As maiores criptomoedas pisam no freio nesta terça-feira (30), enquanto algumas altcoins operam com ganhos em meio à expectativa de investidores globais para a aprovação do acordo do teto da dívida americana.
O cenário geopolítico traz cautela, com prédios atingidos por drones em Moscou que seguiram ataques no centro de Kiev, segundo o New York Times.
Após ultrapassar US$ 28 mil, o Bitcoin (BTC) registra leve alta de 0,2% nas últimas 24 horas, para US$ 27.958, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC opera em alta de 0,2%, cotado a R$ 140.570, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) tem alta de 0,4% e é negociado a US$ 1.911 nas últimas 24 horas.
Uma baleia de Ethereum que estava inativa desde o lançamento da criptomoeda, em 2015, fez sua primeira movimentação na manhã do domingo (28), transferindo 8 mil ETH para um novo endereço. O montante vale atualmente US$ 15 milhões.
Dogecoin (DOGE) segue a tendência de estabilidade e cai 0,1% nas últimas 24 horas. Mas a calmaria pode acabar, segundo um padrão gráfico que indica forte volatilidade para a criptomoeda-meme à frente, destaca o CoinDesk.
XRP sobe 4,5% e acumula valorização de 8,3% em sete dias. O advogado John Deaton, um defensor do token emitido pela Ripple, atualmente em disputa com a SEC, disse no Twitter que muitos investidores podem estar perdendo a oportunidade de comprar a criptomoeda ao preço atual, em torno de US$ 0,50. Segundo ele, o mercado pode “acordar” apenas quando a XRP já estiver valendo US$ 2.
Já o OP, criptomoeda nativa da rede Optimism, recua 5,5% na esteira do desbloqueio de mais de US$ 580 milhões em tokens no mercado aberto nesta terça.
Outras altcoins vão em direções opostas, entre elas BNB (-0,1%), Cardano (+0,9%), Polygon (-1,5%), Solana (+2,5%), Polkadot (+1%), Shiba Inu (-0,3%) e Avalanche (+0,1%).
Marco cripto no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar o decreto que vai regular a Lei das Criptomoedas na primeira semana de junho, disse uma fonte ligada à Casa Civil ao Cointelegraph.
Segundo a reportagem, a assinatura terá lugar em evento da ABCripto, em Brasília, quando está prevista a publicação do decreto no Diário Oficial da União.
Procurado, o governo federal não confirmou a informação. “O Ministério da Fazenda não comenta questões ainda não oficializadas”, disse a pasta ao Cointelegraph.
O decreto vai determinar o órgão responsável por regular o mercado cripto brasileiro, que deve ficar a cargo do Banco Central, mas também com atribuições previstas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ainda no campo da regulação, a Receita Federal anunciou mudanças nas regras para a declaração de criptomoedas relativas às informações fornecidas por corretoras, de acordo com a Exame. O objetivo é alinhar o Brasil com o novo padrão global definido pela Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) e aprovado pelo G20.
Governança de exchanges
Desde o colapso da exchange cripto FTX, do ecossistema Terra e de outras empresas de criptoativos, reguladores globais e investidores aumentaram o escrutínio de players que atuam no setor.
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No entanto, grandes nomes da indústria ainda se esquivam de perguntas básicas relativas à transparência na custódia de criptoativos e governança corporativa, conforme um levantamento do Financial Times.
O FT perguntou a 21 das empresas cripto mais proeminentes sobre governança e operação de ativos de clientes. Oito se recusaram a compartilhar qualquer informação básica, como onde estão sediadas, enquanto outras forneceram respostas parciais.
“É um medo fundamental de compartilhar informações”, disse ao jornal James Newman, cofundador da perfORM Due Diligence Services, especializada em verificar antecedentes de empresas privadas em cripto, capital de risco e mercado imobiliário.
Entre as companhias pesquisadas estão as maiores exchanges cripto do mundo: Binance, Coinbase, Kraken, KuCoin, Bitstamp, Bitfinex, OKX, Bybit, Gemini, Huobi, Crypto.com e Coincheck. O levantamento também inclui formadores de mercado como a Wintermute, plataformas como a Genesis e o braço cripto da Jump Trading.
No radar de reguladores, a Binance tem enfrentado obstáculos na Austrália, onde recentemente perdeu um parceiro bancário para processar pagamentos.
Com isso, os preços do Bitcoin do braço australiano da corretora são vendidos com um desconto de 20% em relação às rivais, um sinal de que traders podem ter pressa em fechar suas posições, informou a Reuters.
Nesta terça, a maior criptomoeda do mundo era cotada em torno de 34 mil dólares australianos (US$ 23.062) na Binance Austrália, em comparação com cerca de 43 mil dólares australianos na BTC Markets, uma bolsa cripto com sede no país.
Bitcoin hoje
Com queda de cerca de 5% em maio, o Bitcoin caminha para fechar o mês com a primeira queda mensal desde dezembro, mostram dados do CoinDesk.
Sem as negociações sobre o teto da dívida como tema principal, especialistas agora se perguntam qual será a próxima narrativa para guiar o preço da criptomoeda.
Análise do MB Research publicada pelo Portal do Bitcoin aponta que, apesar do alívio com o acordo para elevar o teto de gastos dos EUA, o cenário macro segue desafiador. O mês de junho deve ser marcado pela expectativa para a reunião do Federal Reserve e se o banco central americano sobe ou não os juros mais uma vez.
Ainda assim, os analistas do MB dizem que as métricas on-chain ainda mostram perspectivas positivas, apesar da redução da posição de investidores de longo prazo:
“A constância no saldo de Bitcoin que não se move há um ano ou mais e o fluxo de saída em exchanges ilustram a convicção no desempenho de longo prazo, e a forte demanda pelo staking de Ethereum favorece a narrativa do ativo.”
Na última década, o Bitcoin foi o melhor ativo para brasileiros, enquanto o Ibovespa se consolidou como o pior, de acordo com estudo da Hashdex e da Quantum.
Outros destaques das criptomoedas
A Colb, empresa de contratos inteligentes cofundada e sob comando do brasileiro Yulgan Lira, lança na quarta-feira (31) a primeira stablecoin regulada da Suíça, informou o Valor Econômico. A USD Stablecolb (SCB) é atrelada ao dólar e vai operar na blockchain Polygon.
Enquanto isso, a Guide, terceira maior plataforma de investimentos do Brasil, estreia no mercado de criptoativos em parceria com o MB (Mercado Bitcoin), de acordo com o Valor. A Guide começa a oferecer Bitcoin e Ethereum a partir de 25 de junho no aplicativo e no site.
A Rico, marca do grupo XP, também passou a disponibilizar Bitcoin, Ether, Chainlink, Polygon, Solana, Cardano e Litecoin para seus clientes por meio do aplicativo. Os clientes já podem operar diretamente no app da plataforma, a partir de R$ 60, por meio do serviço 24 horas, todos os dias da semana.
E o Grupo SMU lançou o primeiro token de renda fixa que conta com aval da CVM, conforme o InfoMoney. A oferta, estruturada pela Carrera Capital, representa uma nota comercial de R$ 500 mil com vencimento em 18 meses e pagamentos trimestrais com rentabilidade de 2,25% ao mês.