*O conteúdo abaixo foi produzido pelo MB Traders, equipe do Mercado Bitcoin (MB).
“Suas palavras são capazes de movimentar bilhões de dólares em apenas alguns segundos.” A frase de forte impacto define bem a personalidade que você vai conhecer nesta edição do Mentes do Mercado: Jerome Powell.
Mais do que atual presidente do Federal Reserve (FED), ele é tido como o guardião do sistema financeiro global. Suas decisões impactam desde a rentabilidade da poupança de um trabalhador comum no Brasil até a rolagem da dívida externa de países africanos.
Entender quem ele é – suas origens, formação, crenças, erros e acertos – é fundamental para compreender a dinâmica da economia mundial.
Com esta análise de perfil, vamos além da superfície e exploramos a construção da mente que está no centro do sistema financeiro global.
Contexto Histórico e Formação
Jerome Hayden Powell nasceu em 4 de fevereiro de 1953 em Washington, D.C., uma cidade que respira política e poder.
Isso não é mero detalhe: crescer no coração das decisões americanas moldou sua percepção sobre como o Estado e o mercado dialogam, se enfrentam e se retroalimentam.
Filho de Jerome Powell Sr., advogado e sócio de um grande escritório de advocacia, ele teve uma infância confortável, privilegiada e estudou em escolas privadas de elite.
Desde cedo, conviveu com a ideia de que a economia não é apenas uma ciência, mas uma ferramenta de poder.
Essa percepção se aprofundou quando entrou em Princeton, onde estudou Ciência Política, um reflexo do seu interesse pelo funcionamento do poder institucional.
Em 1975 após se formar, decidiu seguir carreira jurídica. Fez Direito na Georgetown University Law Center, concluindo em 1979.
Curiosidade: diferente de seus antecessores, ele não teve formação acadêmica em economia ou finanças — uma exceção na história recente do FED, tradicionalmente comandado por economistas PhDs.
Trajetória Profissional
Powell iniciou sua carreira no renomado escritório Davis Polk & Wardwell, especializado em direito financeiro e mercado de capitais. Lá, ele lidava com grandes operações de fusões, aquisições e reestruturações.
Já nessa época, percebeu que seu interesse real não estava na técnica jurídica e sim nos mercados.
Nos anos 1980, ele migrou para o mundo das finanças, ingressando no banco de investimento Dillon, Read & Co., que serviu de escola para figuras importantes de Wall Street.
Nesta instituição ele agregou conhecimentos relevantes em:
- Gestão de risco
- Alocação de capital
- Estruturação de dívidas corporativas
O entendimento sobre a lógica dos ciclos econômicos foi um aprendizado que ele levou consigo em toda a sua trajetória.
Esse diferencial foi decisivo em sua abordagem prática e menos dogmática anos depois.
Do setor privado ao governo
Em 1990, Powell assumiu seu primeiro cargo no governo, como Subsecretário do Tesouro para Finanças Domésticas, durante o governo de George H.W. Bush.
Sua missão? Regulação de instituições financeiras e gestão do mercado de dívidas.
Foi uma experiência-chave na sua carreira, tendo participado diretamente da resposta à crise das Savings & Loans (S&L), uma onda de falências que abalou os setores de poupança e empréstimo dos EUA no final dos anos 80 e início dos 90.
De volta ao mercado
Após deixar o governo, ele retornou ao setor privado, onde atuou por vários anos em fundos de private equity, com foco em reestruturação de empresas.
Após passar pela Carlyle Group, fundou seu próprio fundo, a Severn Capital Partners.
Esse período o consolidou como um verdadeiro técnico do mercado. Diferente da visão acadêmica, ele entendia na prática como empresas e mercados funcionam.
Anos depois, esse diferencial se refletiria em sua abordagem no comando do FED.
Filosofia e Estratégia Financeira
Ele costuma ser descrito como pragmático e não-dogmático.
Isso o diferencia de presidentes do FED anteriores, como Paul Volcker, que era fortemente influenciado pela ortodoxia monetarista, ou Ben Bernanke, um profundo estudioso da Grande Depressão e do papel dos bancos centrais.
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Abordagem data-driven
Jerome Powell acredita que a política monetária é uma arte baseada em dados. Ele não parte de dogmas teóricos rígidos (como a Curva de Phillips ou a Teoria Quantitativa da Moeda) para definir suas ações.
Ao invés disso, ele observa cuidadosamente a evolução dos dados econômicos:
- Inflação corrente
- Mercado de trabalho
- Crédito
- Confiança empresarial
- Sinais de risco sistêmico
Ele entende que a previsibilidade da política monetária é uma peça-chave para evitar pânico e disfunções. No entanto, já mostrou disposição para ações extraordinárias quando necessário — como aconteceu durante a pandemia de COVID-19.
Impacto no Mundo Financeiro
Quando assumiu o FED em 2018, encontrou um cenário desafiador.
A economia americana vinha de uma recuperação longa e desigual, após a crise de 2008. Os juros seguiam baixos e o balanço do FED ainda estava inflado pela política de afrouxamento quantitativo (QE). Ao mesmo tempo, a guerra comercial entre EUA e China adicionava incertezas no cenário global.
A hora da prova de fogo
Sua maior prova veio em 2020, com a pandemia, quando liderou a maior injeção de liquidez da história do FED, cortando juros para zero e reativando massivamente o programa de compra de ativos, expandindo a atuação até os mercados de crédito privado.
A resposta rápida evitou uma crise financeira sistêmica, mas trouxe um novo desafio: uma inflação explosiva nos anos seguintes.
No comando do FED, suas decisões afetam diretamente o câmbio global, a precificação de commodities e o custo do crédito em países emergentes.
Por isso, ele se tornou uma das figuras mais poderosas da economia mundial.
Principais Críticas e Controvérsias
Powell recebeu críticas severas por subestimar a inflação em 2021.
Durante meses, o FED acreditou que a alta de preços era “transitória”, subestimando fatores estruturais como disrupções nas cadeias produtivas globais e a persistência de pressões salariais.
A confirmação dessa leitura equivocada forçou o FED a uma alta de juros extremamente rápida em 2022. Isso gerou temores de recessão e instabilidade bancária.
Resistência a temas globais
Outro ponto de crítica é sua hesitação em incorporar assuntos como as mudanças climáticas e a desigualdade econômica na agenda do FED.
Para progressistas, seu nome representa uma visão antiquada de banco central, focado apenas em inflação e emprego, ignorando impactos sociais e ambientais. Ele, por sua vez, argumenta que o FED deve se ater estritamente ao seu mandato original.
Legado e Relevância Atual
Powell entra para a história como o primeiro presidente do FED sem formação em Economia em 40 anos.
Com isso, ele redefine o perfil de liderança da instituição, sendo um técnico do mercado, não um acadêmico.
Seu legado será marcado pela resposta à pandemia e pela reviravolta na política monetária pós-COVID.
Ele simboliza uma transição histórica: do mundo de juros zero e liquidez abundante, para uma nova era de crédito caro e política monetária apertada.
Visto como um “central banker de boots on the ground”, é alguém que entende tanto da mesa de operações, quanto da macroeconomia.
Conclusão
Jerome Powell personifica o dilema do banco central moderno: ser guardião da estabilidade monetária, “bombeiro” nas crises financeiras e mediador de tensões políticas.
Seu perfil simboliza, ao mesmo tempo, o pragmatismo e os limites institucionais.
Sob sua gestão, o FED deixou de ser apenas um regulador monetário para se tornar o verdadeiro “balcão de emergência” da economia global.
Para investidores e economistas de todo o mundo, entendê-lo vai além de conhecer sua trajetória – é uma questão de sobrevivência e sucesso nas finanças.
Se as palavras dele movimentam o dinheiro, seu pensamento dita o rumo da economia global.
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