A iniciativa de moeda virtual criada pelo Facebook foi finalmente revelada, após meses de especulação. A missão do projeto é “criar uma moeda global e uma infraestrutura financeira que dê poder a bilhões de pessoas”.
Seus criadores dizem também que o objetivo é “reinventar o dinheiro, transformar a economia global, para que as pessoas em todos os lugares possam ter vidas melhores”. É um plano ambicioso, que se bem executado pode transformar a história do dinheiro.
Entenda os principais pontos da iniciativa:
1 – É uma moeda estável
A emissão da Libra é garantida por depósitos de moedas fortes como o dólar. Diferentemente do Bitcoin e a primeira geração de moedas virtuais com valor na confiança do sistema. Dessa forma, a Libra tenderá a ter um valor que varie pouco, o que tornará possível usá-la no dia a dia. Esse tipo de moeda virtual com preço estável é conhecido como stablecoin (moedas estável).
2 – 100 grandes empresas são esperadas em 2020
Facebook criou a Libra, mas ela será mantida por diversas empresas chamadas de membros fundadores. A meta é que estas empresas cheguem a 100 até o meio de 2020. A lista de fundadores abaixo traz nomes de peso, mas notam-se ausências importantes: Nenhum banco está apoiando o projeto, nem gigantes como Google, Apple, ou Amazon:
Os fundadores da associação são:
- Pagamentos : Mastercard, PayPal, PayU (Empresa de pagamentos do fundo Naspers), Stripe, Visa
- Tecnologia: Booking, eBay, Facebook, Farfetch, Lyft, MercadoPago, Spotify, Uber
- Telecomunicações : Iliad e Vodafone
- Blockchain: Anchorage, Bison Trails, Coinbase e Xapo
- Fundos: Andreessen Horowitz, Breakthrough Initiatives, Ribbit Capital, Thrive Capital, Union Square
- ONGs: Creative Destruction Lab, Kiva, Mercy Corps, Women’s World Banking
3 – Facebook criou uma carteira digital para a Libra
Alem de liderar o desenvolvimento da moeda, o facebook criou também a Calibra, uma empresa independente que está lançando seu primeiro produto: uma carteira digital para que você possa usar suas Libras.
O site da carteira é o http://calibra.com
4 -Bolso fundo para ser do time de fundadores
Quer ajudar a manter a rede da nova moeda? É preciso ter bala na agulha para se juntar ao grupo das empresas fundadoras. Algumas dos critérios para as empresas candidatas são:
- Ter valor de mercado de mais de um bilhão de dólares, ou maior que 500 milhões de dólares em saldos de clientes
- Ter 20 milhões de clientes e atender mais de um país
- Ser uma marca reconhecida globalmente, segundo os critérios que eles especificaram
Existem outros critérios para ONGs, empresas de criptomoedas e universidades. Mas é um clube bem seleto.
5 – Governos já estão preocupados
A Fundação Libra vai ter muito trabalho para convencer os legisladores globais. Os governos de França, Alemanha e Estados Unidos, entre outros, já se manifestaram no dia do lançamento da moeda, 18 de Junho, querendo explicações e trazendo preocupações à tona. Na visão destes dois governos é um risco uma empresa que não é financeira se metendo a ser um “banco global”.
6 – Facilidade de uso é chave
O mundo da tecnologia está discutindo se a tecnologia utilizada pela Libra é ou não blockchain, se a moeda é descentralizada ou não e se será aceita ou não.
Acredito que estas discussões são válidas. Mas para mim o principal ponto é: o Facebook, assim como diversas empresas que fazem parte do grupo fundador são famosos por criar produtos muito amigáveis e fáceis de usar.
O mundo das moedas virtuais ainda não conseguiu criar soluções que cheguem ao cotidiano das pessoas. Acredito que a facilidade de uso finalmente será criada no mundo das moedas virtuais graças à Libra.
7 – Mais do que moeda virtual
Dinheiro é só o começo. A Fundação Libra está criando uma estrutura genérica para diversos usos e não apenas moeda virtual. Em seu artigo inicial (whitepaper) eles já falam que criarão um banco de dados de identidades. Ou seja, a mesma estrutura vai ser usada para criar uma espécie de RG mundial, entre outras aplicações.
8 – Dinheiro na mão de todos
Por fim, em meu ponto de vista, ter uma moeda moeda virtual no WhatsApp, Facebook e Instagram tem mais a fazer pela inclusão bancária que qualquer outra iniciativa atual.
Sobre o autor
Rodrigo Batista é o fundador do Mercado Bitcoin, empresa que deixou em janeiro de 2019. É sócio-fundador da nTokens.com, empresa de stablecoins e tokenização de ativos criadora da stablecoin RealVirtual. Trabalhou no mercado financeiro por 18 anos e em 2012 migrou para o mundo cripto.