O rápido crescimento do banco digital Nubank e do aplicativo de entrega de refeições iFood no mercado brasileiro mostra que os dois empreendimentos estariam prontos para expandir a área de atuação e se tornarem “super aplicativos”, de acordo com o site da revista norte-americana Forbes.
A revista cita as brasileiras 99 Taxis e Creditas como exemplos de companhias que também têm surfado na boa onda da economia móvel no país. A 99 recebeu US$ 100 milhões de dólares em financiamento em janeiro de 2018 e foi vendida à Didi, concorrente do Uber na China, em um negócio avaliado em US$ 1 bilhão.
Nove meses depois, foi a vez de o iFood receber US$ 500 milhões em financiamento, enquanto o Nubank, a startup mais valiosa da América Latina, negocia com investidores a possibilidade de receber aporte de US$ 1 bilhão.
A injeção de capital elevaria a avaliação de valor da companhia brasileira para cerca de US$ 10 bilhões, tornando-se assim uma das maiores fintechs do mundo. O site americano Recode apresentou o banco digital brasileiro como “uma das startups que você precisa conhecer”.
A economia brasileira
O Brasil tem algumas particularidades econômicas que ajudaram as duas empresas a crescer, segundo a Forbes. A população é jovem, em média com 32 anos de idade. As pessoas passam, em média, três horas e meia por dia nas redes sociais.
Já são 67% dos adultos usuários de smartphones e 7,3 bilhões de downloads de aplicativos em 2018. Há 149 milhões de pessoas com acesso à internet, e 139 milhões com acesso pelo celular.
A forte concentração do setor bancário em torno de cinco principais bancos (Banco do Brasil, Caixa, Itau, Bradesco e Santander) e as taxas são altíssimas: os juros no cartão de crédito chegam a 270% ao ano.
O formato do sistema financeiro local torna o Brasil um mercado pronto para ser explorado por fintechs, como a Nubank e Creditas, que oferecem condições de adesão mais flexíveis que a maioria dos bancos tradicionais. A abertura das contas e o atendimento ao cliente, por exemplo, são feitos via app.
Já são cerca de 370 fintechs no Brasil, segundo a reportagem. É o maior número da América Latina.
Super aplicativo
As duas startups brasileiras também demonstraram capacidade de desenvolver atividades que complementem o leque de serviços já oferecidos, de acordo com a Forbes.
O exemplo foi o iFood Shop, plataforma online para restaurantes e lanchonetes cadastradas comprarem suprimentos com a renda gerada no próprio aplicativo.
No novo serviço, o iFood ainda disponibiliza uma plataforma de análise de desempenho, que mostra tendências no setor de alimentação fora do lar e redefinir o mix de produtos de acordo com a procura do público.
A combinação de serviços para clientes e empresários transformaria o app em um “super aplicativo”, já que funciona quase como um SaaS (software como serviço, em português).
Neste modelo, o cliente paga um valor por mês e todos os cuidados com o aplicativo (servidores, segurança de informações e pagamentos) ficam a cargo de quem o oferece.