Imagem da matéria: O que é inflação e como o Bitcoin pode proteger seu capital
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Em termos técnicos, ‘inflação’ significa o aumento contínuo e generalizado dos preços de produtos e serviços da economia, medido por diversos indicadores, como o IPCA. 

Em termos práticos, a inflação é quando você vai ao mercado fazer as compras do mês e percebe todos os meses que o arroz, feijão, óleo e a carne estão mais caros; quando as faixas com a indicação dos preços nos postos de gasolina não param de ser trocadas; ou aquela conta de luz que te deixa de boca aberta, pensando se esqueceu o ar-condicionado ligado o mês inteiro, mesmo quando você nem tem um ar-condicionado. 

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Esse susto que você toma ao notar o aumento nos preços do arroz, gasolina ou da conta de luz chama-se ‘inflação’, você já deve ter notado que ela dói muito no seu bolso. 

Mas o que causa a inflação? 

Existem diversos fatores que causam a inflação, como os incentivos à exportação em detrimento a demanda interna, aumento dos custos de produção, aumento do valor do dólar, entre outros. Mas o principal motivo é o aumento da oferta monetária, através da impressão de papel moeda pelo Banco Central que acaba elevando a demanda por produtos e serviços e consequentemente os preços. 

No curto prazo, as políticas expansionistas parecem causar um efeito positivo, quando o governo aumenta os seus gastos ou quando injeta dinheiro na economia. Essas medidas causam um aumento no consumo, no emprego e na renda. Fatores que geram um aquecimento da economia. 

Por isso, as políticas expansionistas são muito usadas em cenários como o que o mundo está enfrentando durante a pandemia, e muitos governos utilizaram esse recurso.  

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20% de todo dólar em circulação no mercado atualmente foi emitido durante a pandemia. O que isso significa? O Fed (banco central americano) está com a torneira aberta.

A impressão de dólares pelos Estados Unidos aumenta a oferta de dinheiro no mundo inteiro, devido a importância de ser a moeda mais utilizada globalmente. Ou seja, a impressão de dólares impacta o seu bolso. 

Em algum momento, a conta pela impressão monetária chega e normalmente ela é paga pelos mais pobres, aumentando ainda mais a desigualdade social. Isso porque a inflação não é igual para todos, ela dói muito mais em quem tem a maior parte da renda mensal consumida por despesas básicas, como alimentação e moradia, pois os salários não acompanham o aumento de preços, enquanto os mais ricos têm sobra orçamentária e possuem mecanismos de proteção contra a inflação. 

A inflação diminui o poder de compra do dinheiro. Quando investimos o nosso capital, o objetivo principal é adiar o momento da compra para ser recompensado no futuro. Mas se a inflação for maior que a recompensa, o mesmo dinheiro que hoje seria suficiente para comprar bens e serviços, não será suficiente para adquirir os mesmos ativos no futuro. 

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O indicador juros real desconta a inflação dos juros nominais para que possamos ter uma noção mais clara se o nosso dinheiro está mesmo se valorizando ou não. 

Hoje, a taxa Selic está em 5,25% e a inflação em 8,35%. Isso significa que a maior parte dos investimentos populares, como Poupança e CDBs estão perdendo para a inflação, ou seja, o seu dinheiro está perdendo poder de compra. 

Apesar de ser muito importante manter dinheiro em aplicações desse tipo, com liquidez para eventuais emergências, evitando as dívidas, também é importante conhecer os mecanismos de preservação do patrimônio, para proteger o seu dinheiro da inflação. 

Como proteger o seu capital da inflação 

Uma das formas de proteger o seu capital da inflação é atrelar o seu investimento a ela, como por exemplo, os ativos vinculados ao IPCA. São muito recomendados para aplicações de longuíssimo prazo, que estão mais expostas ao efeito corrosivo da inflação. 

Existem títulos do governo brasileiro (tesouro direto), títulos bancários (CDBs), títulos privados (Debentures), letras de crédito do agronegócio (LCA) e letras de crédito imobiliário (LCI) que oferecem esse tipo de remuneração.  

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Efeito deflacionário do bitcoin 

Deflação é o oposto da inflação, enquanto a inflação faz com que o dinheiro perca valor no tempo, a deflação faz com que o dinheiro ganhe valor no tempo, e o bitcoin, por ser um ativo propositalmente escasso, projetado em torno de um princípio de oferta finita de 21 milhões, tem esse caráter deflacionário. 

O bitcoin surgiu exatamente como um protesto à forma como governos manipulam o dinheiro na economia, muitas vezes em detrimento do bem-estar da população. Todas as moedas globais são controladas por bancos centrais e governos. Essas instituições podem a qualquer momento aumentar a oferta de dinheiro disponível, causando a inflação.  

A consequência disso é que o bitcoin pode ser uma reserva de valor eficiente. A criptomoeda vem figurando em algumas carteiras não no sentido especulativo, mas sim como uma estratégia de diversificação com uma função protecionista.

Sobre a autora

Marina Luz, CFP®, é economista, com experiência de 8 anos no mercado financeiro e trabalhou no Itaú BBA. É especialista em finanças pessoais e mantém o canal no Youtube Mais Dinheiros, sobre educação financeira e investimentos

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