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Cleverson Fiuza (Foto: Lana Regis/Divulgação)

Um candidato à deputado federal pelo partido NOVO vem dando o que falar nas campanha eleitoral deste ano — não só pelo nome mas pelas propostas. “Fiuza Bitcoin” é o nome de urna escolhido pelo arquiteto Cleverson Fiuza, de 59 anos, natural de Itapetininga, no interior de São Paulo.

O termo ‘bitcoin’ não foi adotado por Fiuza apenas no nome de campanha: ele também incorporou ao seu dia a dia conhecimento sobre o mercado cripto e hoje sabe debater o seu funcionamento, algumas de suas tecnologias e as novidades no setor.

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Fiuza diz nunca ter caído em golpes com criptomoedas, ser fã da solução Lightning Network  — inclusive pensa montar um node — e afirma que por pouco não aderiu ao programa de empréstimos de criptomoedas da falida empresa Celsius, que terminou em um desastre que levou o mercado ao chamado “inverno cripto”.

O Portal do Bitcoin conversou com o candidato nesta semana para conhecer sua trajetória e suas propostas. Confira alguns dos temas abordados na conversa.

Os primeiros satoshis

Fiuza diz que seu primeiro contato com a criptoeconomia foi em 2015, quando ouviu falar pela primeira vez sobre o Bitcoin. A primeira compra, no entanto, só veio três anos mais tarde. “Foi uns R$ 500. Fiz [a compra] mais por curiosidade, aproveitando o momento em um grupo de simpatizantes do [Partido] NOVO”, relata.

E foram os primeiros satoshis que lhes salvaram em 2018, durante uma viagem no exterior, quando teve seu cartão de crédito bloqueado.

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“Eu não tinha dinheiro em espécie nem para pagar duas cervejas que já havia tomado. Foi a primeira vez que paguei algo em Bitcoin”. Ele passou a comprar mais BTC em 2020 e se tornou um maximalista:até tentou investir em outras criptos, mas não viu fundamentos nelas e seu negócio hoje é só com o ativo líder de mercado.

Fiuza e Bitcoin

Fiuza está em sua segunda candidatura a deputado federal, mas a primeira com o termo ‘Bitcoin’ no nome.

“Foi a primeira vez que uso o Bitcoin no nome e comecei nesta campanha. Demorei um bocado para perceber o que seria o Bitcoin, mas ao descobrir, resolvi disseminar a ideia e a campanha à deputado federal me pareceu um bom momento”. 

O candidato usa uma foto de perfil no aplicativo de mensagens onde possui ‘olhos de laser’, um famoso meme que sinaliza que uma pessoa é investidora de bitcoin.

Fiuza afirma ser investidor da bitcoin, mas não revela o quanto possui. Ele reportou R$ 100 mil ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no formulário “Outras aplicações e Investimentos”, que além de criptomoedas também incluiu outras aplicações.

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Perfil de Hodler

A reportagem perguntou se ele teve algum lucro significativo no mercado cripto. Ele respondeu: “Para realizar lucro é preciso vender. Hoje já não vejo mais o Bitcoin como investimento, mas como uma verdadeira reserva de valor”.

Acerca da febre de pirâmides financeiras nos últimos anos, onde os golpistas usaram as criptomoedas com isca, Fiuza diz que nunca caiu em nenhuma delas.

“Não acredito em negócios milagrosos e sempre estudo bem o ativo antes de aderir a sua tese. Cheguei a cogitar em alavancar minha posição na Celsius, tomando empréstimos e dando meus satoshis como colateral, mas me contive. Cada vez mais me convenço a guardar meu patrimônio exclusivamente sob minhas próprias chaves”. 

Bitcoin como proposta central

O candidato libertário, como se apresenta, diz que têm “pauta única sobre o Bitcoin, mas nem de longe pequena ou fácil de entender ou implantar”, cujo argumento sugere antepor o Bitcoin — que ele vê como a mais genial invenção da humanidade — às moedas fiduciárias, dada “tamanha resiliência, inovação e implicações”.

A reportagem perguntou como ele pretende levar o tema ‘Bitcoin’ ao Congresso Nacional, caso seja eleito deputado federal. Para ele, a força do Bitcoin está na sua descentralização e na adoção por ordem espontânea.

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“Meu papel no Congresso, portanto, caso eleito, será o de lutar pela liberdade da população na escolha de qual moeda pretende usar, se Real, Dólar, Bitcoin ou outra qualquer. O simples fato de existir esta escolha forçará o governo a agir com responsabilidade nos gastos, uma vez que não será muito recomendável a impressão desenfreada de Reais, sob o risco de diluir o valor deste papel e perder cada vez mais atratividade”, disse, Fiuza.

Em sua página no site do partido NOVO, Fiuza tacha as moedas nacionais como “manipuláveis e inflacionárias” e “um verdadeiro golpe da pirâmide”, além de criticar a Previdência e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Lá, o Bitcoin também é rei:  “Pense nas implicações que a “bitcoinização” surtirá nos governos e você entenderá a minha pauta”.

“Libertário desde criancinha”

O candidato bitcoiner afirma ser libertário ‘desde criancinha’. Quem o inspirou?, indagou a reportagem.

Ele diz não possuir uma figura que o teha inspirado, mas que sua intuição sempre o teria levado a perceber coisas “complicadas” e “sem sentido”. “Por sorte, fui estudar economia, não pelas teorias de Keynes, mas por Mises ou Hayek e, mais tarde, por Rothbard e Hans-Hermann Hoppe. Enfim, encontrei a lógica que busquei a vida toda, na ética libertária, nos fundamentos que criaram o Bitcoin”, contou Fiuza.

Ela ainda contou um episódio que ocorreu na escola quando criança, que pode ter dado início à sua visão libertária, ainda que subconscientemente:

“Quando eu era bem criança, nos anos 70, adorava álbuns de figurinhas. O problema era que o preço delas sempre aumentava, me causando revolta e incompreensão. Não me parecia justo. De fato, não era. 

No colégio, meu professor, explicando a crise do café na década de 30, disse: Vocês sabem que no capitalismo, às vezes, é preciso queimar mercadoria para garantir o seu preço mínimo? Eu levantei a mão e disse: Não sei, não. Isso não faz o menor sentido pra mim. Ele mandou eu estudar economia e encerrou a questão”.

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