No início de outubro, a comunidade cripto estava preocupava com o crescimento do número de blocos de Ethereum que censurava transações ao passar pelo Flashbots, um serviço de infraestrutura usado por validadores que buscam lucros maiores.
Mesmo sem nenhuma recomendação direta de reguladores, esse serviço censura transações que passam pelo Tornado Cash, um serviço de mixing de criptomoedas que foi proibido nos EUA em agosto.
No dia 3 de outubro, 28% dos blocos de Ethereum pós-Fusão eram adicionados por validadores que usavam o Flashbots, ou seja, que censuravam transações.
Menos de um mês depois, essa porcentagem já saltou para 63% dos blocos, conforme revelam dados desta quarta-feira (26) do MEV Watch, um painel que rastreia os blocos de Ethereum com risco de terem sido censurados.
Conforme aponta o site, esses blocos são complacentes com as normas da Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC) e podem excluir transações que partem de serviços e endereços adicionados à “lista negra” das autoridades americanas.
Como os números mostram, validadores do Ethereum estão priorizando o lucro ao usar o Flashbots ao invés de combater a possível censura na rede.
Segundo estimativa do The Block, o Flashbots oferece atualmente um pagamento médio 0,12 ETH (US$ 147) por bloco ao validador, que ganharia cerca de 0,036 ETH (US$ 44) sem utilizar esse serviço.
Essa priorização dos lucros levantou a crítica de parte da comunidade cripto, principalmente dos bitcoiners. O usuário @TomerStrolight, por exemplo, compartilhou um gráfico que mostra que dos últimos 100 blocos do Ethereum, apenas um não usava Flashbots e estava 100% livre de censura.
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“Por que ninguém está falando sobre isso?”, questionou. “Ethereum não é um computador mundial, é um computador do governo”, respondeu @nvk.
Why is nobody talking about this? pic.twitter.com/Nlng6kgHxr
— Tomer Strolight (@TomerStrolight) October 26, 2022
O que é o Flashbots e o MEV-boost?
Flashbots é um operador de MEV-boost, mecanismo no qual validadores podem terceirizar a produção de blocos para ganhar recompensas maiores oferecidas pelos usuários, aumentando assim seus lucros.
Como explica o desenvolvedor Jon Charbonneau, o MEV-Boost roda em um software adicional — neste caso, Flashbots — que validadores podem executar em paralelo aos seus clientes tradicionais de Ethereum para consultar a construção de blocos fora da cadeia.
Através do Flashbots, um validador pode receber pacotes de transações direto de usuários para inseri-las de forma direta no bloco. Desse modo, as transações não seguem o fluxo normal de ir para a rede pública a espera de validação.
O serviço pode ser útil para traders que querem se proteger de ataques MEV (“valor máximo extraível”), no qual robôs vasculham transações à espera de validação na blockchain para encontrar oportunidades de arbitragem.
Fazer transações através de Flashbots envolve um custo maior para o investidor, o que significa mais recompensas para quem trabalha na rede e isso ajuda a explicar o crescimento do número de validadores abraçando o serviço.
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