Imagem da matéria: Ronaldinho Gaúcho cria marketing multinível depois de fracasso com criptomoeda
(Foto: Shutterstock)

Depois de lançar uma misteriosa criptomoeda no ano passado, o jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho criou a empresa de Marketing Multinível (MMN) ‘18kRonaldinho’, um empreendimento com relógios que já tem cerca de 2.300 associados.

Sem se identificar, a reportagem do UOL participou de uma palestra da empresa e viu jovens sendo incentivados a largarem seus empregos para aderir ao negócio.

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Conforme a reportagem, a maioria dos presentes era de classe média ou baixa e fãs de Ronaldinho. A reunião aconteceu na quinta-feira (21) em São Paulo.

“Troquei tudo porque acredito no projeto da 18kRonaldinho”, disse um dos palestrantes chamado Maicon Douglas, conforme a matéria.

Em um vídeo promocional, uma frase de Ronaldinho chama a atenção. O texto diz que ele criou a empresa por gratidão e para dar oportunidade de seus fãs prosperarem — há também um vídeo no Youtube com detalhes sobre o negócio.

A empresa de Ronaldinho Gaúcho

Segundo a reportagem, ao pagar R$ 999 o associado recebe quatro relógios, vende cada um por até R$ 600 e fica com o lucro. A marca do relógio foi criada pelo empresário Marcelo Lara, que junto com o atleta fundou a 18kRonaldinho.

Caso o cliente não possa pagar essa quantia, ele pode entrar com um investimento menor, mas ele só vai poder vender os produtos pela internet numa página específica criada pela empresa. Desta forma ele irá obter uma remuneração apenas pela divulgação.

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A empresa oferece viagens a quem conseguir uma certa pontuação. Conforme a matéria, a cada novo membro indicado ou venda feita, o associado ganha pontos.

A venda de um relógio, por exemplo, gera 150 pontos e a indicação de um novo membro gera 500. Para ter direito a uma viagem a Bora Bora, por exemplo, o associado precisa juntar 3 milhões de pontos em três meses.

“Ou seja, para ter direito à viagem, um associado teria que vender 20 mil relógios. Ou indicar 6 mil pessoas”, diz o artigo.

Foco não é o produto

Quando o diretor Athos Trajano fez seu discurso, ele disse que hoje seu foco é chamar as pessoas e não divulgar muito o produto. “Nem faço propaganda do relógio”, ressaltou.

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Ele contou que recuperou seu investimento inicial em quatro meses.

“Nenhuma empresa sobrevive no mercado vendendo produto, as empresas vendem histórias”, disse Trajano, citando em seguida o criador da Apple, Steve Jobs.

Delegado da Polícia Civil comentou

Considerando como Trajano diz estar trabalhando no negócio, abre-se a questão se isso é legal ou ilegal.

De acordo com o delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Fernando Branco, um negócio passa a ser ilegal quando a empresa começa a dar uma “desimportância” à venda do produto e enfatiza a aquisição de novos membros, pontuou a reportagem.

Branco foi o responsável pelas operações que descobriram o golpe com bitcoin da D9 Clube de Empreendedores no ano passado. Segundo ele, esse modelo de negócio é bom para quem está no topo da pirâmide, mas quem vem abaixo acaba saindo no prejuízo.

Diretor afirma não ser pirâmide

De acordo com o CEO Bruno Rodrigues, a 18kRonaldinho não pode ser considerada uma pirâmide porque ela não garante um retorno financeiro.

“Com a gente, a pessoa faz um investimento baixo, usa os produtos e participa de uma estrutura para se desenvolver e aumentar o mercado para o produto. Nosso sistema é meritocrático, não de quem chegou primeiro”, disse.

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Ele explicou que o lucro não está ligado ao valor investido, mas na energia e na disposição de quem se associa.

Criptomoeda do Ronaldinho Gaúcho

Em julho do ano passado, Ronaldinho Gaúcho anunciou um projeto de uma criptomoeda com o seu nome chamada Ronaldinho Soccer Coin (RSC).

Com a venda dos criptoativos através de um Oferta Inicial de Moedas (ICO) o projeto visava a construção de estádios digitais, academias virtuais, plataformas de apostas, sistemas de doações e pagamento, entre outras.

Seis meses depois do lançamento, mais precisamente na última semana de janeiro deste ano, o Portal do Bitcoin foi verificar como andava o empreendimento.

A venda estava sendo realizada por smart contract, mas não era transparente, pois as informações técnicas disponíveis eram bem poucas.

Havia uma certa confusão no site que afirmava ter parado as vendas no dia 25 de agosto, enquanto no Twitter havia um aviso fixado dizendo que as vendas ocorreriam entre os dias 1 e 21 de novembro.

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Contudo, ao criar uma conta para realizar a compra aparecia um aviso informando que ela não poderia ser feita. O que se sabe é que as moedas foram vendidas em alguma data, pois há usuários que compraram, além de ter acontecido um airdrop que entregava 50 moedas.

Parece haver um desencontro de informações entre a equipe de desenvolvimento e os responsáveis pela comunicação, o que acaba tornando o projeto bastante confuso e desorganizado. Havia também um WhitePaper no site, que por algum motivo foi removido, mas pode ser lido por outro site que o hospedou.

O Roadmap presente no White Paper afirmava que ainda em 2018 a RSCoin estaria sendo negociada em exchanges, mas estamos em 2019 e nada aconteceu. Nesse momento, deveríamos já estar vendo a plataforma de e-commerce e a academia Ronaldinho.


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