É o fim do Eth2… pelo menos da sua terminologia. A Fundação Ethereum publicou na segunda-feira (24) um artigo que sugere a substituição do termo que, segundo eles, gera um “modelo mental confuso” que impede novos investidores de entender como o Ethereum funciona atualmente e como o ecossistema será no futuro.
Até então, Ethereum 2.0, ou eth2, contemplava o conjunto de mudanças implementadas na plataforma para que ela abandone o atual mecanismo de consenso de prova de trabalho (PoW) e adote a prova de participação (PoS).
Após a grande fusão (merge) prevista para acontecer neste ano, o Ethereum vai abandonar a mineração tradicional. Em troca, os validadores ganham a chance de adicionar blocos na rede ao bloquear parte de seu ether no protocolo.
Eth2, portanto, significava essa nova versão do Ethereum. Agora, a Fundação Ethereum, uma organização sem fins lucrativos dedicada a apoiar o ecossistema da criptomoeda e seus desenvolvedores, pede que Eth2 passe a ser chamado apenas de camada de consenso (consensus layer), e Eth1, de camada de execução (execution layer).
Eth1 → camada de execução
Eth2 → camada de consenso
Camada de execução + camada de consenso = Ethereum
Por que o abandonar o termo “Eth2”
De acordo com a fundação, o termo Eth2 deve ser eliminado por um conjunto de razões, que vão desde evitar modelos mentais incorretos entre os participantes da rede, até prevenir golpes e confusões no mecanismo de staking.
“Um grande problema com a marca Eth2 é que ela cria um modelo mental quebrado para novos usuários do Ethereum. Eles intuitivamente pensam que Eth1 vem primeiro e Eth2 vem depois. Ou que Eth1 deixa de existir uma vez que Eth2 existe. Nada disso é verdade. Ao remover a terminologia Eth2, evitamos que todos os futuros usuários naveguem nesse modelo mental confuso”, explica a publicação.
Segundo a fundação, os principais desenvolvedores pararam de usar a terminologia no final de 2021. A partir desta semana, o ethereum.org passa a adotar a mesma mudança conforme descrito no roadmap do primeiro trimestre de 2022.
O “Ethereum 2.0” passou a ser usado em 2018 como um grande guarda-chuva que contemplava os planos de projeto de migrar para a prova de participação e aumentar a escalabilidade da rede de maneira descentralizada, com soluções como o mecanismo de sharding (fragmentação).
Porém, à medida que o Ethereum evoluiu e ficou claro que essas atualizações demorariam muito mais para sair do papel do que o previsto, o Ethereum 2.0 se tornou uma representação imprecisa do roadmap do protocolo, segundo a fundação.
Eles explicam que o termo também passou a ser usado de forma incorreta. Por exemplo, atores mal-intencionados tentaram se aproveitar das mudanças para enganar investidores, dizendo-lhes que seria preciso trocar seu ether comum por tokens ‘ETH2’ antes da nova versão do Ethereum.
Até empresas respeitadas no setor entraram no meio dessa confusão de terminologias. A Coinbase, maior corretora de criptomoedas dos EUA, pegou a comunidade cripto de surpresa em dezembro ao passar a rastrear o preço do ETH2, para representar o ether em staking.
A adoção do termo, no entanto, foi criticada pela fundação. “Isso cria uma confusão potencial, uma vez que os usuários desses serviços não estão realmente recebendo um token ‘ETH2’. Não existe nenhum token ‘ETH2’; ele simplesmente representa sua participação no stake desse fornecedor específico”, aponta.
Por fim, a Fundação Ethereum afirma que a mudança na nomenclatura não afeta de qualquer forma o protocolo, que continuará seguindo os planos futuros de desenvolvimento da criptomoeda.