Apesar de não ser um cenário exatamente novo, tem chamado atenção neste ano a disparada de preços dos aluguéis de casas em Portugal. E entre incentivos do governo e impacto da crise, um dos fatores que ajuda a explicar a situação é o mercado de criptomoedas, com a forte entrada de profissionais estrangeiros que transformaram o país num centro cripto global.
Dados recentes do índice Housing Anywhere mostram que, no segundo trimestre, Lisboa se tornou a cidade com o aluguel mais caro da Europa, com um valor médio de € 2,5 mil. O valor é muito superior ao salário mínimo do país, de € 760, ou mesmo da média salarial, de € 1,5 mil.
E esse não é um fenômeno apenas da capital. Porto também chamou atenção no índice como a cidade em que o preço do aluguel de um quarto mais subiu no trimestre, com uma média de 22,5%.
Além da forte entrada de estrangeiros por conta dos incentivos fiscais e dos programas do governo, a inflação é outro fator que puxa os preços: Portugal registrou em julho uma taxa de inflação de 4,7%.
Por que Portugal virou um paraíso cripto
Uma parte desses números pode ser explicada pela pujança da indústria cripto no país. Portugal começou a se tornar um paraíso para os em 2016, quando a autoridade fiscal do país decidiu que criptomoedas como o Bitcoin não tinham curso legal e que, por consequência, eram isentas de tributação, o que atraiu muitas pessoas para a região.
Essas regras tributárias mudaram este ano, mas uma questão ainda atrai muitos participantes do setor. Portugal tem sido um dos países mais pró-cripto da Europa, aberto a acolher e aceitar empresas do ramo.
Além disso, desde outubro do ano passado, o governo aprovou um programa de visto para os chamados nômades digitais, permitindo que trabalhadores remotos vivam e trabalhem em Portugal, seja de forma temporária ou no longo prazo.
Para ser elegível, os candidatos devem ganhar pelo menos quatro vezes o salário mínimo nacional, cerca de € 3.040, por mês, sendo possível ainda ganhar residência permanente ou cidadania após cinco anos. Isso mantém a atratividade do país para estrangeiros.
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Em entrevista ao site BeInCrypto, Pedro Borges, CEO do Mercado Bitcoin Portugal (antiga Criptoloja), explica que mesmo após o fim das isenções fiscais, o governo continuou a adotar uma abordagem aberta ao mundo cripto, o que tem sido positivo. A empresa foi a primeira a receber uma licença para operar como corretora de criptomoedas em Portugal e também foi a primeira bolsa cripto do país.
Lisboa, capital cripto
Hoje, Lisboa aparece como o principal destino para entusiastas de criptomoedas em todo o mundo, segundo relatório da empresa Greenfield. Com isso, a capital portuguesa superou nomes conhecidos como Nova York, Berlim e Paris.
A empresa consultou 68 fundadores de projetos cripto com forte presença europeia no início deste ano e o resultado foi que Lisboa foi chamada de “a capital cripto da Europa”.
Para 50% dos entrevistados, a cidade foi considerada o hub cripto mais importante do mundo, com Nova York e Berlim empatadas na segunda colocação com 35% das menções cada.
Por outro lado, os consultados disseram não gostar do termo “hub cripto”, já que atribuem vantagens diferentes dependendo da cidade. Para Lisboa, por exemplo, eles citaram um forte cenário de finanças descentralizadas (DeFi), além da atratividade fiscal da cidade, segundo a pesquisa.
Já Nova York foi citada como uma cidade que oferece bom acesso a capital de risco e conferências Tier 1.
Berlim tem uma forte “cultura de startup europeia, um notável histórico de criptografia e um dos melhores e mais ativos pools de desenvolvedores do mundo”, diz a pesquisa, enquanto Paris é conhecida por sua cena cripto, além dos ecossistemas Web3 e de tokens não fungíveis (NFTs).
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