Apesar do amadurecimento do mercado cripto, os ativos digitais continuam sendo usados por criminosos para ocultar fundos obtidos com atividades ilícitas. A lavagem de dinheiro movimentou mais de US$ 23,8 bilhões (R$ 120 bilhões) em criptomoedas em 2022, segundo informações adiantadas esta semana.
Os dados foram revelados em um novo capítulo do Crypto Crime Report de 2023, relatório da empresa de investigação em blockchain Chainalysis, que será lançado na íntegra em fevereiro.
O estudo aponta que a quantia movimentada por endereços ilícitos foi 68% maior em 2022 do que na comparação com 2021, o que significa que o combate ao uso de ativos digitais para esconder fundos ilícitos não está trazendo bons resultados.
Parte da culpa por isso recai sobre as corretoras centralizadas, apontadas pela Chainalysis como as maiores receptoras desses fundos.
“Como costuma acontecer, as principais exchanges centralizadas absorveram pouco menos da metade de todos os fundos enviados de endereços ilícitos. Isso é notável não apenas porque essas corretoras geralmente têm medidas de conformidade para relatar essa atividade e tomar medidas contra os usuários em questão, mas também porque elas são saídas fiduciárias, onde a criptomoeda ilícita pode ser convertida em dinheiro”, apontam os especialistas da Chainalysis.
Apesar do crescimento, o estudo aponta que o ecossistema de lavagem de dinheiro por meio da cripto continua relativamente pequeno quando comparado ao uso de criptomoeda para outros fins.
A Chainalysis identificou que apenas quatro endereços receberam US$ 1,1 bilhão em fundos ilícitos em 2022. Além disso, só 21 endereços representam 50% de todos os fundos ocultados de ataques de ransomware, no qual um hacker “sequestra” sistema e só o libera com um pagamento, geralmente de Bitcoin (BTC) ou Monero (XMR).
Queda dos mixers e novas tendências
Em contrapartida, o uso de mixers de criptomoedas por agentes suspeitos caiu no ano passado, possivelmente devido à proibição dessas ferramentas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos (OFAC).
O Tornado Cash, o mixer cripto mais usado no ecossistema do Ethereum, foi um dos alvos de proibição do governo americano, por exemplo. Frente a essas sanções, o crescimento foi no uso clandestino desses mixers.
“A sanção de mixers proeminentes pode ter contribuído para duas tendências que observamos em 2022: a quantidade total de criptomoeda enviada aos mixers caiu significativamente e os fundos que viajaram para os mixers eram mais propensos a vir de fontes ilícitas”, acrescenta a Chainalysis.
No ano passado, foram um total de $ 7,8 bilhões em criptomoedas passando por mixers, 24% dos quais vieram de endereços ilícitos confirmados. Ou seja, usuários legítimos diminuíram o uso de mixers, enquanto o uso por possíveis criminosos continuou.
O estudo da Chainalysis também captou uma nova tendência do mercado cripto: o crescimento de serviços clandestinos que não são acessíveis ao público e aos quais só é possível chegar por meio de aplicativos de mensagens privadas ou do navegador Tor, geralmente anunciados apenas em fóruns da deep web.
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