Um relatório divulgado nesta quinta-feira (8) pelo Escritório de Políticas Científicas e Tecnológicas da Casa Branca sugeriu que o governo dos EUA considere implementar restrições à mineração de criptomoedas baseadas no sistema proof-of-work (PoW), como o Bitcoin (BTC), como forma de reduzir o impacto ambiental dessa indústria.
Esse novo estudo, que foi uma exigência da ordem executiva feita pelo presidente Joe Biden no início do ano, critica o que classifica como uso excessivo de energia na atividade de mineração e acusa o setor cripto de contribuir para “emissões de gases de efeito estufa, poluição adicional, ruído e outros impactos locais”.
Por essa razão, o relatório aponta que a mineração de criptomoedas pode dificultar que o país consiga diminuir sua emissão de carbono e cumprir com seus compromissos e metas climáticas.
O texto então incentiva que o governo crie mecanismos para reduzir os impactos negativos da mineração e, caso isso não seja suficiente, imponha restrições à atividade.
“Caso essas medidas se mostrem ineficazes na redução de impactos, o governo deve explorar ações executivas e o Congresso pode considerar uma legislação para limitar ou eliminar o uso de mecanismos de consenso de alta intensidade energética para mineração de criptoativos”, diz um trecho do relatório.
As medidas que podem ser tomadas antes de um possível banimento ser implementado nos EUA, tal como fez a China em 2021, foram direcionadas a instituições governamentais como a Agência de Proteção Ambiental.
O relatório sugere que essas entidades forneçam assistência técnica e iniciem um processo colaborativo de estudos com a indústria cripto para desenvolver padrões de uso responsável de energia na atividade. Uma das medidas já propostas é que as empresas de mineração priorizem o uso de energia limpa.
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Impacto da mineração nos EUA
Além do impacto ambiental da mineração, o escritório da Casa Branca também pontuou como a atividade pode afetar o setor de energia dos EUA.
“O aumento das demandas de eletricidade da mineração de criptoativos também aumenta o nível de pico geral da demanda da rede”, diz o relatório. Embora reconheça como positivo o fato de que as empresas da área desliguem suas máquinas durante picos de uso para evitar problemas como apagões, apenas essa colaboração não é suficiente.
“Embora a redução desse pico durante uma emergência da rede seja valiosa, o aumento do pico geralmente é o motivo pelo qual a resposta à demanda é necessária, estabelecendo incentivos desalinhados entre mineradores de criptoativos e operadores de rede.”
Por fim, o estudo também criticou a falta de dados mais transparentes sobre o uso de energia limpa pela indústria cripto.
Apesar das criticas terem dominado o relatório, o escritório da Casa Branca abriu um espaço para elogiar as empresas do setor que usam gás excedente como fonte de energia principal para a mineração de bitcoin.
“Enquanto a EPA [Agência de Proteção Ambiental] e o Departamento do Interior propuseram novas regras para reduzir o metano nas operações de petróleo e gás natural, as operações de mineração de criptoativos que capturam o metano liberado para produzir eletricidade podem gerar resultados positivos para o clima, convertendo o metano potente em CO2 durante a combustão”, finaliza o relatório.