O Banco Central da Nigéria emitiu uma diretiva às instituições financeiras do país, nesta sexta-feira (5), na qual proíbe o processamento de transações de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas, de acordo com o portal de notícias local Peoples Gazette.
No documento, o banco orienta as instituições a identificar e fechar as contas dos clientes que estiverem comprando, vendendo ou armazenando criptomoedas. O descumprimento dessas regras pode resultar em sanções severas, conforme mostra a publicação do perfil Documenting Bitcoin no Twitter.
É provável que a determinação afete o mercado de criptomoedas nigeriano. A Nigéria é o segundo país no mundo com o maior volume de negociações diretas (p2p) de criptomoedas, de acordo com uma pesquisa realizada pela corretora Paxful. Assim, há anos, o país tem se colocado como um dos principais expoentes da utilização em massa do Bitcoin.
O Bitcoin e as outras criptomoedas são populares na Nigéria devido ao estado econômico precário enfrentado pelo país. Em 2020, o país entrou em recessão econômica pela segunda vez em cinco anos.
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Movimento anti-brutalidade policial pode ter contribuído para o banimento
O governo da Nigéria enfrenta o movimento “end SARS” (acabem com a SARS, em inglês) desde outubro de 2020. A SARS é uma divisão especial da polícia nigeriana responsável por atuar contra os roubos. No entanto, ela recebe várias críticas por supostas práticas de brutalidade nas suas operações.
No Twitter, a hashtag #endSARS é popular entre os jovens nigerianos e fez a causa local ficar conhecida internacionalmente durante os últimos meses. Muitas vezes, essa hashtag é associada ao Bitcoin, que é utilizado para custear os protestos, de acordo com a publicação Quartz Africa.
Nessa linha, a publicação Pulse Nigeria acaba de abrir uma enquete no Twitter. “O banimento das criptomoedas pelo Banco Central tem a ver com a maneira como os jovens nigerianos levantaram fundos em Bitcoin para os protestos do #endSARS, no último outubro?
A proibição das criptomoedas na Nigéria, portanto, está provavelmente ligada a dois fatores: em primeiro lugar, à tentativa do governo de impulsionar a moeda local e evitar o uso de ativos alternativos. Além disso, o banimento limita as possibilidades de financiamento dos protestos contra as autoridades nigerianas.