O que é Uniswap e Liquidity Mining? Um guia rápido

Como funcionam as plataformas descentralizadas de criptomoedas
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Foto: Shutterstock

A Uniswap é uma corretora de criptomoedas descentralizada (DEX) instalada no sistema Ethereum. Ela faz parte do ecossistema DeFi da blockchain e permite que usuários troquem criptomoedas e tokens e façam outras operações financeiras, sem a necessidade de intermediários.

Foi criada em 2 de novembro de 2018 por Hayden Adams. Seu token de governança, o UNI, teve uma distribuição inicial por airdrop em 16 de setembro de 2020. O token se valorizou consideravelmente, trazendo ainda mais interesse e atenção da comunidade para com a DEX. Ele chegou a ser negociado acima dos US$ 40 em maio de 2021. No ranking de capitalização de mercado das criptomoedas, o UNI está em 11º lugar, com US$ 9,2 bilhões. Hoje, sua cotação é de cerca de US$ 18.

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Funcionamento

Corretoras descentralizadas trazem vantagens quando comparadas às centralizadas, incluindo menos problemas relacionados a centralização de taxas arbitrárias, gestão ineficiente ou riscos de invasão por hackers. Contudo, as DEX podem apresentar entraves com falta de liquidez, o que influencia na velocidade e eficiência de execução das transações.

Um dos motivos para o rápido crescimento da popularidade da Uniswap foi a nova proposta de fornecimento de liquidez através de pools. Ao invés de sempre parear um comprador e um vendedor, cada vez que uma transação precisa ser executada, a DEX usa um AMM (Formador Automático de Mercado): um sistema que utiliza equações matemáticas automáticas (contratos inteligentes) e pools de liquidez para operar.

Em cada pool de liquidez são depositados dois ativos, que respeitam a equação x * y = k. As variáveis x e y representam a quantidade de tokens, por exemplo ETH e outro ERC20, e k é uma constante fixa. Quando um token do par aprecia ou deprecia devido a operações de compra e venda de usuários, o outro token será comprado ou vendido para compensar a diferença e manter o valor de k constante. O Uniswap busca balancear o valor dos tokens e trocá-los em função da oferta e procura: o quanto as pessoas desejam comprá-los ou vendê-los.

Os usuários podem se tornar fornecedores de liquidez, bloqueando seus tokens ERC20 nas pools de liquidez — algo parecido com depósitos bancários. A DEX, por ser descentralizada, não busca acumular lucro com taxas de transação, como as corretoras tradicionais. Ao invés disso, os fornecedores de liquidez (LP) recebem 0,3% das taxas como incentivo pelo depósito. O restante das taxas é usado para pagar a execução dos contratos inteligentes da rede Ethereum, sem acumulação de excedentes de capital.

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Essa estratégia de recebimento passivo de lucros por fornecimento de liquidez é conhecida como liquidity mining. Existem dApps específicos que gerenciam os fundos dos investidores, retirando-os e reaplicando-os constantemente em diferentes pools de liquidez. Estes protocolos, como o Yearn Finance, procuram otimizar os ganhos automaticamente através da busca por pools de maior rendimento em tempo real.

Listagem de novos tokens ERC20

A plataforma permite que qualquer token seja disponibilizado para negociação. Cada token possui seu próprio pool e contrato inteligente. Se o par ainda não existir, ele pode ser criado por qualquer usuário. Para a criação de um pool, é preciso depositar uma quantidade de ETH e do token ERC20, com valores iguais. A partir daí, qualquer um pode contribuir com a liquidez da pool e receber os 0,3% de taxas de todas as transações que ocorrerem dentro dela.

Essa facilidade faz com que a maioria das altcoins estreiam primeiro nas DEX, como a Uniswap, Sushiswap e Binance. Elas só costumam aparecer nas corretoras centralizadas, as quais operam com dinheiro fiduciário, quando pressionados pela grande demanda dos usuários, em um momento posterior de maturidade. O UNI, por exemplo, só começou a ser negociado no Mercado Bitcoin em 11 de maio deste ano.

Yield Farming

A plataforma também permite outras estratégias de investimento e alavancagem de posições, como o yield farming.

O yield farming funciona como um empréstimo de tokens, perante a colateralização de um outro ativo e o pagamento de uma taxa de juros ao credor. O ativo original fica bloqueado, e o ativo adquirido em empréstimo pode ser vendido para se comprar mais do ativo original. A estratégia permite a alavancagem de lucros, caso a cotação do ativo original venha a subir, mas também aumenta os riscos de prejuízo.

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Conclusão

Embora a Uniswap exista desde 2018, foi apenas após o lançamento da atualização V2, em 2020, que sua popularidade cresceu. Essa versão passou a permitir, entre outros avanços, o câmbio direto entre dois tokens ERC20 quaisquer, sem obrigatoriamente envolver ETH na transação.

Em maio de 2021 foi lançado o Uniswap V3, trazendo várias mudanças, como múltiplos níveis de taxas e liquidez concentrada. Essas novas ferramentas permitirão que os usuários façam um gerenciamento de risco mais eficiente.

As plataformas DeFi de liquidity mining e yield farming tiveram uma ascensão dramática de popularidade em 2020, fenômeno que, como vimos, se refletiu na valorização intensa do token nativo UNI. Contudo, investidores devem se atentar ao fato de que as corretoras descentralizadas são uma modalidade muito recente, ainda parcialmente desconhecida e inexplorada.

É sempre factível presumir que existam lacunas de segurança ocultas nos protocolos, que podem vir a ser expostas a ataques de hackers — algo mais frequente do que se imagina.

Ao escolher uma corretora descentralizada, é importante analisar todos os aspectos de segurança e confiabilidade do código aberto da plataforma. As maiores DEXs, como a Uniswap, sujeitam seus protocolos a avaliações e testes periódicos de segurança, e geralmente disponibilizam os resultados ao público.

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Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.