Imagem da matéria: Manhã Cripto: Bitcoin volta aos US$ 107 mil com demanda institucional "oculta"
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A alta de 1,3% que o Bitcoin (BTC) registra nesta quarta-feira (2) ajuda a criptomoeda a recuperar o nível de US$ 107.803, perdido no início da semana. Em reais, o BTC é negociado a R$ 588.735, segundo dados do Portal do Bitcoin.

O Bitcoin encerrou o mês de junho acima de US$ 104 mil, marcando seu maior fechamento mensal da história e o desempenho mais forte no segundo trimestre já registrado.

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Isso ocorreu apesar de métricas on-chain tradicionais sugerirem uma demanda mais fraca por parte dos compradores, mesmo com os fundos de índice de Bitcoin à vista dos EUA apresentando números robustos no mês.

Em junho, os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA registraram uma sequência de 12 dias consecutivos de entradas, captando quase US$ 4 bilhões — incluindo aproximadamente US$ 550 milhões no dia 25 de junho —, refletindo uma demanda institucional forte e constante, segundo dados da SoSoValue.

Ainda assim, analistas apontam uma desconexão, que decorre da forma como as instituições compram Bitcoin em comparação aos investidores de varejo. Isso porque a maior parte das compras institucionais ocorre longe dos holofotes, disseram especialistas ao Decrypt.

Essas transações são estruturadas para evitar visibilidade pública, ocorrendo fora da blockchain ou sendo armazenadas em carteiras que não apresentam muita movimentação.

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Como resultado, as métricas tradicionais da blockchain frequentemente não capturam a escala e a natureza dos fluxos institucionais, segundo Aslan Tashtanov, engenheiro de blockchain e colaborador original do DeepBook na Mysten Labs.

“Existem várias razões pelas quais as métricas on-chain não nos contam toda a história sobre o comportamento dos investidores institucionais”, disse Tashtanov ao Decrypt.

Os players institucionais “tendem a comprar em corretoras centralizadas e por meio de mesas OTC”, que são projetadas para lidar com grandes volumes sem impactar o mercado, afirmou ele.

O resultado é uma dinâmica de mercado em que o capital institucional pode movimentar os preços sem acionar os sinais on-chain habituais.

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O que os sinais mostram

A atividade de negociação à vista por parte do varejo em Bitcoin permanece neutra, apesar das recentes flutuações de preço e de uma tendência de alta gradual nas últimas semanas.

Enquanto isso, o saldo acumulado de Bitcoin mantido em endereços OTC conhecidos caiu para mínimas históricas, com os saldos médios vinculados a mineradores recuando 18% desde janeiro, para cerca de 156 mil BTC, segundo dados da CryptoQuant.

Os mineradores são considerados comparáveis às instituições devido às suas grandes reservas e representam um grupo com capacidade de influenciar os movimentos do mercado.

Uma queda nos saldos OTC, especialmente os ligados a mineradores, sinaliza uma mudança em como e onde grandes volumes de Bitcoin estão sendo movimentados. No entanto, isso mostra apenas parte do cenário.

“A compra institucional em larga escala não aparece nos indicadores on-chain usuais”, disse Kony Kwong, CEO e cofundador da GAIB, ao Decrypt. “Essa desconexão faz a demanda parecer mais fraca, mesmo quando o capital continua fluindo por veículos institucionais”, como os ETFs dos EUA ou os ETPs europeus.

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A GAIB, que desenvolve infraestrutura financeira para a economia de computação com inteligência artificial ao tokenizar GPUs em ativos digitais geradores de rendimento, afirma monitorar de perto a atividade institucional.

“Em um ambiente pós-halving, onde a nova oferta é limitada, mesmo uma demanda institucional modesta pode movimentar o mercado”, afirmou Kwong.

Ainda assim, o halving do Bitcoin em abril de 2024 — que reduziu pela metade as recompensas dos mineradores como parte do cronograma quadrienal de emissão do Bitcoin — não resultou imediatamente em ganhos significativos de preço.

Um ano depois, o Bitcoin apresentou o desempenho pós-halving mais fraco já registrado, chegando a cair para US$ 75 mil no início de abril, quando as tarifas anunciadas por Donald Trump ameaçaram a estabilidade do mercado e afetaram ativos de risco.

A faixa mais baixa e contida entre US$ 80 mil e US$ 90 mil representa uma ruptura em relação aos ralis explosivos que seguiram os halvings anteriores, segundo dados da empresa de inteligência de mercado institucional Kaiko Research.

Oferta e restrições de liquidez

Mas, embora a oferta esteja restrita, tendências históricas indicam que as reações do mercado geralmente ocorrem de forma gradual e variam bastante. Para as instituições, a questão não é apenas o timing. Trata-se também de infraestrutura.

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Tashtanov afirma que uma lacuna na infraestrutura levou outras redes a preencher esse espaço, citando blockchains como a Sui, que tem ganhado espaço no setor de finanças descentralizadas (DeFi) do Bitcoin.

A Sui tem “assumido um papel ativo no suporte ao acesso institucional a estratégias de DeFi com Bitcoin”, disse Tashtanov, acrescentando que o Bitcoin “agora representa mais de 10% do valor total bloqueado (TVL) da Sui”.

“O principal motivo é, na verdade, prático”, explicou Tashtanov. “Simplesmente não há liquidez suficiente on-chain para atender à demanda institucional.”

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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