O desafio para o mercado de tokenização do Brasil é conseguir fazer com que os reguladores olhem para essa atividade com “pensamento de base zero”. Essa definição foi feita por Vanessa Butalla, diretora-executiva de Jurídico do MB (Mercado Bitcoin), em participação em painel de debate neste sábado (10) na Bitsampa, que ocorre durante o final de semana na cidade de São Paulo.
“Pensamento de base zero”, explica a executiva, é olhar para uma estrutura nova sem tentar encaixá-la em algo já existente. Essa é uma tendência natural do mercado regulatório e que, ressalta Butalla, é difícil de ser superada.
O debate ganhou força após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitir um ofício dizendo que tokens de renda fixa seriam valores mobiliários e precisariam de aprovação prévia para serem ofertados.
As empresas do setor se reuniram com o regulador e agora há a expectativa de ser lançada em breve uma explicação mais detalhada dos limites da atividade de tokenização.
“A gente chama parte dos nossos produtos de renda fixa digital e isso é um esforço de comparar produtos tradicionais para ficar mais fácil para as pessoas entenderem, Mas no fundo, é algo totalmente novo”.
Butalla afirma que um passo fundamental é justamente “olhar para essas estruturas novas com pensamento de base zero”.
Enquanto isso não ocorre, existem alternativas para o mercado não ficar congelado.
“A alternativa enquanto não vem algo novo é usar uma estrutura que já existe, com ressalvas, para que os tokens continuem sendo ofertados ao público”, afirma.
Nesse sentido, Butalla aponta que o modelo mais adequado é o aprovado pela CVM de crowdfunding para financiamento de startups.
“Não foi para isso que essa estrutura foi criada , mas enquanto não tem algo novo de verdade, é uma alternativa para o mercado continuar existindo”, diz.