Hong Kong pretende reposicionar-se como um dos principais criptohubs na região, com uma reabertura de negociação para investidores individuais. E dados seus laços com a República Popular da China, um país historicamente anticripto, os especialistas sugerem que as novas regras de criptoativos poderiam servir como um manual para adoção pelo gigante asiático.
Os requisitos de regulamentação para as plataformas de negociação de ativos digitais incluirão processos de integração “adequados”, divulgações e muito mais. Os tokens a serem negociados nessas plataformas terão que passar por um “critério mínimo” que garantirá que “os investidores individuais sejam menos propensos à manipulação do mercado.”
“Recebemos com tranquilidade a posição oficial e o compromisso da SFC em permitir a negociação de criptoativos por investidores individuais em Hong Kong”, disse Lennix Lai, CCO da OKX, com sede em Hong Kong, ao Decrypt. “Este é um marco importante para a indústria de ativos digitais de Hong Kong, à medida que continua a crescer e se desenvolver.”
Tokens com grande capitalização como o Bitcoin e Ethereum têm uma expectativa de rápida aprovação de acordo com os critérios de listagem; já os tokens de menor capitalização ainda não são uma certeza.
Essas diretrizes devem entrar em vigor em 1º de junho de 2023, com a Comissão de Valores Mobiliários e Futuros (SFC) precisando aprovar ainda quaisquer plataformas de negociação cripto. “Alguns ajustes refletidos nos regulamentos finais são muito positivos: remover o pré-requisito de obter um parecer legal antes de listar um token para negociação de varejo, por exemplo”, disse Lai.
Hong Kong é uma Região Administrativa Especial controlada pela China. E devido a essa relação, a última mudança nas regras do setor cripto também pode estabelecer um novo cenário para reintroduzir os criptoativos na China continental, que efetivamente proibiu atividades do setor em 2017.
“Este tem sido o papel ‘tradicional’ da cidade na maior parte do tempo após 1997, a transferência de Hong Kong para a República Popular da China e o início do modelo ‘um país, dois sistemas‘”, disse Anne-Sophie Cissey, chefe do departamento jurídico e compliance da Flowdesk ao Decrypt.
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Com escritórios em Paris e Singapura, a Flowdesk fornece infraestrutura de negociação para criação de mercado e outros serviços criptofinanceiros.
“É um grande desenvolvimento no pensamento chinês desde a proibição de longa data do país aos ativos digitais”, disse ela. “Os regimes autoritários são, logicamente, muito avessos a qualquer coisa relacionada à descentralização e transparência, os valores fundamentais da tecnologia blockchain. Assim, permitir que Hong Kong adote uma postura mais amigável em relação aos criptoativos, do lado de fora, sugere que Pequim quer usar o território como um campo de testes.”
A volta de Hong Kong ao mundo cripto
Esses desenvolvimentos recentes também podem devolver a Hong Kong o seu status de centro do setor cripto na região.
Juntamente com a repressão mais ampla da China sobre as criptomoedas, os tumultos que eclodiram em Hong Kong depois que o governo apresentou um projeto de lei que teria permitido a extradição de habitantes do território para a China prejudicaram as ambições cripto da cidade. O projeto de lei acabou sendo postergado.
“Após a repressão à democracia de Hong Kong antes e durante a pandemia de COVID-19, Hong Kong perdeu parte de seu apelo comercial”, disse Cissey. “Isso ocorre porque uma das características mais atraentes de seu ambiente de negócios, suas estruturas regulatórias e instituições reconhecidas, foi atingida. Bancos e instituições financeiras importantes abandonaram ou reduziram as suas operações, temendo uma forte interferência do continente.”
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.