Quando penso em investimentos, o foco que vem imediatamente à minha mente é no longo prazo. Afinal, todo planejador financeiro profissional conhece bem as maravilhas que os juros compostos podem fazer na carteira de qualquer investidor. Com paciência, estratégias adequadas de diversificação e rebalanceamentos constantes, praticamente qualquer pessoa consegue ter rentabilidades elevadíssimas no longo prazo.
Porém, e o curto prazo? E as estratégias de trading? Onde elas ficam nessa equação? Com as criptomoedas ganhando cada vez mais espaço na economia e, consequentemente, excelente liquidez, é natural que os traders de cripto formem uma comunidade cada vez mais forte no mercado financeiro.
Assim, de acordo com os meus conhecimentos de mercado, o trade e suas derivações (daytrade e swing trade, por exemplo) ocupam um importante papel na carteira de investidores profissionais ou que sejam aficcionados pelo mercado financeiro.
A verdade é que todas as opções de negociação no curto e curtíssimo prazos podem ser interessantes caso você de fato tenha interesse em se dedicar no assunto e investir seu tempo e dinheiro para ter conhecimento profundo em entender os sinais que os mercados estão nos trazendo.
Contudo, essas práticas podem ser bastante arriscadas e envolver perdas patrimoniais irreversíveis se não forem feitas com o devido cuidado. Ao longo de parte da minha trajetória no mercado financeiro, eu mesma decidi investir meu tempo estudando sobre trading e entendendo qual o papel que essa prática deveria ocupar no meu patrimônio e no meu tempo.
Hoje, eu tenho claro que “tradar” é algo que tem que ser levado tão a sério quanto uma profissão. É preciso estudo contínuo, dedicação de tempo e método.
Não dá para fazer as operações financeiras baseadas em uma dica que parece quentíssima em uma lista de Telegram ou no Twitter. Não dá, também, para querer acompanhar sugestões de investimentos em Renda Variável de pessoas que não tenham as certificações adequadas (no caso, a CNPI), isso é proibido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Além disso, é importante limitar uma parte de seu patrimônio bem específica para obter ganhos com o trade. Como planejadora financeira e especialista em investimentos, afirmo com clareza que não é uma boa ideia operar alavancado ou arriscar uma parcela importante de seu patrimônio.
Use o trading para trazer um percentual adicional de ganhos para a sua carteira e, caso tenha prejuízo em algumas operações, isso não afetará em nada o seu estilo de vida ou de sua família.
O excesso de confiança
Por fim, acho que o mais importante de tudo na hora de se aventurar nesse mundo é conhecer sobre finanças comportamentais.
Um dos principais vieses comportamentais que enfrentamos é a armadilha do excesso de confiança. Se você está em uma sequência, acertando seus trades em sequência, é natural que se sinta invencível e comece a apostar mais, arriscando fatias importantes de seu dinheiro, muitas vezes sem a menor necessidade.
Esses comportamentos que o nosso cérebro está programado a ter impactam toda a nossa vida financeira (mas isso é papo para uma outra coluna) e, por isso, é crucial que você conheça muito bem a sua mente e trace limites rígidos na hora de fazer suas operações no mercado financeiro.
Sobre a autora
Annalisa Blando é planejadora financeira certificada pela Planejar (CFP) e fundadora e CEO da ParMais, a primeira Wealth Management Tech do Brasil. Também é líder do grupo Mulheres do Brasil em Florianópolis.