A exchange Mercado Bitcoin vai começar a vender uma criptomoeda lastreada em precatórios (dívidas do governo decorrentes de alguma decisão judicial) desenvolvida pela própria empresa. O experimento da empresa vem na onda da tokenização de ativos, a exemplo do que fez o BTG Pactual.
“Já existe um mercado de compra e venda de precatórios. Estamos democratizando o acesso”, disse ao Portal do Bitcoin Marcos Alves, o novo CEO da empresa. O investimento mínimo é de R$ 100.
O projeto é de uma nova unidade da empresa chamada Digital Assets, que desenvolve criptoativos com lastro em ativos alternativos e que não tenham característica de valor mobiliário. Ou seja: não são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O ponto é relevante, visto que na prática, caso seja bem-sucedido, será uma espécie mercado secundário.
A meta da empresa é ambiciosa: tokenizar R$ 500 milhões ativos até o final do ano. Para o teste, porém, foi escolhida uma dívida pública do Estado de São Paulo no valor de R$1,6 milhão. Foram gerados 12 mil tokens batizado de PSP01, cada um representando 0,0083% do ativo de referência.
Quem comprar um PSP01 poderá tanto ‘holdar’ e esperar pelo vencimento do título do governo quanto usar a plataforma do Mercado Bitcoin negociá-la.
Antes do lançamento no mercado, a empresa ofereceu o ativo clientes selecionados, parceiros e funcionários da corretora e, mais tarde, para três mil clientes escolhidos de maneira aleatória. Conforme a startup, o lote se esgotou em pouco dias.
No comunicado enviado à imprensa, o Mercado Bitcoin destacou que não atua como instituição financeira, correspondente bancário ou administrador de carteira de valores mobiliários, como tampouco fazem recomendação de investimentos.
“As ofertas realizadas via plataforma são de venda direta de ativos reais ou direitos, no modelo de leilão, com opção de, uma vez representados em ativos digitais, negociação secundária na plataforma de criptoativos”, diz o texto.
Tokenização é tendência
No início de julho, o banco de investimentos brasileiro BTG Pactual, em parceria com a gestora de fundos de Dubai Dalma Capital, anunciou que iria utilizar a blockchain da Tezos, para lançar diversos ativos digitais chamados security tokens.
O plano do BTG era vender US$ 1 bilhão (R$ 3,8 bilhões) em tokens, segundo informações da Bloomberg e da Tezos Foundation. O valor é também uma estimativa do que poderá ser ‘tokenizável’.
Dias antes, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, já havia comentado que essa era uma tendência do mercado financeiro mundial na apresentação do último Relatório Trimestral de Inflação:
“O token asset é ativo com um lastro e você emite uma forma digital dele. Inclusive o mundo está migrando muito para isso”.
- Leia também: Confusa e com mais encargos, norma da Receita Federal pode prejudicar exchanges brasileiras