O mercado de criptomoedas não consegue sustentar o rali recente e opera no vermelho nesta quinta-feira (9) em meio à investida de reguladores globais e empresas do setor fechando as portas.
O Bitcoin (BTC) recua 2% nas últimas 24 horas, para US$ 22.733,38. Em reais, o BTC cai 1,2%, cotado a R$ 118.790,48, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) perde 2,2%, negociado a US$ 1.634,28, segundo dados do Coingecko.
As principais altcoins são negociadas em terreno negativo, entre elas BNB (-2,5%), XRP (-1,8%), Cardano (-2,4%), Dogecoin (-3,6%), Solana (-3,4%), Shiba Inu (-4,7%) e Avalanche (-3,3%). Polygon (+4,1%) e Polkadot (+0,4%) por enquanto vão na contramão.
SEC estuda banir staking
O diretor-presidente da exchange cripto Coinbase, Brian Armstrong, foi ao Twitter para alertar sobre as consequências de supostos planos da SEC, a CVM dos EUA, de proibir operações do chamado “staking” – onde usuários bloqueiam seus tokens em uma exchange em troca de rendimentos. Para Armstrong, esse seria um “caminho terrível” para o mercado cripto americano.
“Estamos ouvindo rumores de que a SEC gostaria de eliminar o staking de cripto nos EUA para clientes de varejo”, escreveu no Twitter. O executivo argumenta que o serviço representou uma inovação importante no espaço que promove escalabilidade, maior segurança e pegadas de carbono reduzidas. “Staking não é valor mobiliário.”
1/ We're hearing rumors that the SEC would like to get rid of crypto staking in the U.S. for retail customers. I hope that's not the case as I believe it would be a terrible path for the U.S. if that was allowed to happen.
— Brian Armstrong (@brian_armstrong) February 8, 2023
O presidente da SEC, Gary Gensler, levantou a questão no ano passado após a chamada Fusão da blockchain Ethereum, que migrou para o sistema de prova de participação (PoS, na sigla em inglês), considerado mais sustentável do que o mecanismo de prova de trabalho (PoW), usado na rede Bitcoin.
Após o tuíte de Armstrong, tokens de “staking líquido” deram um salto com a aposta de que plataformas descentralizadas não irão enfrentar os mesmos obstáculos regulatórios. O LDO, token nativo do protocolo Lido DAO, opera em alta de 9,5% nas últimas 24 horas, enquanto o RPL, da Rocket Pools, sobe quase 12%.
Procurada pelo CoinDesk, a agência reguladora não quis comentar.
Kraken na mira
A Kraken, uma das maiores corretoras cripto do mundo, também entrou no radar da SEC, que investiga se a empresa ofereceu valores mobiliários não registrados a clientes nos EUA, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg.
A investigação está em estágio avançado e poderia levar a um acordo entre as partes nos próximos dias, disse a pessoa. Não há detalhes sobre quais tokens ou ofertas estariam sendo investigados. Tanto a Kraken quanto a SEC não comentaram.
Em entrevista ao CoinDesk, o diretor de estratégia da Kraken, Thomas Perfumo, disse que a exchange sentiu o vento frio do inverno cripto, que “definitivamente teve um efeito nos negócios”. No começo do mês, a Kraken decidiu fechar seu escritório em Abu Dhabi, um ano após obter uma licença para operar no emirado. Em dezembro, a exchange anunciou sua saída do Japão.
Após enxugar as operações, o executivo diz que o foco agora é se expandir na Europa e América do Norte.
Binance nos EUA
Enquanto reguladores apertam o cerco contra empresas cripto no mercado americano, a diretora financeira da Binance.US, braço da Binance nos EUA, garante que os fundos de clientes estão seguros.
Ao Wall Street Journal, Jasmine Lee afirmou que a empresa não empresta recursos de clientes e que os depósitos de usuários no país estão separados dos ativos da holding.
“Se todos os nossos clientes aparecerem amanhã e exigirem seu dinheiro… ainda teremos ativos corporativos em nosso balanço”, disse Lee durante o evento “CFO Network Summit” do WSJ.
Atenta ao maior escrutínio de reguladores, a Binance está organizando um consórcio de empresas do setor cripto com o objetivo de reconstruir a confiança na indústria, disse uma pessoa a par dos planos ao CoinDesk. O consórcio não seria liderado pela Binance, e algumas empresas já concordaram em participar, segundo a fonte.
A Binance, maior corretora cripto do mundo, expandiu sua liderança após o colapso da ex-rival FTX. Dados da CryptoCompare publicados pelo Financial Times mostram que a exchange respondeu por 55% do volume de negociação no mercado global à vista em janeiro. A fatia representa um aumento de sete pontos percentuais desde novembro passado, quando a FTX pediu recuperação judicial.
Ações da Robinhood
Após a FTX pedir proteção contra credores, os ativos do antigo império começaram a ser disputados por investidores afetados pelas perdas.
Entre eles estão 55 milhões de ações da plataforma de negociação online Robinhood Markets, que haviam sido compradas pela Emergent Fidelity Technologies, veículo de investimento controlado por Sam Bankman-Fried (SBF), fundador da FTX.
Tanto SBF quanto a plataforma de crédito cripto BlockFi – citando um antigo acordo com a FTX – disputam o controle das ações, além do Departamento de Justiça dos EUA, que confiscou os papéis em janeiro.
No entanto, o conselho da Robinhood decidiu recomprar os papéis, que equivalem a 7,6% da plataforma, de acordo com o Decrypt. Na quarta-feira (8), a Robinhood também informou que sua receita com transações cripto encolheu 24% no quarto trimestre, para US$ 39 milhões.
Intimação da família de SBF
Em mais uma etapa das investigações sobre o colapso da FTX, um juiz autorizou a nova gestão da empresa a intimar SBF e seus familiares, além de ex-executivos, informou a Reuters.
O juiz de falências dos EUA, John Dorsey, aprovou o pedido da FTX para intimar Bankman-Fried, seus pais Barbara Fried e Joseph Bankman, seu irmão Gabriel Bankman-Fried, o ex-diretor de tecnologia da FTX, Gary Wang, Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, e a ex-diretora de operações da FTX, Constance Wang.
Walltime fecha as portas
No Brasil, a corretora Walltime anunciou o fim das operações na quarta-feira (8). Em nota publicada em seu perfil no Medium, a exchange não diz o motivo do fechamento. Avisou, contudo, que tomou a decisão de encerrar as atividades e não repassar as operações.
Outra empresa que também sentiu o impacto do inverno cripto foi a Coin Cloud, que opera mais de 4 mil caixas eletrônicos de Bitcoin, com presença nos EUA e no Brasil. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial em um tribunal no estado americano de Nevada.
Segundo informações do CoinDesk, o motivo são dívidas pesadas, estimadas em uma faixa entre US$ 100 milhões a 500 milhões. O principal credor é a plataforma de empréstimo de criptomoedas Genesis, que teria a receber cerca de US$ 100 milhões.
Em comunicado, a Coin Cloud afirmou que o processo não afeta a operação brasileira, que hoje é responsável por 30 caixas instalados no país. Ao Portal do Bitcoin, Isabela Rossa, country manager da companhia no Brasil, confirmou que o negócio brasileiro segue normalmente e diz que o quadro no país, ao contrário do panorama nos EUA, é positivo.
Já no caso da Braiscompany, o panorama não é nada positivo. A empresa, que não tem pagado rendimentos a usuários de seu serviço de “aluguel de criptoativos”, vai ser alvo de protestos organizados por clientes nesta quinta-feira em Campina Grande, na Paraíba.
Outros destaques das criptomoedas
O Twitter Blue chegou ao Brasil na quarta-feira (8) com custo a partir de R$ 42 por mês, informou a Folha. O serviço de assinatura dá ao usuário acesso a recursos como o selo azul de conta verificada, redução pela metade das propagandas na timeline e o uso antecipado de novidades. O Twitter Blue também permite a edição de tuítes por cinco vezes em um prazo de 30 minutos, o uso de imagens em NFT no perfil e upload de vídeos em Full HD (1.080 pixels).
O Surf Junkie Club, coleção de Tokens Não Fungíveis (NFTs) com artes do designer e publicitário, Marcello Serpa, será aberto para vendas a partir do dia 21 de março, de acordo com o Valor. Os tokens funcionam como carteirinhas para se tornar membro do clube e são limitados a 4 mil membros.
E a grife de luxo Hermès venceu um processo na Justiça contra o artista digital por trás dos NFTs “MetaBirkins” de sua famosa bolsa Birkin, segundo o jornal O Globo. A empresa conseguiu convencer um júri de que a peça digital vendida pela Mason Rothschild na internet violou os direitos que a empresa detém sobre a marca Birkin.
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