estão todas as instituições com mais de 500 mil contas ativas, justamente para acelerar sua adoção pelo mercado.

É esse mesmo mercado que passa a contar cinco meses antes com uma possibilidade de pagamentos por meio do popular aplicativo de mensagens. Ele se aplica, primeiro para os clientes de parceiros “de largada” do serviço — Banco do Brasil, Nubank e Sicredi, todos aderentes direitos ao PIX.

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“Após novembro vai ter um cenário mais competitivo, até pela infraestrutura do PIX. Vamos ver se até lá se o Facebook vai criar a cultura de uso da ferramenta”, pondera Diniz.

Para Tamara Ferreira Schmidt, especialista em mercado financeiro e pesquisadora da área de fintechs, o pagamento do WhatsApp é um sistema “pré-PIX”. “Ele tem muitas características similares. Não tem custo para o cliente e tem facilidade no uso, já que não requer dados da conta bancária como agência e número de conta”.

Já Pellini crê que a chegada do PIX também pode ajudar a ampliar esse escopo inicial do pagamento via WhatsApp.

“Considerando que o PIX é um sistema autorizado pelo BC e consegue integrar os principais players, sejam instituições de pagamento ou de crédito, ou até mesmo bancos, acaba facilitando muito mais a vida, inclusive da integração com o WhatsApp que o Nubank, BB e Sicredi, já fariam. Com o PIX, ele vem com mais força de adoção”.

Schmidt, no entanto, observa um cenário de concorrência em futuro próximo entre os dois sistemas. “Se o Facebook Pay não se integrar com o PIX, teremos os dois serviços concorrentes em breve”.

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Consumidores e lojistas

O ganho maior da entrada em cena dos dois serviços deve ficar para o consumidor final, que ganha novas opções para realizar suas transações financeiras.

Pellini acredita que a taxa de 3,99% cobrada do lojista pode ser uma desvantagem diante de um mercado que caminha a passos largos para a redução de intermediários e de taxas. Mas também cita que comodidade oferecida pelo WhatsApp pode ser um atrativo:

“Se você conseguir aumentar essa porcentagem da margem no valor do produto e repassar esse custo para o consumidor e o negócio funcionar e esse consumidor pagar pelo conforto, por que não funcionaria? Devemos considerar também que esse valor pode diminuir e quem vai determinar se está caro ou barato é o consumidor”.

Além de uma opção a mais para o cliente, Diniz também aposta no papel do comerciante para disseminação deste ou daquele serviço: “O próprio lojista é que vai ditar esse movimento. Ele tem um poder grande de ajudar na adoção de ferramentas”.


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