Após várias sessões voláteis, o mercado de criptomoedas volta a registrar ganhos nesta quinta-feira (28). O Bitcoin (BTC) sobe 2,1% nas últimas 24 horas, para US$ 39.750,77, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum ganha 1,7%, negociado a US$ 2.938,81.
No Brasil, o Bitcoin mostra pouca variação, com alta de 0,8%, cotado a R$ 196.932,23, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Após cinco dias de desempenho irregular, a principal criptomoeda finalmente consegue subir, mas analistas questionam se o rali será sustentável em meio à temporada de balanços com resultados decepcionantes, aperto monetário e cenário macroeconômico incerto, aponta análise do CoinDesk.
O ambiente geopolítico não ajuda a animar os investidores. Líderes europeus acusaram a Rússia de fazer chantagem ao suspender o fornecimento de gás natural para a Polônia e Bulgária. Segundo o New York Times, há crescentes temores de que a guerra possa ir além das fronteiras da Ucrânia após dias de explosões na Rússia.
Cripto x techs
Apesar de o Bitcoin ainda não ter se desvinculado do desempenho geral das ações de tecnologia, há uma boa chance de que uma fase baixista desse setor resulte numa dissociação, aponta Rufas Kamau em artigo da Forbes. Essa mudança seria acelerada se as grandes economias entrarem em um período de estagflação, definido por preços em alta, aumento do desemprego e demanda estagnada. Com isso, a maior criptomoeda poderia funcionar cada vez mais como reserva de valor.
Em entrevista à Bloomberg, André Jakurski, pioneiro dos fundos multimercado, mostrou uma visão diferente. Ele diz que não é fã dos criptoativos, que considera um instrumento especulativo válido, mas destaca a volatilidade como um fator negativo.
As principais altcoins também se recuperam nesta quinta-feira, com ganhos para Binance Coin (3,5%), XRP (0,5%), Solana (1%), Terra (2,8%), Cardano (0,5%), Polkadot (1,8%) e Avalanche (0,4%). Dogecoin (-1,4%) e Shiba Inu (-0,4%) vão na contramão, mostram dados do CoinGecko.
ApeCoin (APE) sobe quase 7% nas últimas 24 horas, com valorização de cerca de 20% nos últimos sete dias. A Yuga Labs, criadora da coleção Bored Ape Yacht Club, planeja lançar seu metaverso Otherside neste sábado (30). O ApeCoin é agora o maior token de metaverso por capitalização de mercado.
Outros destaques
A Grayscale Investments, gestora de fundos atrelados a tokens digitais com US$ 36 bilhões sob gestão, quer se expandir na Europa e atualmente conversa com possíveis parceiros em várias reuniões, disse o CEO Michael Sonnenshein em entrevista ao Financial Times.
O Grupo Primo anunciou na quarta-feira (27) a compra de três empresas: a TopInvest, com foco na formação de profissionais do mercado financeiro; a Edufinance, especializada em “valuations”; e a Paradigma Education, empresa de análise voltada ao mercado de criptomoedas, de acordo com informações do NeoFeed.
A startup americana Tribal informou a venda de US$ 41 milhões em tokens TRIBL, ativo digital que será usado para recompensar pequenas e médias empresas que utilizam seus serviços financeiros de crédito e pagamentos, segundo o InfoMoney.
Premiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, a Ribon, startup brasileira que possibilita doações para instituições de caridade sem usar o próprio dinheiro, recebeu aporte de R$ 20 milhões em investimento liderado pelo Valor Capital Group, seguido dos fundos Bitkraft, Kenetic, Flori Ventures e 2TM, dona do Mercado Bitcoin, entre outros investidores, segundo o portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Eventos
A 5ª edição da Semana da Transformação Digital do Sebrae, evento online e gratuito realizado até 29 de abril, tem as criptomoedas entre os temas em debate.O objetivo do programa é capacitar empreendedores para adaptarem seus negócios às novas dimensões digitais.
O 3º Congresso CryptoMinds começa neste sábado (30) em São Paulo e contará com a presença de grandes investidores do mercado de criptoativos, como Tone Vays, considerado um dos maiores traders de bitcoin do mundo e ex-vice-presidente de análise gráfica do JPMorgan. Também está confirmada palestra virtual de Mark W, Yusko, fundador do Morgan Creek Capital e considerado uma das maiores baleias do mercado cripto. O evento acontece até 1º de maio no Novotel SP Center Norte.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Diante da aprovação do projeto de lei das criptomoedas no Senado, empresas nacionais demonstraram otimismo com o avanço do marco regulatório, segundo reportagem da agência Broadcast. Regras claras permitiriam o desenvolvimento do mercado e atrairiam mais investimentos. A 2TM também aponta que o regramento pode garantir, além de proteção para consumidores, “segurança para empreendedores”.
Para ganhar terreno no disputado mercado brasileiro, que vem atraindo nomes de peso do exterior enquanto o marco regulatório avança no Congresso, a corretora Bybit, gigante de cripto de Singapura, pretende investir ao menos R$ 250 milhões no país (US$ 50 milhões), de acordo com o Estadão.
Em resposta a uma investigação do Parlamento britânico, o governo disse nesta quinta-feira que planeja apresentar um projeto de lei para permitir que criptoativos sejam apreendidos e recuperados mais rapidamente com o objetivo de ajudar a combater crimes econômicos, segundo a Reuters.
Uma proposta da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA com o objetivo de fortalecer os mercados de Treasuries, os títulos do Tesouro americano, preocupa empresas do setor de criptomoedas, aponta o Wall Street Journal. A regra da SEC não visa plataformas de trading cripto, mas amplia a definição do termo “exhange”, ou corretora. O prazo para envio de comentários foi encerrado na semana passada, e agora a agência vai analisar o feedback de investidores.
Um juiz federal ordenou que a Uber Technologies entregue documentos que possam revelar mais detalhes sobre como a empresa atuou em uma violação de dados de 2016, segundo o Wall Street Journal. O ex-diretor de segurança da Uber Joseph Sullivan é acusado de tentar esconder o incidente no qual a empresa supostamente teria pagado US$ 100 mil em bitcoins a hackers para destruir dados roubados de cerca de 57 milhões de passageiros e motoristas. Sullivan nega as acusações.
Mesmo preso desde agosto do ano passado sob acusações como lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”, tem um novo perfil no Instagram, no qual já soma cerca de 17 mil seguidores, destaca O Globo.
Após vários dias de notícias conflitantes, finalmente foi confirmado na quarta-feira (27) que a República Centro-Africana – um dos países mais pobres do mundo – se tornou a segunda nação a tornar o Bitcoin moeda de curso legal, menos de um ano após a adoção da criptomoeda em El Salvador.
O Senado do México agora conta com um caixa eletrônico de Bitcoin. A instalação da máquina foi ideia da senadora Indira Kempis, conhecida por ser uma das vozes mais ativas em defesa das criptomoedas no Congresso mexicano.
E o prefeito de Nova York, Eric Adams, disse que seu governo estuda usar a tecnologia blockchain para o registro de dados da cidade, aponta o Financial Times.
Metaverso, Games e NFTs
A Meta Platforms, dona do Facebook, conquistou mais usuários do que o esperado, mas registrou o crescimento de receita mais lento desde que abriu o capital há uma década, em meio à crescente concorrência e questões de privacidade na divisão de publicidade, mostra balanço trimestral da empresa.
O Goldman Sachs disse que está de olho em tokens não fungíveis (NFTs) e, particularmente, na “tokenização de ativos reais” com a aposta do banco de investimentos no universo cripto, destaca o CoinDesk.
A primeira coleção de tênis digitais da Nike, chamada de RTFKT x Nike Dunk Genesis Cryptokicks, foi pensada para calçar os pés de avatares do metaverso. Os NFTs da RTFKT, comprada pela Nike em 2021, já movimentaram R$ 100 milhões em menos de uma semana, de acordo com a Exame.
Alguns NFTs tiveram valorização de 15.000% em 2021, mas a tendência parece começar a esfriar, de acordo com análise do E-Investidor. André Franco, head de research da 2TM, explica que o mesmo fator que faz o NFT de um jogo se valorizar também o leva ao fracasso: a geração de valor. “Quanto mais rápido o jogo crescer em número de usuários, mais forte vai ser a queda posterior, porque a alta remuneração que faz o jogo crescer bastante também o faz começar a pagar cada vez menos rentabilidade (…)”.